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São apenas crianças sem infância

  • 3 de setembro de 2025
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  • Theillyson Lima
  • Posted in Análises
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83% das crianças que acessam a internet no Brasil, possuem contas e perfis em redes sociais.

Késia Grigoletto

A criança sempre foi símbolo de pureza e inocência. Apesar de ser um grande clichê, a verdade é que, com o passar dos anos e o avanço tecnológico, as brincadeiras deram lugar às telas, as fantasias que representavam profissões foram substituídas por dancinhas que viralizam no TikTok e o telefone sem fio perdeu o seu lugar para mensagens motivacionais preconizadas por crianças e adolescentes.

No meio de tudo isso, o engajamento se tornou mais importante do que viver uma infância normal e, no fim, lucrar é o que realmente importa. A lógica que gera o funcionamento desse maquinário é simples: as plataformas digitais e redes sociais lucram com o aumento do tráfego e com o tempo de permanência online, as marcas e empresas alcançam uma maior visibilidade no mercado e entre um público cada vez mais jovem, e as famílias, por sua vez, dispõem na “carreira” digital dos filhos uma maneira de ascender socialmente. 

Vitrines de influenciadores mirins

Esse texto não possui a intenção de expressar algum juízo de valor sobre formas de educar, mas, de expor fatos. Quais são as chances de uma criança que é exposta à internet para ser coach, para falar de marketing digital e lucros, crescer saudável e ter um desenvolvimento normal ? 

Há marcas de cosméticos que colocam influenciadores mirins para promoverem seus produtos. Pode até parecer algo insignificante, mas há questões muito sérias envolvendo esse ponto: quando uma criança passa a representar uma marca de cosméticos, que tipo de mensagem ela está passando para outras crianças e adolescentes? Ao submeter uma criança ou adolescente à um padrão de beleza, o que se está dizendo para o mesmo? 

O ponto central, não é demonizar a internet ou condenar o ambiente das redes sociais. O centro de tudo isso está no fato da glamourização e normalização da adultização por parte da mídia e da sociedade como um todo. Quanto mais palco e visibilidade o conteúdo infantil adultizado ganhar, mais comum passa a ser essa inversão de valores e a se perder a infância. Com a precipitação da fase adulta, a criança é empurrada para um universo que não lhe é por direito. 

Os riscos e impactos disso são reais e sérios. Estudos comprovam que a maturidade cerebral completa, só é alcançada aos 25 anos de idade, a antecipação desse processo, pode gerar danos como, dificuldades na construção identitária, depressão, ansiedade e problemas de autoestima. No momento em que a infância se tornou uma vitrine, gerou-se uma maior vulnerabilidade.  

O papel familiar dentro desse espectro não é apenas relevante, mas essencial. Os maiores responsáveis e interessados na preservação da imagem e infância das crianças são os próprios pais, trocar a infância de um filho por dinheiro, engajamento e sucesso é ignorar as sérias consequências que podem ser sofridas a longo prazo. 

É claro que também existe uma parcela de culpa no tocante às plataformas digitais e marcas que exploram comercialmente esses influenciadores mirins em troca de lucro e visibilidade. Há quem diga que a história se repete e talvez seja verdade, porque a Revolução Industrial aconteceu à base da mão de obra barata que em sua grande maioria foi constituída por mulheres e crianças. A ausência de uma regulamentação eficiente e que previna abusos não é uma novidade para a sociedade. 

Se faz necessário reconhecer que cada compartilhamento, curtida ou comentário positivo fortalecem os ideais que tornam crianças em produtos de consumo. Ao consumir esse gênero de conteúdo, faz-se necessário o seguinte questionamento: Existe uma admiração dos talentos e habilidades infantis ou é apenas a colonização infantil que foi imposta pela cultura midiática vigente ? 

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