Peixonauta: o caso da animação educativa
- 25 de novembro de 2019
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- Thamires Mattos
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Atrativo, descontraído e leve, Peixonauta tem um roteiro excelente do ponto de vista socioeducativo
Ana Clara Silveira
O desenho “Peixonauta”, dirigido por Célia Catunda e Kiko Mistrorigo, tem origem brasileira, canadense e estadunidense. Com trama envolvente, comprova que alguns elementos simples podem desencadear uma série de ensinamentos para todas as idades. O personagem principal, Peixonauta, é um peixe que utiliza um traje típico para astronautas e, por conta disso, consegue voar e estar fora d’água. Agente secreto da O.S.T.R.A, a Organização Secreta para Total Recuperação Ambiental, recebe missões para serem solucionadas na companhia de Marina, uma menina esperta e criativa, e Zico, um macaco astuto.
No desenrolar da história, a menina curiosa sempre tem comportamento observador e respostas inteligentes, além de utilizar bem as dicas que costumeiramente a equipe recebe no início dos episódios. Já Zico demonstra insegurança e poucas ideias eficazes para solucionar os casos, porém, frequentemente está disposto a colaborar com as investigações.
A proposta da animação parte sempre de um problema relacionado a natureza. A série tem características que se repetem em todos os capítulos. Geralmente, os integrantes da O.S.T.R.A. recebem a POP, uma espécie de esfera que contém dois elementos que os levarão até a missão, logo ao início do desenho. Além desses personagens, outros são secundários na série, como o agente Chumbo Feliz, que direciona a equipe por meio de enigmas complexos. Após o enigma, os três amigos criam hipóteses até que possam unir as dicas do agente Chumbo Feliz e as pistas da POP. Só então conseguem ter respostas bem elaboradas, e, assim, comprovar o bom funcionamento do roteiro.
O desenho se mostra criativo e equilibrado. A aprendizagem – união entre saberes técnicos e vivência – acontece com sutileza e eficiência. Além disso, a mistura entre as características dos personagens contempla, em certo ponto, a diversidade tanto de raça, como de opiniões.
No geral, a didática utilizada pela animação remete a pontos de difusão dos conteúdos concretos indissociáveis da realidade social de quem assiste. Por conta disso, valoriza o saber científico, mas, também o torna um meio de transformação social, porque ao final de cada um dos episódios alia as informações já ditas com lições para a vida.
Outro ponto é que há uma forte influência do método dialético, principalmente no momento em que precisam descobrir qual a relação entre as dicas da POP e a investigação. Os agentes comumente buscam contrapor uma ideia para que outra nova e mais coerente surja. Vale acentuar que as explicações técnicas são simplificadas para que o público alvo – infantil – seja alcançado.
No aspecto visual e auditivo, as cores escolhidas são quentes e vivas; as músicas, alegres e tranquilas. Atrativo, descontraído e leve, o “Peixonauta” tem um roteiro excelente do ponto de vista socioeducativo. Ensina sobre animais, estações, fenômenos climáticos, relações humanas e outros aspectos com muita singularidade. Não se torna cansativo e prende a atenção por tempo indeterminado. Os protagonistas costumam dizer ao final dos casos: “Conseguimos!”. Sim, eles conseguiram. E não apenas solucionar problemas, mas, por meio deles, ensinar ao público.