
Jovens, porém conservadores
- 2 de abril de 2025
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- Theillyson Lima
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Será que os jovens estão apenas retomando o papel que antes era dos pais?
Vefiola Shaka
Nos últimos anos, o conservadorismo surgiu como uma força crescente nas mídias sociais e na política, particularmente entre aqueles que buscam afirmar sua visão de mundo diante de novas dinâmicas sociais. No entanto, é interessante entender a trajetória do conservadorismo e sua relação com as gerações mais jovens.
No passado, se esperava que os pais fossem os principais guardiões das tradições, colocando regras para feriados, relações sexuais e outros comportamentos. O conservadorismo se baseia na ideia de preservação de valores e comportamentos “adequados”, bem distantes da contracultura que se popularizou na década de 1960.
Enquanto os pais estavam preocupados em preservar valores, os jovens, inspirados por movimentos como Woodstock, adotaram a abordagem oposta, abraçando a revolução cultural, a liberdade sexual e desafiando as normas estabelecidas. Woodstock, com sua ética de liberdade e rebelião, se tornou um símbolo dessa contradição que, hoje em dia, ficou apenas como uma lembrança “daquela época”.
Hoje estamos testemunhando um retorno repentino. Jovens como Maria Fernanda Schmidt têm se destacado por defender abertamente o conservadorismo, aproveitando as redes sociais para compartilhar suas ideias. Sua bio no Instagram que diz “exponho INCONFORMIDADES e reafirmo VALORES para conservar a moral”, mostra claramente o tom de sua mensagem. Ela representa uma nova geração que, diferentemente da juventude da década de 1960, abraça a ideia de preservar o que considera moralmente correto e necessário para uma sociedade mais justa e segura.
Em suas publicações e declarações, Schmidt e outros jovens conservadores buscam preservar os valores familiares, a ordem e a moralidade tradicional em um mundo que, para eles, se perdeu em um vórtice de relativismo e tolerância. Essa nova onda de conservadorismo não é simplesmente uma reação aos excessos da modernidade, mas uma tentativa de preservar o que muitos consideram ser os pilares de uma sociedade estável.
Percebendo este crescimento entre a juventude brasileira, um estudo com mais de 300.00 pesquisas em 20 paises, incluindo o Brasil apontou que sentimentos de desesperança, desilusão social e revolta contra os valores cosmopolitas explicam em parte a ascensão de partidos radicais de direita contra o establishment.
Mas a questão que fica: é sensato ser conservador, especialmente em um mundo onde o ritmo das mudanças sociais parece estar em constante aceleração? Para muitos desses jovens, isso faz todo o sentido. Ser conservador, para eles, é uma forma de afirmar sua identidade e resistir a um mundo que se tornou muito pluralista e mutável.
Se a contracultura foi uma resposta às normas rígidas do passado, hoje estamos testemunhando uma nova onda de resistência, a busca pelo restabelecimento dos costumes tradicionais que se perderam nas gerações anteriores. Woodstock, mencionado no começo, foi apenas um dos grandes exemplos de como os jovens dos anos 60 celebraram a liberdade, a paz e a rejeição de tudo que é tradicional, abraçando a música, a liberdade sexual e ideais de igualdade, em oposição ao conservadorismo da época.
Tudo isso é uma história de contradições, de idas e vindas, mas talvez essa seja a essência do neoconservadorismo de hoje: um retorno ao passado, mas sempre com um olhar voltado para o futuro, com a crença de que preservar certos valores pode ser a chave para um mundo mais equilibrado e coeso.