O Mistério de Madeleine McCann

Madeleine foi transformada em um produto, cujos lucros tinham que ser mantidos

Thaina Reis

Madeleine McCann desapareceu no dia 03 de maio de 2007, quando passava as férias na Praia da Luz em Portugal. Seus pais, Kate e Garry McCann – ambos médicos –, e seus dois irmãos, estavam todos hospedados em um resort a poucos metros de onde os pais e amigos jantavam regularmente. Na noite do crime, os adultos saíram para jantar como de costume, e, a cada 20 minutos, olhavam as crianças. Ao menos, essa é a versão contada pelos pais. Durante um desses intervalos, a menina conhecida como Maddie sumiu e nunca foi encontrada.

O caso dos McCann teve repercussão mundial. Os médicos renomados chamaram a atenção da imprensa pelas inúmeras viagens que fizeram, incluindo visitas ao papa e saídas com um jatinho particular. Com a influência que tinham levaram o caso a público, já que, em suas concepções, quanto mais pessoas soubessem, mais ajuda teriam nas buscas. O desaparecimento de Madeleine em Portugal atraiu a atenção dos media devido à controvérsia gerada entre os investigadores portugueses e os pais da menina. A cobertura da imprensa portuguesa revelou muitas informações policiais sobre a investigação ao longo do caso, mas ninguém sabe seu grau de veracidade, principalmente diante dos vários dados publicados em Portugal e em outros países, que, no fim, foram dados como falsos.

A Netflix produziu uma série documental sobre o crime. Entre as hipóteses levantadas no documentário, estão: o rapto de Maddie por um grupo de traficantes de crianças a pedido de um pedófilo, e que ela estaria viva; que teria sido assassinada por um abusador sexual; e até que os pais a teriam matado acidentalmente após darem a ela remédio para dormir, e, depois, ocultaram seu corpo.

Durante a investigação, as hipóteses viraram grandes manchetes sensacionalistas tanto em Portugal quanto na Inglaterra. Baseadas em suposições, muitas teorias surgiram, e, de acordo com fontes, a imprensa portuguesa apontou que os pais eram suspeitos, já que exibiam um comportamento frio e calculista em frente às câmeras. Assim, foram de vítimas à culpados em questão de segundos, o que paralisou inclusive as buscas pela menina. E não para por aí: a imprensa portuguesa publicou trechos do diário particular de Kate McCann, onde ela conta que se sentiu totalmente violada com a intromissão da mídia.

Um vizinho do resort e um técnico em informática também sofreram as consequências da má condução da investigação policial e abordagem da mídia, sendo acusados de abusadores e pedófilos, o que nunca foi provado. Na época, Gerry McCann afirmou que algum tipo de controle sobre os jornalistas deve ser implementado, porque os jornais teriam o “potencial para arruinar a vida das pessoas”. Ele ainda criticou o modo como a imprensa pressionou os jornalistas a escreverem sobre o caso de Maddie, mesmo quando não havia nenhuma informação nova sobre seu desaparecimento. Para o pai, Madeleine foi transformada em um produto, cujos lucros tinham que ser mantidos. De acordo com o jornal inglês Daily Mail, foram gastos cerca de 48 milhões de reais nas buscas.

O crime está há doze anos sem solução. Em março deste ano, o caso foi dado como encerrado por falta de verba, entretanto, no dia 05 de junho, o governo britânico disse que vai financiar mais um ano de investigações. As teorias geram discussões até hoje sobre o que aconteceu com Madeleine McCann. Após centenas de interrogatórios realizados, críticas à postura da imprensa na época e muitas suspeitas sobre os pais, o mistério continua, e a mídia britânica não irá parar de falar sobre isso tão cedo.

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