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Um espetáculo para adultos mal resolvidos

  • 3 de setembro de 2025
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  • Theillyson Lima
  • Posted in Análises
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A adultização é produto do público que assiste, comenta e mantém o show vivo.

Vefiola Shaka

A timeline das redes sociais ultimamente está marcada por imagens de crianças com corpo de adulto e adultos com cérebro de criança. Não é uma novidade, mas vale ressaltar que há um grande público que consome, várias marcas que patrocinam, e o algoritmo que potencializa cada clique.

Recentemente, o youtuber Felca destacou em um vídeo casos de adolescentes que, ao viralizarem, passaram a ser tratados como adultos nas redes sociais. Essa denúncia postada pelo influenciador chegou até as autoridades e, se tornou um projeto de lei aprovado. Agora é uma questão de tempo para a proposta ser aprovada pelo presidente Lula. Embora episódios isolados, eles representam um padrão recorrente. 

E quem assiste? 

Sempre tem alguém atrás da tela do celular. O público se indigna no discurso, mas compartilha no privado; ri, comenta, dá like ou manda nos grupos de Telegram. Esse tipo de consumo é embalado em moralismo. Todo mundo aponta o dedo, mas ninguém fecha a aba, e assim ninguém nunca é culpado para reagir aos stories de uma adolecente de 12 anos. 

As plataformas digitais tem noção do que está acontecendo. Instagram, TikTok, X e muitos outros aplicativos não são culpados inocentes, mas às vezes eles são vitrine de produtos. O ciclo é previsível: público consome, algoritmo entrega, novos conteúdos surgem. 

Pais ou haters?

Tudo começa quando meninas e meninos (vale a pena mencionar meninos, porque eles também fazem parte de muitos casos extremos) passam pela fase da puberdade. Seus corpos começam a se desenvolver e muitos olhares curiosos começam a vê-los de uma forma diferente (perversa). As crianças ficam felizes quando são diferentes, então os adultos as veem, mas elas não têm a lógica cognitiva para entender isso. E elas não deveriam ter isso, quem deveria ter lógica cognitiva são seus pais, que deveriam ter cuidado. 

Muitos pais se aproveitam dessa oportunidade e, posando apenas como “interessados nos hobbies de seus filhos”, postam atividades inocentes destes menores de idade que possuem subtextos sexualizados aos olhos de outros adultos. A lógica de tudo isso é muito simples: é melhor expor a criança nas redes sociais do que recorrer a outros meios ilícitos para ganhar dinheiro nas ruas. Um pequeno detalhe é que o público é o mesmo, e continua a motivar crianças e responsáveis a produzirem mais conteúdo desse tipo, levando-as até a atos extremos.

O caso mais discutido nas redes sociais durante as últimas semanas é o de Kamylinha, uma jovem de 17 anos que foi “adotada” por Hytalo Santos quando tinha apenas 12 anos e se tornou uma figura de destaque no reality criado por ele. O “adotada” está assim, entre aspas, pois embora Hytalo fosse seu responsável legal, os pais da criança recebiam quantias mensais para que isso ocorresse. Isso desperta, no mínimo, uma desconfiança, pois lembra o crime de aliciamento de menores. Com o tempo, a jovem se tornou famosa nas redes sociais por suas danças ou por diversos vídeos que expunham seu corpo. A partir de curtidas, compartilhamentos e comentários, ela apareceu com um público extremamente curioso que a pressionou a fazer uma cirurgia plástica, motivando-a a colocar silicone.

No meio disso, jovens que ainda estão aprendendo a ser gente recebem a pressão de performar como adultos. A infância vira mercadoria, a adolescência, vitrine. Cada vídeo é mais um passo no processo de transformar uma fase de transição em espetáculo público com efeitos pesados na saúde mental de quem deveria apenas estar vivendo o próprio tempo.

Há um acontecimento que nada tem a ver com esta situação, mas sim com o poder que estes adultos têm nas redes sociais. Eles alimentam e mantêm vivos os mais diversos sentimentos. Uma notícia falsa sobre uma aproximação entre Whindersson Nunes e Jéssica Canedo, de 22 anos, e algumas conversas entre elas viralizaram num “site de notícias” e os comentários foram tão absurdos que a jovem, infelizmente, suicidou-se. Haverá sempre um público que não vê a hora de estas ocasiões serem alimentadas com conteúdo, mas também para desabafar os pensamentos mais absurdos.

Mal resolvidos

A culpa neste meio é sempre do sistema, nunca de quem comenta com risadinhas e coraçõezinhos. A adultização não é um acidente, é um show encenado para adultos mal resolvidos que nunca cresceram. E enquanto houver plateia, o espetáculo continua.

Plataformas digitais operam com algoritmos sofisticados, capazes de mapear interesses, segmentar públicos e potencializar conteúdos, como o próprio Felca demonstrou em seu vídeo. Depois disso teve até um projeto de lei aprovado para responsabilizar os pais dos jovens e também multar as empresas responsáveis.O que acontece com a pessoa daquela conta que fica falando: Ah, que menina linda, veja o teu dm (usando aquelas figurinhas típicas, rindo, coração e foguinho)? 

Não estamos diante de espaços ingênuos, mas de arenas de disputa pela atenção, nas quais a atenção é moeda e o choque e o tabu geram engajamento. O que parece espontâneo é, na verdade, produto calculado: cada like, cada comentário de assédio, e tudo isso se torna em uma indústria. Uma indústria na qual adultos mal resolvidos ficam expondo seus filhos para outros adultos mal resolvidos.

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