Uma chance à Estrutura de Poder
- 15 de maio de 2018
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- Thamires Mattos
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Ao olhar para trás talvez seja possível entender como nossos antepassados podem ajudar a olhar para frente
Thamiris Senis
Tire alguns minutos para pensar em um mundo sem leis, um lugar onde todos têm a real liberdade. Pode parecer um caos, realmente seria. O ser humano já demonstrou por diversas vezes que necessita de estruturas de poder. Carregamos em nós um jeito dependente, o ser está sempre em busca de algo para servir, seja isso um sentimento, uma ideia e até mesmo outra pessoa.
E neste momento você pode pensar que muitas estruturas de poder também trouxeram caos e destruição, mas isso é fácil de explicar. Inúmeras vezes se repete o famoso bordão “não somos perfeitos”. E é isso mesmo. O ser humano não é nem de longe um ser perfeito. Se você é cristão sabe que com a entrada do pecado no mundo a perfeição se dissipou, agora se você não segue religião ou tão pouco acredita em Deus, entende que é preciso apenas olhar para o cenário atual e ver que talvez esta seja a era de não evolução do homem. E ambos, crentes e descrentes, tendem a perder a fé na humanidade.
Incas, Maias, Astecas, Atenienses, Espartanos, Gregos e Troianos, é possível que em algum momento você tenha ouvido falar dessas civilizações antigas, com estruturas de poder que servem de estudo até hoje. Povos que mostraram estar sempre à frente de seu tempo, com sistemas hierárquicos que ao longo do tempo se mostraram corrompidos. Historiadores afirmam que, no começo, essas estruturas de poder eram boas e funcionavam bem. Só que, infelizmente, quanto mais forte é o poder, quando ele se tornar um sistema, provavelmente será o mais corrompido. Por isso, não venho defender tais estruturas, venho destacar que elas sempre existiram, e sempre vão existir, pois somos dependentes das mesmas.
Um exemplo disso são os Xavantes. Até hoje eles tentam viver como antigamente, sua hierarquia é quase inexistente, o Pajé é apenas um sábio que pode aconselhar e mostrar o caminho mais correto e também é a figura responsável por conhecer os efeitos medicinais das ervas. O Cacique tem sua autoridade, mas nada comparado a um ditador. Os demais são guerreiros ou provedores. Nenhum é menos ou mais, estão todos no mesmo nível e certamente essa estrutura durará para sempre. Nada impede o Cacique de lutar, pescar ou caçar, aliás, ele é o exemplo para a tribo.
Na literatura antropológica, os Xavantes são conhecidos principalmente por sua organização social de tipo dualista, ou seja, trata-se de uma sociedade em que a vida e o pensamento de seus membros estão constantemente permeados por um princípio dual, que organiza sua percepção do mundo, da natureza, da sociedade e do próprio cosmos como estando permanentemente divididos em metades opostas e complementares.
Os Xavantes são reservadose, durante muito tempo foram conhecidos por seu temperamento difícil, não é por menos que já foram considerados “índios de guerra”. Eles são orgulhosos e por isso não abrem mão de suas culturas, costumes e raízes. Quem sabe seja isso que nos difere. Continuadamente a nossa estrutura de poder perde sua essência, e acaba tomando proporções maiores as quais não se pode controlar.
Pensar em estruturas de poder como algo fadado ao fracasso mostra falta de fé na humanidade. Sim, é possível que estejamos prosseguindo por esse caminho, mas mostrar falta de esperança não resolve os problemas mais dramáticos do planeta. Ao fim o que nos resta senão a esperança e a fé, estejam elas firmadas em qualquer propósito?