Vacinas: A grande “ameaça” para a sociedade
- 17 de junho de 2019
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- Thamires Mattos
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Ao ir contra a “mídia tradicional”, grupos de Facebook criam mais confusão e fomentam a ignorância
Vitória Ribeiro
De todas as teorias da conspiração que eu já ouvi falar, o movimento antivacina é o que menos entendo. Analisei um grupo antivacina no Facebook para tentar, de alguma maneira, compreender quais são os argumentos utilizados.
O primeiro grupo que encontrei ao buscar “contra vacinas” no Facebook se diz debater os prós e contras, mas, na verdade, só encontrei publicações em oposição à vacinação. Um dos primeiros posts que vi foi uma citação do médico Robert Rowen, feita pelo moderador do grupo: “Existem estudos mostrando que há uma epidemia em crescimento de alergias, asma e eczema em crianças vacinadas. Diabetes é também associada com certas vacinas. Autismo, quase sempre acontece após vacinação… Por estas razões, eu encorajo os pais a não vacinaram seus filhos. Eu não chamo a vacinação de imunização, porque a única real forma de imunização é obtendo a doença naturalmente”. Quando li, me perguntei: que diabos essas universidades de medicina estão ensinando para os alunos?! Em quais pesquisas e estudos esses médicos se baseiam para afirmar uma coisa que, na minha opinião, é tão ilógica?
Lendo mais alguns posts do grupo, encontrei mães com várias dúvidas, como: “Sou mãe de primeira viagem. Devo ou não dar as vacinas que estão no plano nacional de saúde?” Nos comentários, vários pais contavam suas experiências com seus filhos, e apresentavam argumentos contra a vacinação de recém-nascidos. No entanto, sempre frisavam que a escolha deveria ser da mãe. Realmente, as escolhas são inteiramente da mãe e nada nem ninguém deve ou deveria interferir; mas, como uma mãe de primeira viagem não se deixaria levar por argumentos aparentemente tão “bem embasados” como aqueles? Imagino a confusão na mente daquelas que, inocentemente, foram tirar dúvidas: vacinar meu/minha filho/a e deixá-lo/a correr o risco de desenvolver um grau de autismo ou até morrer por rejeição do corpo à vacina, ou não vaciná-lo/a e correr o risco de contrair uma? E, novamente, pergunto: em que pesquisas todos esses fatos apresentados para aquela mãe foram baseados?
Enquanto observava mais algumas publicações no grupo de “prós e contras”, me deparei com uma publicação compartilhada de outro grupo: “VACINAS: O maior CRIME da história!” Assim mesmo, com as palavras em caixa alta e com exclamação no final para dar bastante ênfase. Esse grupo aparenta ser mais radical. Eles defendem o fim da obrigatoriedade das vacinas. Possuem até um abaixo assinado para o fim da vacinação obrigatória, com 1207 signatários.
Na petição, eles declaram que, “Ao contrário do que diz a mídia tradicional, as ‘vacinas’ não erradicaram doenças, não salvaram vidas, não trouxeram qualquer benefício para a humanidade. Toda a história oficial sobre as vacinas é mentira!” Ainda na visão do grupo, as vacinas, na verdade, são poções químicas venenosas que servem como uma forma que o sistema médico farmacêutico possui para lucrar. Um dos motivos apresentados por ambos os grupos para a proibição da vacina foi o desenvolvimento do autismo, e aí que entramos em outra questão: a forma como eles tratam o autismo. Crianças autistas não são abomináveis!
Para ser sincera, comecei essa análise entendo pouco sobre o movimento. Agora, parece que sei menos ainda. Nenhum dos argumentos apresentados para não ser a favor da vacinação me convenceram. Lembro que um relatório divulgado pela Organização Mundial da Saúde coloca o movimento antivacina entre as dez ameaças à saúde em 2019. Caso você seja uma dessas pessoas que acredita piamente que a vacinação é um método do governo para exterminar a raça humana, sugiro que leia matérias sobre o caso – em portais confiáveis, e não em grupos de redes sociais – e converse com seu médico. Por fim, concluo que a teoria da conspiração que diz que Michael Jackson está vivo tem mais argumentos e provas do que a que diz que a vacina é o maior crime da história.