O breaking down de Britney Spears
- 6 de abril de 2022
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Na maior parte da sua vida, a cantora foi tida como louca pela mídia, que a controlava completamente com narrativas e pontos de vista bem diferentes de sua realidade.
Laura Rezzuto
Promíscua, obscena e imprópria. Era dessa forma que se referiam a Britney Jean Spears. Doce menina que transbordava o forte símbolo do empoderamento e emancipação feminina. Sempre preocupada com a influência que a sua música teria na vida de outras mulheres. Por isso, através de Britney, houve o maior impacto na cultura pop e na sociedade entre os anos 1997 e 2018.
A cantora, compositora, dançarina e atriz norte-americana, teve a sua carreira completamente virada de cabeça para baixo. Mas, o que esperar de alguém que teve a sua vida superexposta da noite para o dia? Que expectativas ter sobre uma pessoa que foi desacreditada e importunada desde muito cedo pela família e pela mídia?
A celebridade de hits como “Till the world ends” e “Toxic” causou uma enorme polêmica no ano de 2007, quando agrediu o fotógrafo da Thirty-mile zone, Daniel Ramos. Nesse período, a cantora passava por vários problemas pessoais, entre eles uma batalha judicial durante a separação com Kevin Federline e reabilitação de dependência química, que resultaram na queda de Britney e alguns surtos.
Alguns comportamentos da rainha do pop, certamente, não foram aceitos da melhor forma por quem assistia de fora, tanto o ciclo familiar, como outros famosos. No fim, a base que restou para Britney Spears, era composta apenas por seus fãs. Diante disso, para a família, a maneira mais eficiente de controlar os eventos, seria obter a tutela sob a cantora. E foi exatamente desta forma que os episódios dramáticos da vida da estrela dos Estados Unidos começaram.
O colapso público
No dia 16 de fevereiro de 2007, a cantora foi o principal destaque dos jornais. Porém, não era apenas mais uma notícia sobre o sucesso da década ou de suas músicas nos mais importantes pontos musicais do mundo. Naquele dia, Britney Spears, foi flagrada com a cabeça raspada. Isso foi o suficiente para que a mídia afirmasse que naquele momento, acontecia o famoso colapso de Spears.
Vale destacar que em meados de 2004 os dias da celebridade norte-americana já eram totalmente tumultuados. Britney teve um casamento desequilibrado e incomum com Jason Allen Alexander, seu amigo de longa data. Em exatamente 55 horas, a união foi interrompida pelo pedido de divórcio das duas partes.
Imediatamente, uma foto bebendo começou a se tornar uma fortuna entre os fotógrafos. Foi desta maneira que o maior colapso das últimas duas décadas tomou vida. Entre rumores de festas, uso de drogas e registros para lá de polêmicos, Britney acabou perdendo a guarda de seus dois filhos.
As coisas ficaram ainda mais complicadas quando a cantora tentou ver as crianças, que até então, estavam com o ex-marido. Não obtendo êxito por não ter autorização e ser taxada de “mentalmente incapacitada”, Britney se direcionou a um estúdio de tatuagem.
Emilly Wynne-Hughes, tatuadora do local, relatou aos jornais da época: “Percebi que ela estava careca. Lembro de perguntar: por que você raspou a cabeça?’. Ela respondeu: sabe, eu só não quero que ninguém, ninguém, encoste na minha cabeça. Não quero ninguém encostando nele! Estou cansada de pessoas encostando no meu cabelo”.
Tutela e a pressão familiar
No tempo, Britney Spears já era considerada uma das maiores cantoras do mundo. Porém, com o barulhoso sucesso, acabou passando toda sua vida sendo controlada pelos pais e empresários.
Ou seja, a resposta da cantora à sua tatuadora pode ter muito brevemente resumido como ela se sentia naquela época: cansada do controle das pessoas que a julgavam como incapaz. No entanto, os momentos de fúria tiveram consequências diretas na vida pessoal e profissional de uma das cantoras mais famosas do século 21.
Até mesmo os filhos foram usados como forma de chantagem para que a artista trabalhasse. Segundo a CNN, a turnê Circus, a primeira feita dentro da conservadoria e da tutela dirigida pelo pai, Jamie Spears, foi realizada por ela para que em troca, a cantora pudesse ver os filhos e sair da tutela, o que não aconteceu.
Britney Spears chegou a ser considerada a pior mãe da América, apenas porque precisou fugir dos fotógrafos e dirigir com o filho no colo. Ou porque tropeçou com uma das crianças no colo e quase a derrubou. Enquanto o pai, Kevin Federline, já publicou uma foto em que as crianças estão perto de drogas e o avô é acusado de agredir as crianças.
Felizmente, o fim da tutela que durou cerca de 13 anos, chegou. O caso do controle abusivo e privação de liberdade de Britney ganhou proporções imensuráveis no mundo inteiro e a forte mobilização por parte de fãs acabou gerando o movimento #FreeBritney. O fim da tutela trouxe alívio tanto para Britney, quanto para quem a admira.
Os bastidores de um legado subestimado
Fotos como as de Britney com seu filho no colo ao dirigir se tornaram dinheiro fácil e alguns paparazzis não estavam atrás de algo relevante, mas sim algo que fosse polêmico e caro. Existem diversas cenas e entrevistas em que Britney chora por conta dessa perseguição midiática, que acabaram sendo colocadas em um contexto que revelaram como ela realmente sofria com essa invasão e nada era feito a respeito.
Foi muito mais fácil para a mídia fazer piada sobre o assunto ou questionar o que havia de errado com ela do que ir a fundo no problema. O jornal manipulava sua imagem e a enchia de sobrecarga de expectativas e responsabilidades inalcançáveis como se ela não fosse mais um ser humano.