FOLHA DE SÃO PAULO – De preconceituosos a indiferentes
- 5 de setembro de 2015
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- Thamires Mattos
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Juliana Dorneles
A novela Babilônia começou causando polêmica desde o primeiro episódio, com a cena do beijo gay entre as personagens Teresa e Estela. Capítulos depois, a nora das duas mulheres – Laís, uma moça cristã e tradicionalista – descobre que seu quase- namorado, Rafael, foi criado em meio a este relacionamento homoafetivo. A menina não aceita essa união e manifesta sua aversão com frases do tipo: “Isso é imoral, é pecado, doença, perversão… Eu tenho nojo delas”. A reação de Laís despertou a atenção dos telespectadores e causou uma divisão de opiniões. De um lado, muitos cristãos, alegando que essa atitude não condiz com a filosofia cristã em geral. Do outro, os ateus, concordando que aquela cena reflete a realidade, já que consideram a religião uma ideologia preconceituosa e manipuladora.
Chay Suede, intérprete de Rafael na novela, concedeu uma entrevista à Folha de São Paulo. Ele falou sobre as críticas que a novela recebeu por parte de políticos e religiosos. Expressou que “intolerância é algo que não deve estar ligado à religião. Respeito é algo essencial e leva a gente pra frente”.
O próprio ator reconhece que não deve haver ligação entre a intolerância e a religião. Mas será que essa falta de respeito vem só da parte dos que professam alguma crença? Como a mídia lida com a questão da religião na sociedade?
A Folha de São Paulo não apresenta a religião de forma negativa nem como algo prejudicial a sociedade, mas sim como uma ideologia que tem o fim próximo. Com o passar do tempo as prioridades mudam, e a Folha deixa sutilmente a ideia de que a religião já foi uma prioridade, mas hoje ficou para trás. O jornal apresenta distintos motivos pelos quais o número de religiosos está diminuindo. Reportagens como Alemães deixam igrejas para evitar taxas, ou Justiça decide suspender ‘lei da Bíblia’ em escolas de Florianópolis, mostram que qualquer pretexto é motivo para abandonar as crenças religiosas. Na primeira reportagem citada, fica claro que os “crentes” preferem deixar as igrejas à se submeterem ao aumento das taxas. Na segunda, a justificativa também é, de certa forma, financeira. A lei que obriga a existência de bíblias nas escolas públicas foi cessada, pois acredita-se que além de ser uma afronta à liberdade religiosa, essa suspensão vai colaborar para a diminuição dos gastos públicos.
Outra reportagem que segue esta tendência tem como título Proporção de cristãos nos EUA é a menor já registrada. No decorrer do texto são apresentados dados que comprovam esta diminuição e seus possíveis motivos. Mais uma vez a religião é menosprezada e deixada de escanteio.
Os assuntos polêmicos e que geram discordância de opiniões não são abordados pela Folha. De certa forma, é mais confortável tratar a religião com tal indiferença. Percebe-se claramente que a linha editorial do jornal não apoia o cristianismo e nem faz questão de que ele seja abordado.
Encontra-se, então, os dois extremos. Enquanto a novela Babilônia expõe o comportamento cristão de forma equivocada para chamar a atenção e (tentar) ganhar audiência, a Folha lida como se eles fossem só mais um grupo de pessoas que “não fede, nem cheira”.