Fofocalizando na mídia
- 1 de novembro de 2023
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- Theillyson Lima
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Essa é uma análise midiática do programa Fofocalizando.
Lana Bianchessi
Pegue seu cafézinho, sente no sofá, coloque no canal SBT e se pergunte: “O que será que está acontecendo na vida das celebridades hoje?”. O programa ideal para responder a sua pergunta é transmitido de segunda a sexta, às 14h15. Com informações de famosos, fofocas alheias, reportagens inusitadas e opiniões dos participantes, Fofocalizando cumpre seu papel de entreter as pessoas. Mas será que é disso mesmo que precisamos?
Esse texto analisa o programa “Fofocalizando” no dia 17/10/2023, seu perfil no Instagram e vídeos do YouTube do próprio canal.
Criação do Silvio Santos
Para concorrer diretamente com o quadro “Hora da Venenosa”, que passava a tarde na Record TV, o dono do SBT, Silvio Santos, criou a ideia de um show em que suprisse o desejo do entretenimento ligado a notícias. Originalmente, em 2016, foi lançado com o nome “Fofocando”, em formato gravado com apenas 30 minutos de duração e personagens caóticos, como o “homem do saco” – um homem com saco na cabeça que apresentava o programa.
Após algumas mudanças e remodelagem, ele foi relançado com outros apresentadores para conduzir as opiniões dos convidados (agora sem o homem do saco) e um punhado de notícias do cotidiano dos famosos sendo abordadas. Mudou também o horário, que começou a ser às 15h. A programação passou a ser ao vivo e com duas horas de duração.
Entra e sai
Mesmo com sete temporadas, o programa saiu do ar várias vezes. Foi trocado e substituído por um chamado “Triturando”, que ficou somente 1 mês no ar e recebeu menor audiência que o Fofocalizando, por isso voltou à programação normal. Silvio mandava e desmandava no show, criando uma instabilidade que dura até hoje.
Vários apresentadores e convidados também foram trocados por causa de polêmicas envolvendo cada um deles. Como o caso da Mara Maravilha e Lívia Andrade, apresentadoras na época, que brigavam entre si. Por isso, Mara foi afastada em 2018 sem explicações e retornou em 2020.
Quem apresenta?
Atualmente quem apresenta o programa são seis participantes, sendo um deles Chris Flores. Formada em Jornalismo, trabalhou em grandes empresas de comunicação, foi repórter e editora. Na TV, atuou como colunista e foi apresentadora de alguns programas da Record. Tem um livro publicado sobre maternidade, um blog com matérias de interesse feminino e um canal no YouTube, voltado para prestação de serviços para mulheres.
Gabriel Cartolano participa do programa desde 2018 e já foi o produtor, o repórter e também apresentou o quadro “Direto da Redação”. Ele é formado em Comunicação Social, começou como produtor na Record TV e trabalhou em produções na emissora RedeTV!.
Outra apresentadora de muito sucesso é a Flor Fernandez, que já tinha uma carreira consolidada no SBT e integra o programa diariamente como repórter. Diferente da Flor, Gabriela Cabrini começou sua carreira televisiva em 2022, já no “Fofocalizando” e continua expressando sua opinião até hoje por lá, sendo uma das mais recentes apresentadoras.
O jornalista Leo Dias começou sua carreira em 1997 e fez sucesso pelos seus furos jornalísticos e várias polêmicas na internet. No Instagram, o jornalista tem mais de 14 milhões de seguidores. Foi repórter no programa entre 2017 a 2019 e voltou a participar recentemente.
Por último, temos Isabele Benito completando os apresentadores. Ela é jornalista, apresentadora de televisão e comunicadora brasileira. Atuou em rádios, na emissora Globo e em outras atrações do SBT.
Confusões dentro e fora das fofocas
Todos os apresentadores são formados em Jornalismo ou Comunicação Social, o que deveria mostrar um domínio de fala, pautas mais profundas e melhor elaboradas. Mas até mesmo os outros jornalistas que passaram por esse cargo não mostraram ética ao se envolver em intrigas e discussões na programação ao vivo.
Um caso interessante de analisar é o Leo Dias em um episódio do programa transmitido em 2019. Nele, o jornalista fica revoltado com uma notícia que foi pega da internet e reclamou que ela não deveria ser mostrada no programa. Super antiético, a briga rolou até nos bastidores e ele foi afastado por um tempo da atração. Isso expõe a falta de profissionalismo que, por vezes, permeia o programa.
Duas horas de fofoca
A duração do programa é longa e as pautas não tem uma certa relevância para os telespectadores, somente focadas em criar empolgação e distração ao cotidiano do público. Como o caso de uma reportagem do dia 17 de outubro de 2023, em que é transmitido uma matéria sobre um homem que teve seu pênis fraturado. Ele não é famoso e nem tem ligação direta com a pessoa que está assistindo. É feito somente para noticiar algo de cunho sexual e intrigar as pessoas.
A maioria das reportagens não cita ou não tem nenhuma fonte primária e são compostas somente por uma imagem ou um vídeo que aparece na tela repetidas vezes. Os apresentadores expressam suas opiniões do jeito que querem, muitas vezes falando por cima uns dos outros com uma falsa educação, e encorajam os espectadores a comentarem o mesmo nas redes sociais.
O Instagram e YouTube do programa não mostram conteúdos originais, somente cortes e notícias já passadas no programa. Imagino que seja difícil criar diariamente 2 horas de fofoca sobre celebridades, produzir reportagens mirabolantes e ainda criar outros conteúdos para redes sociais. Até porque os usuários que acessam esses meios de comunicação digital não costumam assistir a TV, então o conteúdo pode ser o mesmo. Os conteúdos observados são muito parecidos com um perfil do Tik Tok. O programa até mesmo recicla algumas pautas tiradas de lá.
Crise de audiência
Agora mais do que antes, o programa enfrenta desafios de audiência. Foram 1,7 pontos na segunda (16) e 1,9 na terça (17), não conseguindo alcançar nem 2 pontos. O show está atingindo sua pior pontuação na média anual desde que estreou em 2016, com 2,9 pontos na capital paulista.
A queda na audiência, evidenciada pelas baixas pontuações indica que o programa pode estar enfrentando uma crise de identidade e de interesse por parte do público. As pessoas não estão interessadas em 2 horas de fofocas, ou cansaram do jeito que estão sendo passadas para elas.
A duração do programa poderia ser menor para melhor aproveitamento, em vez de notícias e reportagens carentes de relevância. Porém, a busca por entretenimento através da intriga e da fofoca parece prevalecer sobre uma abordagem jornalística mais profunda e substancial. De uma forma ou de outra, vamos ver como o dono Silvio Santos vai resolver essa situação e garantir a sobrevivência da atração ou a sua extinção.