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O império da dramaturgia brasileira

  • 4 de junho de 2025
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  • Theillyson Lima
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De vozes no rádio às telas do streaming: a força de contar histórias que moldaram gerações por meio da dramaturgia.

Amanda Talita

Existe algo de fascinante em acompanhar a trajetória da dramaturgia brasileira pela lente da Globo. Durante seus cem anos de história, a emissora não se limitou a ser uma produtora de telenovelas. Foi e continua sendo uma das principais responsáveis pela formação do imaginário coletivo do país. 

Antes mesmo da televisão alcançar as residências brasileiras, o rádio dominava em absoluto. Foi nesse local que surgiu o hábito nacional de acompanhar histórias em capítulos. Nas décadas de 1940 e 1950, as radionovelas conquistaram um enorme sucesso, reunindo famílias em torno do aparelho para escutar romances, enigmas e suspenses, tudo conduzido apenas por vozes, músicas e efeitos sonoros.

Foi desse universo que surgiram os primeiros roteiristas, atores e diretores que, mais tarde, migraram para a TV e ajudaram a construir o que viria a ser o maior império de dramaturgia da América Latina. Quando a Globo entrou no ar, em 1965, ela não apenas herdou essa tradição — ela a reinventou, levando as novelas a um patamar de qualidade e influência que nenhuma outra emissora no país conseguiu alcançar.

Construção do império

Durante décadas, nenhum outro produto cultural teve tanto impacto no Brasil quanto as novelas. As tramas que saíram dos Estúdios Globo foram muito além do entretenimento: ditaram moda, geraram debates, influenciaram comportamentos e entraram para a história. Momentos em que o país parava para acompanhar o destino dos personagens, vibrar com os mocinhos, odiar as vilãs e se apaixonar por romances que atravessaram gerações. Tramas que abordaram desde temas sociais profundos até histórias leves, bem-humoradas e cheias de fantasia.

Algumas se tornaram verdadeiros fenômenos, com finais que reuniam mais de 50 milhões de pessoas em frente à TV (algo impensável nos dias de hoje). Outras ficaram marcadas por personagens icônicos, vilãs inesquecíveis, bordões que atravessaram o tempo e cenas que, mesmo anos depois, seguem vivas na memória coletiva.

Elas foram — e em muitos casos ainda são — muito mais do que simples novelas. São retratos culturais, documentos emocionais que acompanharam e influenciaram o Brasil em diferentes fases.

Basta citar nomes como Vale Tudo, um retrato ácido da corrupção e da falta de ética no país, ou Roque Santeiro, que quebrou tabus ao misturar humor, crítica social e realismo fantástico, para entender o tamanho desse fenômeno.

Produções como Avenida Brasil e A Favorita, que surpreenderam ao reinventar escondendo quem era a verdadeira vilã, enquanto O Clone abriu discussões sobre clonagem, cultura islâmica e dependência química, atingindo sucesso internacional.

Outras tramas que ficaram eternizadas na memória do público, entre elas estão: Laços de Família, que levou milhares de brasileiros a se cadastrarem para doação de medula óssea; O Rei do Gado, sendo um grande sucesso internacional em mais de 30 países; Chocolate com Pimenta, que trouxe de volta o charme das novelas de época.

Sem esquecer de Mulheres de Areia, exibida em 1993, que foi um marco pela complexidade da atuação e pela tecnologia utilizada para criar as cenas das gêmeas, interpretada por Glória Pires. Não podemos esquecer de Cheias de Charme, que encantou o país ao levar as empreguetes do subúrbio ao estrelato. Alma Gêmea e Malhação também merecem tal reconhecimento: a primeira, por ser um fenômeno de audiência nas tardes – com uma das trilhas sonoras mais conhecidas do país -, e a segunda, por atravessar gerações, sendo uma verdadeira fábrica de atores e trazendo os nossos fama aos “colirios” da época.

Humor como parte da identidade

O humor, sem dúvidas, é outro pilar dessa trajetória. A Grande Família trouxe consigo a verdadeira face de uma família “tradicional” brasileira. Foram 14 anos no ar, mais de 480 episódios e uma façanha rara: permanecer relevante em meio às transformações sociais e tecnológicas do país. O Brasil parava para acompanhar as desventuras daquele taxista malandro, do patriarca certinho e de toda aquela família que, de tão louca, chegava muito perto de ser real. 

Já Tapas & Beijos nasceu como aposta e virou fenômeno. A série, que quase foi recusada, se consolidou rapidamente como uma das maiores audiências. Além das protagonistas que transbordavam química cênica, o diferencial estava no retrato bem-humorado da vida de mulheres independentes, algo que, na época, ainda era pouco explorado na TV aberta. 

Esses programas não apenas divertiram: ajudaram a construir uma espécie de memória coletiva do humor nacional, onde bordões, situações e personagens continuam sendo referências, memes e piadas até hoje — seja na internet, em rodas de amigos ou nas conversas de família.

A força do cinema nacional

E se engana quem pensa que a Globo se limita à TV. Através da Globo Filmes, a emissora também ajudou a construir uma das maiores potências do audiovisual brasileiro no cinema. Filmes que se tornaram símbolos da cultura nacional têm, direta ou indiretamente, participação da Globo — seja na produção, na distribuição ou na divulgação.

Obras como Cidade de Deus, indicado ao Oscar e até hoje referência em atuação e roteiro, e Tropa de Elite, vencedor do Urso de Ouro em Berlim. O filme Minha Mãe É Uma Peça, que levou milhões de brasileiros aos cinemas, se transformou em uma das maiores bilheterias da história do país, mostrando o “outro lado” da vida de uma mãe, da maneira mais humorística possível com o saudoso Paulo Gustavo.

Bacurau ganhando o Cannes, que chocou o mundo e virou símbolo de resistência, misturando faroeste, ficção e crítica social, seguindo a mesma linha, “O auto da compadecida” recentemente relançado trouxe consigo o sertão para o centro do audiovisual brasileiro.

E claro, o premiadíssimo filme estrelado por Fernanda Torres  “Ainda Estou Aqui” não se reflete apenas nas bilheterias, nas quais o filme de Walter Salles já ultrapassou a marca de 7  milhões de espectadores. A trajetória de sucesso do filme teve início no Festival de Veneza 2024, levando o prêmio de Melhor Roteiro, seguido do Globo de Ouro que levou o prêmio de Melhor Atriz de Filme de Drama e finalizando com a estatueta como Melhor Filme Internacional.

O legado é eterno, mas o tempo são outros

O fato é que dificilmente surgirão produções com o mesmo peso simbólico e impacto social dos grandes clássicos, isso porque elas nasceram em um tempo em que a TV concentrava praticamente toda a atenção do público, sem concorrência com outras telas.

A dramaturgia brasileira não acabou, mas mudou. As novelas continuam com relevância em nichos e seguem circulando pelo mundo, mas longe do protagonismo de antes. O cinema nacional, por sua vez, ganhou espaço, conquistou reconhecimento e passou a dialogar com um público mais diversificado.

O cenário atual é outro. A disputa pela atenção é fragmentada e contar histórias hoje exige se adaptar a múltiplas plataformas

 

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