O status quo a mando das distopias
- 22 de setembro de 2015
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- Thamires Mattos
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Daniela Fernandes
A distopia ou antiutopia é carregada de aspectos negativos. O pessimismo é sua principal característica. Por isso, o pensamento antagônico é o utópico, onde tudo é perfeitamente idealizado. A distopia só existe porque a utopia a precede. Muitas vezes, esta é destruída por aquela, a partir do momento em que certas previsões distópicas se tornam realidade. Apesar disso tudo, é possível perceber que as distopias são necessárias. Um sistema de governo e dominação, por exemplo, só consegue se manter firme a partir de um cenário distópico. Assim, o status quo permanece e os indivíduos são auxiliados pelo capital, pelas autoridades e, também, pelos meios de comunicação.
Há distopias literárias, as quais são críticas da suposta condição inconsciente e de submisso monitoramento ao qual a sociedade é exposta. Essa condição é defendida pelo cientista político e teórico da comunicação estadunidense, Harold Lasswell. Ele afirma em sua teoria denominada Hipodérmica que uma mensagem midiática atinge as pessoas de forma uníssona e sem filtros. Através das distopias ou previsões desastrosas do futuro, é possível identificar alguns males no meio em que se vive. No livro 1984 , de George Orwel, há omissão da verdade, medo e o distanciamento entre o líder e o povo. Já em Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley, há totalitarismo e também falsa felicidade. Claro que para muitos há um certo exagero nas narrativas, porém é fato que a realidade adiantada pelas distopias acontecem verdadeiramente no mundo real, às vezes em menor escala, mas algo que pode ganhar maiores dimensões.
Pode-se citar diversos tipos de antiutopias literárias. Totalitarista como bem vista em V de Vingança (Alan Moore e e David Lloyd), religiosa no filme O livro de Eli (Allen Hughes, Albert Hughes), misógina em Nausicaä do Vale do Vento (Hayao Miyazaki), entre outras tecnológicas, financeiras, alienígenas, cômicas, etc.
Voltando ao livro Admirável Mundo Novo há associações que podem ser feitas com o atual período contemporâneo. Huxley falou de tempos totalitários, onde a ciência e a tecnologia possuiriam alto grau de importância. O consumo seria desenfreado. As relações seriam descartáveis. E as drogas seriam uma válvula de escape para fugir da realidade. Além de haver uma busca incessante por diversão e beleza. Tudo isso soa familiar, ou seja, os habitantes criados por Huxley são nada mais do que projeções da atual sociedade.
Por isso, vive-se em uma realidade distópica. Os meios de comunicação assumem o papel de condutores e o mundo é construído e movido por interesses alheios a nós mesmos, os quais não poderiam ser melhores já que as pessoas não propõem mudanças. Contudo, isso ocorre na ausência da percepção da sociedade e na passividade da mesma. Eis mais uma vez a importância das distopias: direcionar pessoas à locais, pensamentos e ações que seria sua melhor opção; e possibilitar a manutenção e ordem de um sistema vigente.