Impacto do X nas eleições dos Estados Unidos
- 4 de setembro de 2024
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- Theillyson Lima
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Aquisição do X por Elon Musk trouxe grande mudanças na plataforma, incluindo a liberação da desinformação, partidarismo e discursos de ódio.
Yasmim Larissa
Talvez você já tenha ouvido falar que tudo acontece primeiro no Twitter, atualmente chamado de X. Esse “ditado” foi comprovado por um estudo global realizado em 2019 pelo X em parceria com a Kantar Media. Nesse levantamento, brasileiros afirmaram gostar da plataforma porque as notícias circulam mais rapidamente, permitem acompanhar eventos em tempo real e oferecem a possibilidade de ver diferentes lados de uma história.
Após a aquisição da plataforma por Elon Musk, grandes mudanças foram implementadas, e é cada vez mais evidente como o antigo Twitter se tornou um campo de batalha nas eleições de 2024 nos Estados Unidos, especialmente no que diz respeito ao discurso político e à formação da opinião pública.
Este canal analisou como uma plataforma que deveria permitir a visualização de diferentes perspectivas tem fortalecido um lado específico, impactando as eleições de um país e alimentando um discurso de ódio ao reforçar a percepção de que Joe Biden não está preparado para o poder e ao permitir que um candidato tenha horas de espaço para cometer xenofobia, racismo e outras atrocidades.
Trending topics no poder
Os trending topics (TTs) da plataforma X são famosos por serem um termômetro da opinião pública e do que está “na boca do povo”. Nos meses que antecederam a desistência de Joe Biden à candidatura à reeleição, era possível encontrar inúmeros vídeos e postagens sobre gafes cometidas pelo, até a data desta publicação, atual presidente dos Estados Unidos, na rede social. Com o assunto em alta, Biden recebeu inúmeras críticas e questionamentos sobre sua capacidade de permanecer no poder.
Outro tema que movimentou os TTs foi a reativação do perfil de Donald Trump. O perfil do ex-presidente havia sido suspenso em 2021, devido ao risco de incitação à violência. Seu retorno não apenas agitou as redes sociais, mas também foi marcado por uma live entre Musk e Trump, simbolizando um retorno ao debate político e também a uma validação de narrativas apoiadas pelo empresário e pelo republicano.
A decisão de Musk de restaurar o perfil de Trump e realizar uma live com o ex-presidente não pode ser vista apenas como um movimento de negócios ou de liberdade de expressão. Ela envia uma mensagem clara sobre a direção que a plataforma tomou e o tipo de discurso que ela pretende amplificar. Embora o X não seja a plataforma mais utilizada por todos os candidatos, seu impacto nas eleições não pode ser subestimado.
Uma plataforma de direita?
A transformação do X em um espaço de direita não é apenas uma questão de conteúdo, mas também de moderação e algoritmos. A falta de uma regulação eficaz e a aparente indiferença de Musk em relação ao conteúdo questionável contribuem para o crescimento de desinformação e discursos polarizadores. Esse procedimento pode ter consequências sérias para o processo eleitoral, uma vez que eleitores podem ser influenciados por desinformações que reforçam preconceitos e medos.
O que anteriormente era uma plataforma que acolhia uma diversidade de vozes, parece agora pender para um lado de discursos de direita, evidenciados pela seleção de conteúdo e maior visibilidade dada a figuras como Trump. O que temos visto é a transformação de uma máquina de produção de ruído para “lacração”.
O veículo desativado
Em paralelo a isso, observamos a atual situação da plataforma no Brasil. Musk fechou seu escritório e se recusou a apresentar um representante legal do X no país, descumprindo ordens judiciais e engajando-se em uma disputa com o judiciário brasileiro. A plataforma ficou inoperante.
É notável que os recentes acontecimentos no X não apenas refletem uma polarização crescente, mas também levantam questões sobre a responsabilidade das plataformas digitais na moderação de conteúdo. À medida que as eleições se aproximam, se torna mais evidente a necessidade de uma reflexão sobre como a tecnologia e a política interagem nas redes sociais.