Pátria armada
- 18 de abril de 2019
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- Thamires Mattos
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A Record não tenta mascarar sua posição
Eduardo Arantes
O debate sobre a mudança do Estatuto do Desarmamento está em alta no Brasil. Após vencer a eleição presidencial, Jair Messias Bolsonaro pretende flexibilizar o porte de armas de fogo para a população. Os meios de comunicação brasileiros têm mostrado, em sua maioria, qual lado estão defendendo sobre este assunto. Uma das maiores emissoras da TV aberta no país, a Rede Record, se posiciona a favor do desarmamento com o título de várias matérias em seu site, o R7.
O Estatuto do Desarmamento é uma forma política do controle de armas que entrou em vigor em outubro de 2003 durante o governo do ex-presidente Lula. Ele foi sancionado com o objetivo de reduzir a circulação de armas e estabelecer penas rigorosas para crimes como o porte ilegal e o contrabando. A regulamentação do estatuto ocorreu por meio de um decreto em 1º de junho de 2004.
O estatuto definiu novas regras – mais restritivas – para a compra e o porte de armas no país, bem como penas mais duras para o porte ilegal e a posse de armas não registradas. Dentre os principais requisitos do Estatuto estão: para o cidadão ter acesso ao armamento, é necessário ter acima de 25 anos, não ter antecedentes criminais, além de fazer cursos sobre como manejar uma arma.
A Rede Record é propriedade do bispo Edir Macedo, fundador da Igreja Universal do Reino de Deus, e segue como principal viés ideológico a direita – lado político do presidente do país, Jair Bolsonaro. Por isso, a Rede Record tem a simpatia deste, e consegue fazer diversas entrevistas exclusivas com o mandatário, diferente de suas concorrentes. Ao abrir o portal de notícias da emissora, é possível saber qual a sua posição sobre o desarmamento.
Como já era esperado devido a sua linha editorial, a Record acredita que a implantação do armamento para a sociedade civil é viável. Grande parte das matérias realizadas sobre o assunto têm um viés positivo em relação à mudança no Estatuto do Desarmamento. Um exemplo claro desta afirmação é uma reportagem feita no dia 23 de outubro de 2018, que explica que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, pretendia mudar o Estatuto até o fim do ano passado.
A Record também divulga entrevistas exclusivas com o atual presidente, Jair Bolsonaro, em que ele explica os principais projetos de mudanças na regulamentação do Estatuto, como por exemplo, quem pode ter o porte a essas armas e as burocracias que as pessoas devem passar para conseguir a posse de maneira legal. O que chama a atenção é que nem sempre a Record acaba concordando com o posicionamento do governo a respeito do desarmamento. Há algumas matérias em que jornalistas criticam e questionam a articulação dessas mudanças no Estatuto.
É importante ressaltar que, como apontado anteriormente, a Record é uma emissora que concorda publicamente com o espectro político da direita. Portanto, se beneficia em relação ao atual governo, já que, ao menos em parte, acredita nos ideais do presidente, além de ganhar respaldo dos políticos de direita do país. Afinal, jornalismo imparcial é ilusório.