Ensinamentos descontraídos em Cocoricó
- 25 de novembro de 2019
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- Thamires Mattos
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O programa, lançado em 1996, continua a influenciar crianças até hoje
Leonardo José
Cocoricó, um seriado transmitido na TV Cultura, é um programa direcionado para o público infantil. Além de entreter as crianças, ele tem como objetivo passar ensinamentos básicos sobre o funcionamento das coisas, principalmente em regiões rurais – a famosa “roça”. Muitos de seus episódios tratam de temas relacionados à educação básica, como alimentação e higiene pessoal.
Para o desenvolvimento da análise, foram assistidos 12 episódios das mais variadas épocas do programa. Cocoricó foi lançado em 1996, e continua a influenciar crianças até a atualidade. Há a venda de DVDs, além da disponibilidade de todos os capítulos no canal do Cocoricó no YouTube. Se contar com os desenhos animados, são mais de 1500 episódios repletos de canções e conteúdo explicativo de alta qualidade.
Logo no princípio, o seriado propõe uma experiência educativa. Para o público infantil, principalmente os que vivem em áreas urbanas, o Julio – personagem principal – é mais um curioso disposto a aprender sobre o cotidiano da fazenda. Vale ressaltar que ele foi para lá em uma colônia de férias. Nos capítulos subsequentes, alguns dos personagens se encontram em situações de medo. Por exemplo: há um conto sobre pesadelos e outro sobre espantalho. É comum ver pessoas falando que, quando menores, tinham medo desses episódios. Entretanto, ao ver esses capítulos como adulto, percebo a criatividade narrativa e os ensinamentos trazidos pela série.
Foram quase duas décadas no ar, então, a amplitude de temas é imensa. Eles abordam nas primeiras temporadas, na maior parte, assuntos relacionados à fazenda. Entretanto, temas tidos como de interesse do público de maior maturidade, como tecnologia, saúde e meio ambiente não deixam de estar na pauta da programação. Tal método de comunicação educacional fez com que muitos pais mantivessem certa fidelidade para que os seus filhos aprendessem algo enquanto se divertem e interagem.
Um episódio clássico, que virou meme entre os jovens, se chama “A história do cocô”. As crianças que tiveram acesso a este conteúdo tiveram a oportunidade de aprender sobre adubo da terra e importância das fezes nesse processo. Como adulto, pude entender como algo natural pode ser de bom grado para a terra. Outro bastante conhecido explica o chulé e como evitá-lo. Parece bobeira, mas a criança, sem perceber passa a entender certos processos naturais, e, consequentemente, impedi-los conforme a necessidade.
A partir de então, pode-se observar que há muita complexidade na montagem dos episódios. Em primeiro lugar, há um estudo para o que irá ser abordado. Depois, a importância em fazer uma boa condensação do conteúdo, e, em seguida, democratizá-lo, para que seja acessível e de fácil compreensão para o seu público alvo. Por fim, todos os episódios possuem uma espécie de musical ou esquete. Levando em conta a notória escassez de recursos da TV Cultura, fica evidente que se o conteúdo não fosse de alta rentabilidade e retorno social, não teria sobrevivido por tanto tempo na grade da TV aberta.