O que falar sobre uma morte?
- 11 de outubro de 2023
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- Theillyson Lima
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Theillyson Lima
As palavras costumam faltar em um velório, afinal, a morte, por mais que seja parte natural da vida, ainda é um incômodo. Se no cotidiano não é simples saber o que falar, podemos ver fenômeno semelhante nas notícias sobre morte.
O falecimento de uma figura pública requer uma notícia, e é nesse contexto que algumas dúvidas surgem. É preciso falar sobre todos os temas na hora da morte de um indivíduo? Vale a pena ser o primeiro a publicar essa notícia? Como respeitar a privacidade nesse contexto?
A dúvida é tão real e presente que em menos de três anos como editor do Canal da Imprensa, essa é a segunda vez que o tema morte será abordado. Em 2021 falamos sobre a cobertura de mortes em meio a um contexto de pandemia, quando milhares de anônimos morriam diariamente.
Desta vez, não analisaremos as mortes mais coletivas e em grande número, mas sim a cobertura da morte de cada indivíduo. Estamos falando aqui de comunicação quando alguma pessoa famosa, seja ela uma atriz, um jogador de futebol ou um político, morre.
O fato é que a sensibilidade nesses momentos não está em alta. Um exemplo disso foi visualizado na semana passada, quando três médicos foram assassinados em um quiosque no Rio de Janeiro. O perfil do Twitter/X do Jornal o Globo publicou o vídeo com as cenas do crime e ainda adicionou uma trilha sonora de suspense.
Em qual momento passamos a achar normal um vídeo de um assassinato ser publicado para que qualquer pessoa veja? A morte de três pessoas é um local apropriado para receber uma trilha sonora? O Código de Ética dos jornalistas e o bom senso individual respondem às duas perguntas anteriores com um sonoro NÃO!
Nesta edição, analisamos diversos casos de mortes famosos, como Gugu, Rita Lee, Rainha Elizabeth, entre tantos outros casos. A ideia é entender como a mídia noticiou cada falecimento, quais foram os pontos de destaque, se a velocidade foi prioridade ou se uma apuração mais detalhada foi utilizada.
Os textos buscam entender se houve bom senso jornalístico, respeito pelas vítimas, respeito pelo Código de Ética dos jornalistas, entre outros aspectos importantes. Aproveite cada conteúdo e faça sua reflexão sobre o que é “certo ou errado”.