O que a Amazônia diz sobre o brasileiro
- 30 de setembro de 2019
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- Thamires Mattos
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A Deutsche Welle (DW), rede de comunicação estatal alemã, dedicou grande espaço de seu portal em português para as queimadas na floresta tropical
Gabriel Dias
A Amazônia é constantemente pautada pela mídia devido a dados alarmantes sobre queimadas e desmatamentos que ela sofreu nesse ano. De acordo com o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), já foram registrados 45256 focos de incêndio na maior floresta tropical do mundo até o início de setembro. Esse número é um terço maior em comparação ao mesmo período do ano passado, e é o maior registrado desde 2010.
A Deutsche Welle (DW), rede de comunicação estatal alemã, dedicou grande espaço de seu portal em português para a questão. Por semana, publica ao menos quinze notícias sobre o assunto. Desde o início de setembro, foram cerca de quarenta matérias relacionadas à Amazônia.
Ela mostra uma gama de problemas que as queimadas causam. Entre eles, estão prejuízos à saúde dos rondonienses, assim como a fraqueza do solo provocada pelos incêndios, perdendo a utilidade com o passar do tempo. A DW também abre espaço para falar sobre o desmatamento que, junto às queimadas, é uma etapa criminosa que afeta a floreta todos os dias. O caso da Floresta Nacional de Bom Futuro é destacado, já que, de 1988 (sua criação) à 2010, tinha reduzido quase três vezes a sua área original.
Como a DW não tem uma redação tão forte no Brasil, os textos opinativos são predominantes em seu portal. Ao observar as notícias de lá, percebe-se a visão da imprensa alemã sobre as queimadas. Seus conteúdos geralmente trazem um viés político das queimadas, fazendo constantes críticas à Bolsonaro e sua administração. Em um dos conteúdos, encontramos a seguinte declaração: “Em resposta aos incêndios na Amazônia, o presidente Jair Bolsonaro anunciou um decreto proibindo queimadas em todo o Brasil, por 60 dias. Um dia depois, porém, Bolsonaro voltou atrás e autorizou a prática em regiões que estão fora da Amazônia Legal”.
Apesar de ter um posicionamento mais alinhado à Direita (como a chanceler alemã Angela Merkel), as medidas conservadoras de Bolsonaro não são aprovadas pela DW: “Frequentemente o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, é comparado a Donald Trump. Isso é injusto porque, ao lado do brasileiro, o presidente americano parece um cavalheiro”, explicou artigo publicado no site.
Apesar de ser inicialmente feita para programas de rádio, a Deutsche Welle expandiu, e, hoje, é a décima maior emissora do mundo. Portanto, sua discórdia e a grande representatividade do Brasil em suas publicações se tornam mais relevantes, e mostram o que o mundo – ou, ao menos, o público geral alemão – pensa de nós.