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Respeitem os mortos

  • 2 de junho de 2021
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  • Posted in Editorial
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Morte faz parte dos critérios de jornalismo
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Theillyson Lima

O jornalismo aborda diversos temas interessantes, como cultura, economia, política, educação e esporte. Por mais que não seja um tema chamativo ou gostoso de ser abordado, as mortes também estão presentes de forma constante nos veículos de notícia, assim como fazem parte do nosso dia a dia. 

A presença desse tipo de informação é comum, pois o valor-notícia da morte é inquestionável. Afinal, ela é o rompimento de algo que está em vida e, na maioria dos casos, traz uma ruptura inesperada. De acordo com o teórico e jornalista Nelson Traquina, “a ruptura da ‘normalidade’ consegue um lugar de referência do mundo das notícias”. 

Isso explica a longa história da morte nos veículos noticiosos, que desde meados do século XVI já publicavam obituários, evidenciando o interesse do jornalismo nesse contexto. Ainda que o falecimento de alguém seja de fato uma notícia relevante, não há espaço para que todos sejam noticiados. Caso todos os casos fossem noticiados, não teríamos espaço para outros assuntos, visto que somente em 2020 morreram 1,4 milhão de brasileiros.  

É nesse contexto que começamos a refletir sobre o posicionamento da mídia diante das mortes. Quando é preciso notificá-las? O que deve ser explorado? Quanto vale a pena procurar o furo jornalístico nesses casos? Quais pautas são relevantes nesse momento? Esses e alguns outros questionamentos guiaram os conteúdos desta edição do Canal da Imprensa. 

O que já seria um questionamento relevante em “tempos normais” se torna ainda mais próximo diante da crise sanitária que estamos vivendo. O número excessivamente alto de vítimas da Covid-19 também traz o sentimento de anestesia diante de tantas perdas, sendo que o que assustava no começo, já não apresenta o mesmo efeito sobre nós. 

Durante o contato com um número elevado de mortes, é possível que o jornalista também fique anestesiado. “Morreu somente uma pessoa? Isso não é relevante”. Essa é uma frase bastante comum em redações espalhadas pelo Brasil e pelo mundo. De fato, nem toda morte é noticiável, mas é preciso tomar cuidado para não tratar esse tema como algo rotineiro, comum e ordinário. 

Toda morte, seja ela de um famoso, de uma pessoa comum ou de um grupo distante, traz um significado muito profundo para alguém. São os familiares, os amigos, os colegas de trabalho, as pessoas que são influenciadas pelo falecido, dentre outros grupos que se compadecem com a dor do próximo. 

Além disso, alguns casos marcantes, como do apresentador Augusto Liberato, o Gugu, e do humorista Paulo Gustavo, trouxeram alguns questionamentos em nossa redação. A pressa por anunciar a morte e a constante cobertura invasiva nesses casos, geraram um incômodo em nossa equipe. Será que esse é o melhor caminho para uma cobertura jornalística?

Uma resposta definitiva e taxativa sobre o assunto talvez não seja a melhor solução. Mas o equilíbrio é uma boa medida para que as fronteiras familiares e hospitalares não sejam ultrapassadas pela simples vontade de ser o primeiro a noticiar determinada morte. 

O jornalismo sério deve sempre prezar pela cobertura respeitosa e honrosa das mortes, sejam elas de famosos, políticos ou desconhecidos. Além da nossa atividade no jornalismo, precisamos cuidar para que esse tema tão delicado não se torne apenas mais uma pauta tratada com frieza ou como fonte de tráfego e views.

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