Rede Globo e a campanha do “sim”
- 18 de abril de 2019
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- Thamires Mattos
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Desde o referendo sobre o comércio de armas, a posição do maior conglomerado midiático do Brasil ficou marcada
Rebeca Queiroz
No ano de 2003, a Rede Globo participou da campanha a favor do Estatuto do Desarmamento, que foi popularmente chamada de “Sim”. Como forma de chamar a atenção da população e influenciá-la a ficar a favor do estatuto, utilizou figuras públicas para comerciais que foram constantes em seu canal aberto. A campanha foi considerada ineficiente pelos próprios idealizadores, pois, com a participação de artistas nas propagandas, a imagem recebida pelo público foi considerada superficial.
Com a ascensão do presidente Jair Bolsonaro ao poder, a Rede Globo começou a explicar novamente o Estatuto do Desarmamento em suas matérias e mencionar como o ex-militar aborda a questão. O intuito é deixar a discussão sobre o desarmamento ainda mais clara, assim como mostrar os métodos de persuasão do líder nacional – considerando a fama que o porte de armas adquiriu com as citações de Bolsonaro.
Ao se utilizar de estatísticas e gráficos para comprovar seu ponto de vista através das matérias, a Globo torna suas reportagens lúdicas. Em algumas matérias, a emissora mostra o benefício que o Estatuto acaba causando. No entanto, não esquece de frisar os pontos em que ele não funciona corretamente. Nesses casos, a presença de infográficos que apresentam o número de mortos por armas de fogo é pivotal.
Mesmo tendo o seu viés definido e explícito, a Rede Globo aborda o outro lado da moeda. Especialistas e políticos que são entrevistados e são a favor do porte de armas tem a sua voz ouvida devidamente e seu lado apresentado de maneira correta, mostrando tanto os pontos positivos como os negativos de diferentes opiniões.
As discussões geradas na emissora – principalmente de assuntos polêmicos como esse –, têm grande visibilidade. Por isso, as informações apresentadas sempre devem ser bem apuradas, e, as fontes, qualificadas. O jornalista Alexandre Garcia apresentava um programa na GloboNews até o ano passado, e seu foco era exatamente entrevistar especialistas que entendem do assunto para uma discussão. Em uma edição dedicada ao desarmamento, o repórter dá oportunidades de expressão igualitárias para representantes das duas principais vertentes de pensamento quanto ao assunto.
A emissora já foi mais evasiva pois deixava explícitos seus pensamentos, mas, nos últimos anos, sua postura se tornou mais nebulosa. Isso se dá pelo aumento de defensores do porte e posse de armas – tanto na população civil quanto nos representantes políticos. A Rede Globo vive em uma gangorra entre apelar às crenças da massa e às suas; que, na verdade, procuram se infiltrar na sociedade civil.