Aos olhos da mídia sempre há um vencedor
- 26 de abril de 2017
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- Thamires Mattos
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Entre acusações, a mídia nacional e internacional se posicionou: não está dizendo com todas as palavras que é direitista, mas também não apoia a esquerda
Ariany Nascimento
O ano de 2016 foi um ano de incertezas políticas para o Brasil. Notícias que acompanhavam o processo de impeachment da ex-presidente, Dilma Rousseff, tomavam seu pódio de importância nas capas das revistas e nas primeiras páginas dos jornais e portais de notícia. O mundo inteiro seguiu cada detalhe do processo, e as redes sociais se encheram de comentários com opiniões diversas. O país ficou dividido: direita versus esquerda. A grande maioria dos jornais estrangeiros como El Pais e The Washington Post se posicionaram contra o impeachment, o que automaticamente os colocou no time da esquerda. Já a mídia brasileira decidiu apoiar a retirada da presidente do poder. Quando o vencedor foi decidido, as grandes mídias estrangeiras reclamaram enquanto os Libaneses (país de origem dos familiares do atual presidente Michel Temer), juntamente com a maioria dos brasileiros, celebraram a vitória direitista.
No entanto, o Brasil não foi o único país que enfrentou um 2016 turbulento. Os Estados Unidos sofreram com a divisão do país entre Trump (conservador) e Clinton (liberal). Na Europa, a direita extremo começou a ganhar poder. O Iraque, Coréia do Norte e a Síria continuaram a batalha, e países como Coréia do Sul e Venezuela que sempre escaparam com excelência do radar das mídias estrangeiras foram trazidos à tona neste ano. O grande causador dessas crises políticas é o mesmo: oposição da população ao atual governo no poder.
Em toda guerra existem dois lados, e a mídia, cujo objetivo é ser imparcial, revelando os dois lados da questão sendo tratada, em muitas matérias, não conseguiu esconder a opinião partidária. Durante as eleições dos Estados Unidos, jornais renomados como Huffington Post e o The New Yorker se juntaram à onda do portal Buzfeed com vídeos e memes que expunham os defeitos de Donald Trump. Os títulos das matérias e as colunas não deixavam passar oportunidades para desmoralizar o atual presidente eleito dos Estados Unidos. Não tem como ignorar a ascensão dos governos de direita que se estende pelo mundo desde 2016. Os jornais, as revistas, os rádios, os programas de televisão e, principalmente, as redes sociais digitais estão trazendo à tona o que, para muitos, é um retrocesso político. Com Holanda, Alemanha e França indo às urnas neste primeiro semestre de 2017, as pesquisas antecipam a maior vitória dos direitistas desde a Segunda Guerra Mundial.
Ainda há controvérsias midiáticas em relação a oposição à direita Americana, Holandesa e Francesa. No entanto, não importa o veículo de comunicação, desde o Estadão ao El País e BBC, quando o assunto é Coréia do Norte, a resistência da mídia é quase certa. A revista Time descreveu o país comunista como uma ameaça ao se pronunciar a respeito das bombas nucleares que o líder Coreano gosta de ostentar. Já está evidente que a Coréia do Norte não pretende mudar de posicionamento no governo com muita pressa. Pelo contrário, as decisões do líder Kim Jong-un a respeito do assassinato do seu irmão mais novo Kim Jong-nam mostrou que o pensamento de mudança na forma em que lidera o seu país não está em cogitação.
Recentemente, a Venezuela se tornou destaque nas mídias estrangeiras. A ascensão da pobreza, violência e precariedade na área de saúde fez com que os dedos acusatórios dos veículos de comunicação se voltassem ao atual presidente venezuelano Nicolás Maduro. O fato é que a Venezuela se encontra fracionada (como a grande maioria dos países atualmente). Os Chavistas (apoiadores do ex-presidente Hugo Chaves) e a oposição que reconhece que o governo Chavista já não está apresentando eficácia como um dia apresentou. Diante do atual estado da nação, Estadão, El País e The New York Times trabalharam relatos de Venezuelanos que estão sofrendo com a crise política e econômica vigente do país. A mídia notoriamente apontou que a maioria deseja uma alteraçãodo atual governo.
Enquanto as direitas do mundo afirmam que as esquerdas sempre estiveram erradas e predispostas a erros, as esquerdas protestam culpando seus opositores de todos os males que o domínio capitalista extrema produziu nos ultimos 50 anos. Fato é que, entre acusões, midia nacional e internacional se posiciona. Tristemente, sem colaborar para o esclarecimento e reflexão que deveria acontecer com o cidadão comum. Os jornais mostram que a crise é real e a oposição também. Os países sofrem; a população sofre, mas parece que jamais haverá um vencedor entre os lados.