Gymtok: a nova academia virtual
- 27 de novembro de 2024
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- Theillyson Lima
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A era digital transformou o fitness em um espetáculo de massa, democratizando o acesso à informação, mas também intensificando a pressão por resultados rápidos e padrões estéticos irreais.
Vefiola Shaka
O suor escorre pela tela do celular e entre um scroll e outro; exercícios, dietas e promessas de transformação corporal estão dominando o mundo online. Bem-vindos à nova era do fitness, na qual a academia tradicional se rende ao espetáculo dos vídeos curtos e o conhecimento sobre exercícios físicos se fragmenta em pílulas de 60 segundos.
Esse fenômeno representa mais do que uma simples tendência: é uma transformação radical na forma como produzimos, consumimos e interpretamos conteúdos relacionados à saúde e ao corpo. Segundo dados do Backlinko, o TikTok já possui mais de 1 bilhão de usuários ativos mensalmente, com 60% da geração Z usando a plataforma para conteúdos de saúde e bem-estar.
O tradicional “no pain, no gain” deu lugar a termos como “rato de academia”, e as séries de exercícios viraram trends ao som das músicas do momento. Até o próprio vocabulário da malhação se reinventou: “bombar” agora serve tanto para músculos quanto para visualizações, e “queimar” vale tanto para gordura quanto para conteúdo digital nas postagens pegando fogo no TikTok.
O Journal of Medical Internet Research mostra que os jovens usam redes sociais para buscar informações sobre saúde e mundo fitness, destacando a importância dessa nova forma de comunicação. Pensar em modos de separar informação qualificada do ruído torna-se fundamental quando se analisa o impacto de um conteúdo de 15 segundos na compreensão complexa de saúde e performance corporal.
A transformação do cenário fitness digital pode ser exemplificada por casos como o de Leana Deeb, influenciadora que ganhou notoriedade por sua transição de uma abordagem voltada à estética para uma focada na saúde. Leana, considerada uma das musas fitness do TikTok, decidiu usar o hijab em 2023 e apagou todos os vídeos no qual o corpo dela estava exposto. Este foi um grande desafio, pois como o público vai acreditar nos resultados que não consegue ver? Mesmo assim, ela decidiu recomeçar. Deeb agora tem mais de 11 milhões de seguidores no TikTok, revolucionando sua forma de criar conteúdo, priorizando mensagens sobre bem-estar integral e uma relação saudável com o corpo, sem medo de ser autêntica e praticar a sua religião.
Um estudo feito pela Journal of the Academy of Nutrition and Dietetics mostrou que a maioria dos jovens adultos relatam impactos negativos das redes sociais em sua imagem corporal. Isso evidencia os desafios dessa nova era digital fitness, em que a pressão por padrões estéticos é constante.
Os coachs que preferem explicar exercícios complexos em 15 segundos, a influencer que mostra a realidade por trás das fotos perfeitas, o especialista em transformações corporais que acumula milhões de views – cada um contribui para novas narrativas fitness, mais dinâmicas e aparentemente mais acessíveis, incluindo o movimento “corpo real” que ganhou força, com influenciadoras mostrando variações naturais corporais sem pudor.
Esse movimento tomou vigor inédito na plataforma, com influenciadoras como Sophie Dolce e Molly Ava mostrando variações corporais naturais sem pudor. Pessoas de diferentes biotipos demonstram que fitness não é sinônimo de padrão estético único.
O futuro do fitness digital
A academia transcende suas paredes físicas e agora está em milhões de telas, democratizando o acesso, mas também multiplicando os riscos. Enquanto bilhões de views se acumulam em hashtags fitness, uma coisa é certa: a forma como nos relacionamos com exercícios físicos mudou para sempre. O futuro será aquele que conseguir equilibrar espetáculo e conhecimento, entretenimento e responsabilidade. Resta descobrir se saberemos equilibrar a facilidade do entretenimento com a seriedade que a saúde exige.
Afinal, nem toda trend viral é sinônimo de evolução, assim como nem toda transformação corporal cabe em alguns segundos.