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Os amigos da vizinhança cinematográfica

  • 16 de outubro de 2025
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  • Theillyson Lima
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Influencers transformam a paixão por super-heróis em entretenimento no YouTube.

Príscilla Melo

Se Nova Iorque tem seu amigo da vizinhança, os estúdios cinematográficos também têm, e a boa notícia, é que eles não precisam esconder sua verdadeira identidade do público, pelo contrário.

Antigamente os super-heróis habitavam somente nas páginas dos quadrinhos, mas com o passar do tempo, dominaram as telas do cinema e as redes sociais. Os influencers de cultura nerd se tornaram verdadeiras pontes entre as fábricas de cinema e o público. Muito além do que apenas comentar sobre filmes, eles foram responsáveis por criar debates, ditar tendências e até influenciar bilheterias. Mas antes de explorar o universo dos amantes de heróis, vamos primeiro entender as aranhas que os criaram.

O berço dos super-heróis

Fundada em 1939 por Martin Goodman, a Marvel Comics se destacou no mercado de quadrinhos ao criar personagens que retratavam conflitos humanos, como o Capitão América, criado em 1941 por Joe Simon e Jack Kirby, que simbolizava o patriotismo americano ao enfrentar o vilão nazista, Caveira Vermelha. Com Stan Lee como editor, a Marvel revolucionou o gênero ao apresentar ícones como o Homem-Aranha, o Homem de Ferro, o Hulk e os X-Men. Em 2008, a indústria entrou no mercado cinematográfico através do filme Homem de Ferro, com Robert Downey Jr. dando início ao Universo Cinematográfico Marvel (MCU), um projeto inovador com narrativas conectadas que se tornou uma das maiores bilheterias da história do cinema, atualmente sob comando da Disney.

A DC Comics, fundada na década de trinta por Malcolm Wheeler-Nicholson, iniciou sua trajetória nos quadrinhos em 1938, com a criação do Superman por Jerry Siegel e Joe Shuster. Apesar da queda de interesse por super-heróis após a Segunda Guerra Mundial, a editora se reergueu em 1960, com a Liga da Justiça da América. No cinema, a transição começou em 1978 com o filme Superman, de Christopher Reeve, seguido por Batman (1989), de Tim Burton. O estúdio consolidou o Universo Estendido DC em 2013, com O Homem de Aço estrelado por Henry Cavill, e em 2025 inaugurou uma nova fase sob a liderança de James Gunn, com o novo Superman.

Um novo ator entra em cena

Desde que essas indústrias surgiram, um público nichado mas muito fiel começou a consumir todo o tipo de conteúdo produzido por eles. Chamados pejorativamente de nerds, esses jovens eram em sua maioria introvertidos que trocavam a realidade pela fantasia que as HQs proporcionavam. Comumente interagiam com pessoas que também gostavam de super-heróis, formando assim comunidades de cultura geek. Além de ser uma válvula de escape, personagens representados como nerds nos quadrinhos, como o caso de Peter Parker, causaram identificação nas comunidades que se enxergavam no herói. 

Antes dos avanços tecnológicos, jornais e revistas eram os responsáveis pela crítica do cinema. Após o advento da internet, as comunidades de fãs migraram para os computadores criando blogs e sites nos quais faziam suas resenhas sobre os conteúdos das HQs e filmes. O surgimento da plataforma YouTube no ano de 2005 trouxe grandes transformações no mundo nerd, canais como Ei Nerd, Nerd Land, Jovem Nerd e Omelete emergiram levando a cultura geek a outro patamar.   

O novo lar dos nerds 

O Ei Nerd, conhecido hoje como um dos maiores canais de cultura pop e nerd da América Latina, foi criado por Peter Jordan em 2008, ainda nos primórdios do YouTube. De acordo com o que descreveu Peter, em um vídeo que conta a história do seu começo na plataforma, o canal bombou por ser algo ‘‘totalmente diferente daquilo que se tinha na época’’, apesar de haver youtubers contemporâneos do mesmo nicho. Segundo Jordan, o canal começou a disparar views e inscritos quando ele gravou a primeira análise do anime Dragon Ball. ‘‘Ali eu percebi o que era explodir’’, destaca.

Ao perceber que o público gostava desse tipo de abordagem, Jordan uniu o útil ao agradável. Ele que era fã heróis desde os 11 anos, começou a produzir conteúdo voltado para o cinema, dando uma atenção especial aos filmes de super-heróis, principalmente da Marvel, trazendo à tona seu conhecimento das HQs que consumiu na infância. E foi justamente isso que deu um boom extraordinário ao seu canal, que hoje conta com mais de 14 milhões de inscritos. Entre resenhas de filmes, reacts de trailers, teorias dos próximos lançamentos cinematográficos e tudo o que envolve o mundo dos herois, o Ei Nerd acumulou bilhões de views. Segundo Peter, ao falar sobre heróis da ficção, ele se tornou o herói da sua própria história.

