500 “metros quadrados” de pura audiência
- 29 de agosto de 2016
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- Thamires Mattos
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Intensos de cobertura, uma equipe de mais de 2 mil pessoas, tentando mostrar todos os detalhes das competições e de limpar a barra do Rio de Janeiro perante o mundo
Luciana Ferreira
Imponente como sempre, a potência da comunicação brasileira, Globo, arrumou as malas e aterrissou no Parque Olímpico do Rio 2016 fazendo do lugar sua casa. O estúdio panorâmico de 500m² construído no local dos jogos iniciou suas atividades no dia 31 de julho. São três andares que abrigaram as equipes da SporTV e Globo, além de receber convidados especiais para diversas atividades interativas. De lá, foram transmitidos ao vivo os programas Esporte Espetacular e Fantástico. Quem estava acostumado a assistir o plim-plim do Jornal Nacional com o seu famoso âncora no tradicional estúdio, teve que se acostumar a ver o telejornal ser apresentado diretamente do estúdio olímpico, bem como os demais telejornais nacionais da emissora.
A empresa brasileira, velha conhecida nas transmissões anteriores dos Jogos Olímpicos, em 2016 teve a honra de estar em casa e ainda ser a patrocinadora oficial do evento. A planta para construção do estúdio teve interferência direta da emissora, que opinou inclusive no posicionamento das árvores que circundam o prédio. Informação divulgada em matéria do dia 14 de junho o site Uol.com. E os mimos não param por aí! Além de livre acesso como mídia, a Globo pode transitar livremente no Parque Olímpico desfilando com diversos convidados nas imediações do evento.
Em entrevista a Uol, o diretor-executivo de esportes da Globo, João Pedro Paes Leme destacou a grandiosidade da construção, que segundo ele é “tecnológica, interativa e estrategicamente localizada”. “É a casa da Globo, no coração da Olimpíadas. Estamos prontos para levar as informações de uma forma dinâmica para o público”, afirmou o profissional.
O estúdio foi construído ao lado das Arenas Cariocas no parque. Locais que receberam competições de diversas lutas, como judô e taekwondo, além de basquete e esgrima. O interessante é que a esgrima estava tão próxima em questão de espaço, porém, distante no quesito cobertura. Mesmo tendo cerca de 15 competidores brasileiros, as competições de esgrima não tiveram destaque na programação da Globo. Motivo? Talvez os brasileiros desconheçam a modalidade, não gostem do esporte. Mas qual o motivo desse desgosto? Tendo todo o poder de convencimento nas mãos, porque a grande mídia não divulga o esporte? Lucro! Provavelmente. Talvez seja a teoria do Agenda Setting entrando em cena mais uma vez.
Em contrapartida, futebol, vôlei de quadra e areia, ginástica artística, o basquete, embora de maneira ainda tímida, natação e algumas lutas que tinham brasileiros nas finais, roubaram a cena nas transmissões em TV aberta. Em todas as transmissões da Globo se nota a “paixão” pelo futebol. Até mesmo nas declarações acaloradas do famoso locutor Galvão Bueno, que pode narrar qualquer jogo, todavia, em nenhum demonstrará tamanha euforia como no futebol de Neymar e, agora, de Marta.
Mas como versatilidade parece ser um dos pontos da emissora, para adeptos de esportes não tão divulgados no Brasil, a Globo Play disponibilizou finais importantes de competições como handebol, ciclismo, polo aquático, maratona, entre outros. Famosos competidores estrangeiros, como Bolt, Phelps, ganharam destaque no tapete vermelho da cobertura. Em uma rápida navegada pela página da Globo Play é possível encontrar mais de 15 notícias falando sobre as estrelas do esporte e suas conquistas.
Os competidores brasileiros, seja em grupo ou solo, obviamente, não perderam seu espaço. Além da cobertura integral da SporTv e da Globo Play, diversas entradas ao vivo foram feitas durante a grade de programação da Globo na TV aberta. Interrompendo, inclusive programas famosos como da consagrada jornalista Fátima Bernardes e alterando a estrutura de velhos ícones da TV brasileira, como o Jornal Nacional. Sem dúvidas a emissora respirou Olímpiadas nesse período e levou o melhor de alguns esportes para o público geral.
Para os amantes da escrita ou ainda impacientes ou sem tempo para TV, o grupo disponibilizou informações diariamente por meio do G1.com. O site abarcou uma gama de notícias, desde informações específicas dos jogos, até questão de mobilidade no Rio de Janeiro, cambistas, assaltos, acidentes, atletas com H1N1, jogadores estrangeiros que forjaram assalto, dentre outras dezenas de temas que envolvem os jogos olímpicos. Neste quesito, bem eclética, por sinal!
Enfim, foram 22 dias intensos de cobertura da maior festa esportiva do mundo. Praticamente 24 horas no ar, com uma equipe de mais de 2 mil pessoas, cuidou de mostrar todos os detalhes das competições e de limpar a barra do Rio de Janeiro perante o mundo. Programação diversifica? Na TV aberta talvez nem tanto, mas nos canais fechado – de acesso limitado para a maioria da população – sim. Imparcialidade? Possivelmente não. O que se pode afirmar é que a cobertura pós-olimpíadas ainda não chegou ao fim. E as pautas são as mais diversas. Retrospectiva, fila em aeroportos, legado do evento, erros e acertos da organização e por aí vai…. Ah, e quanto ao suntuoso estúdio de 500m² construído no Parque Olímpico, ele já está sendo destruído!