A essência se reinventou
- 26 de setembro de 2016
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- Thamires Mattos
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O TAB UOL é um exemplo de plataforma que agregou criatividade e profundidade no fazer jornalístico brasileiro
Camila Torres
O jornalismo, de tempos em tempos, tem que se reinventar, buscar novas formas de atrair o leitor. A dinâmica da vida tecnológica deixa para trás, sem dó nem piedade, quem não consegue acompanhar. No jornalismo online, principalmente, o desafio cresce cada dia, ou melhor, a cada segundo, fazendo com que os veículos de comunicação busquem por novos formatos. Seguindo a tendência internacional, o jornalismo brasileiro corre para explorar um novo fazer jornalístico, criativo e envolvente, mas que tenha ainda assim profundidade. Um exemplo disso é o TAB UOL.
Segundo o UOL, a missão do TAB “é entregar uma experiência única e interativa com conteúdo de alta qualidade, em formatos inovadores e com total independência editorial”. A interface intuitiva pode parecer a princípio uma página de entretenimento, mas o conteúdo presente nesse espaço leva o internauta que não teve contato com algo semelhante até o momento a realmente ter uma experiência inovadora.
Sensações intensificadas
Na reportagem Tudo é Real, de Rodrigo Bertolotto, a realidade virtual foi o tema abordado. Se você acha que realidade virtual é para alienados, o TAB mostra que essa ferramenta, cada dia mais conhecida, está longe disso. Mas, ao mesmo tempo, apresenta o outro lado da moeda.
Mais do que explicar em palavras o que significa realidade virtual e os seus efeitos, o primeiro vídeo insere o internauta em pequenas experiências, em situações como games de tiroteio, fetiches sexuais, claustrofobia, medo de altura e terror. Embora o vídeo esteja longe de alcançar o mesmo efeito que os óculos caríssimos e fones ultra potentesque isolam o ser humano do que se passa ao redor, a ¬produção consegue dar uma amostra dos efeitos que a tecnologia pode causar no corpo e na mente.
Com fluidez, o TAB navega entre aspectos positivos e negativos da realidade virtual. Positivos ao mostrar como pode ser usada com fins médicos, para ajudar, por exemplo, no tratamento de fobias como medo de altura, locais fechados ou mania de perseguição. Entretanto, a reportagem alerta, com o aval de especialistas, para as potencialidades dessa tecnologia, principalmente dos possíveis riscos para o usuário, como interesses empresariais, políticos ou religiosos ditando o conteúdo. O risco pode começar de um simples mal estar e chegar até um trauma.
Por tal fluidez, fica para o leitor decidir o que fazer/pensar. O uso da ferramenta fica a escolha do internauta diante dos prós e contras. E se a decisão for pelo uso, é deixado o estímulo para que ele venha acompanhado de olhar e demais sentidos críticos. O que é isso, se não fazer jornalismo?
Personnalité
Já na edição A nova bolha, o tema é internet personalizada. Quem é usuário de redes sociais – nem precisa ser tão assíduo –logo identifica do quese trata, talvez só não conheça o termo. É muito provável que ao navegar na internet você tenha se deparado com uma propaganda de algo pesquisado anteriormente. Há quem se incomode e há quem ache um grande benefício.
O interessante, nesse caso e no anterior, é a base de informações oferecida pelo TAB. É apresentado como tudo é configurado até chegar a cada aparelho eletrônico, ou seja, em você. Os vídeos são o grande aliado para explicar o que em texto ficaria cansativo e menos interativo.
Segundo a pesquisa feita na reportagem, até o dia 19/09/16,dos 4.526 votos, 86,39% dos usuários responderam que abririam mão do conteúdo personalizado na web para manter sua privacidade. Esses usuários declararam não gostar que as empresas tenham os seus dados e preferem encontrar, sem interferências, aquilo que querem. Em contrapartida, apenas 13,61% disseram que não abririam mão – “não tenho nada a esconder e gosto do conforto de encontrar facilmente o que quero”.A autora do TAB, editora de tecnologia do UOL, Juliana Carpanez, declara que “gosta do conforto da bolha, mas às vezes tenta dar uma espiada no que tem lá fora.”
A cereja do bolo é como se “proteger” disso tudo, ou seja, da publicidade direcionada e filtragem de conteúdo. Mais do que apresentar o problema, se você o considera um, a reportagem mostra como a privacidade online pode ser configurada. Para o leitor, fica a decisão. As ferramentas, o TAB UOL disponibilizou de uma forma atrativa e fácil de entender.
Chega a ser redundante tantos elogios ao jornalismo que se faz ali. Nos dois casos, uma coisa é certa: o UOL soube inovar, pelo menos do jeito brasileiro adaptado do exterior. Além disso, o TAB é um exemplo de que o jornalismo online só é preguiçoso se quiser.