Criado em 2002 por Alexandre Ottoni e Deive Pazos, o Jovem Nerd começou como um site voltado para cultura pop, tecnologia e humor, e se tornou um dos maiores fenômenos da internet brasileira. Já o canal no YouTube foi lançado em 2006, ampliando o alcance do site com vídeos sobre cinema, games, quadrinhos e ciência. A dupla, conhecida como “Nerd” e “Azaghal”, consolidou o sucesso com o podcast Nerdcast, que teve uma boa repercussão na internet. Ao longo dos anos, o Jovem Nerd construiu uma marca sólida, colaborando com estúdios e marcas, e em 2021 foi adquirido pela Magalu, marcando uma nova fase de expansão do universo nerd no Brasil.

Outro canal popular no nicho é o Nerd Land, criado por Gabriel Bernardo em 2014, e que conquistou seu espaço no YouTube ao abordar temas do universo geek, como super-heróis, quadrinhos, filmes e séries, especialmente do MCU. Nos primeiros anos do canal, se destacou com análises, rankings de personagens e comentários sobre novidades do mundo nerd, atraindo um público crescente. Atualmente o Nerd Land ultrapassou três milhões de inscritos, o que expandiu suas atividades com colaborações, participações em podcasts e novas séries de vídeos que exploram cenários alternativos, trailers e debates sobre cultura pop.

O que fazer quando se está longe de casa?

Apesar da era de ouro e do sucesso de filmes como Vingadores: Ultimato (2019), que faturou US$2,7 bilhões de dólares se consagrando como a segunda maior bilheteria da história do cinema, as fábricas de super-heróis estão em estado de decadência. Os números das bilheterias do segmento em 2025 mostraram o fracasso, ao revelar que pela primeira vez desde 2011, filmes de heróis ficaram abaixo de US$700 milhões de dólares. Mas o que mudou? Quem é o vilão que está matando os heróis pouco a pouco?

Podemos apontar inúmeros suspeitos, talvez seja o excesso de produções, quem sabe os roteiros previsíveis ou talvez o público só esteja saturado mesmo. Pode ser também que essa seja apenas mais uma fase ruim para a Marvel e a DC, como a que houve pós Segunda Guerra Mundial ou como as várias outras que houveram no caminho até aqui. Mas talvez esse possa ser realmente o fim. E a pergunta que fica é, o que vai acontecer com os influencers de super-heróis agora que as indústrias que os criaram estão em crise? Sobre o que vão falar se ninguém mais quiser saber de super-heróis? 

Todos são alvos

Por pior que possa parecer o cenário para os estúdios, os influencers não estão tão seguros assim. Observando o Ei Nerd, é perceptível que houve uma queda no número de views dos últimos vídeos do canal, ainda mais se comparado com a quantidade de acessos na época dos antigos sucessos. A seis anos atrás, quando Vingadores: Ultimato foi lançado, os vários vídeos de análises que Peter fez sobre o longa, tinham entre um a quatro milhões de visualizações e mais de 20 mil comentários. Em contraste a isso, os conteúdos sobre Quarteto Fantástico: Primeiros Passos, o lançamento mais recente da Marvel, teve entre 100 e 900 mil views, evidenciando a queda no interesse do público. 

Em outros canais o cenário não é muito diferente. No Nerd Land o vídeo intitulado ‘‘10 HERÓIS QUE JÁ LEVANTARAM O MARTELO DO THOR’’, publicado a sete anos, conta com 11 milhões de visualizações. Em contrapartida, vídeos publicados nos últimos meses, variam entre 10 a 100 mil views. Apesar do cenário não ser tão positivo assim, a grande maioria desses canais continua com seu conteúdo nichado no universo geek.

Um novo dia

Sim, a paixão por heróis está morrendo. Os números das bilheterias e das visualizações do YouTube mostram isso. Mas o que os influencers devem fazer agora? Mudar o nicho pouco a pouco porque estão perdendo o engajamento? Não. 

Esses youtubers existem, porque nerds existem. Desde seu começo na internet, o objetivo deles não era alimentar a grande indústria, eles chegaram até aqui por que representam milhares de outros nerds, e é isso que os mantém falando de heróis, mesmo com a frequente queda dos números. Eles são a voz e o rosto de um grupo que por muito tempo não foi levado a sério e foi visto de maneira pejorativa.

Às vezes é preciso escolher entre fazer parte do time dos Vingadores ou ser apenas o amigo da vizinhança de Nova Iorque.  Espero que influencers como Peter Jordan continuem escolhendo ser esse amigo, afinal, com grandes poderes vêm grandes responsabilidades.

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