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Danilo Gentili por trás do véu da censura

  • 20 de maio de 2019
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Humor não precisa ofender, mas o alvo do discurso humorístico será sempre o oprimido

Thaina Reis

Danilo Gentili Júnior é famoso por fazer críticas severas à política brasileira. Reconhecido como defensor da liberdade de expressão, repudia qualquer forma de censura. Gentili faz parte da “nova geração do humor”. Sobre seu show de stand-up, Politicamente Incorreto, ele mesmo afirma não ser um show de comédia, e sim de ofensa. Em 2014, estreou no SBT como apresentador do programa The Noite com Danilo Gentili.

A polêmica situação envolvendo a deputada federal Maria do Rosário começou quando Gentili publicou três tweets a chamando de “falsa”, “cínica” e “nojenta”. Ao receber uma notificação da Câmera dos Deputados para retirar as publicações do Twitter, o comediante fez um vídeo de “unboxing”. Ele abre o envelope, rasga os documentos, esfrega em suas partes íntimas por baixo da calça, guarda-os e devolve para o remetente, afirmando: “Nunca aceite que qualquer deputado, senador, prefeito ou governador diga se você pode ou não falar alguma coisa, é você que diz se eles podem ou não falar. Eles são funcionários de vocês, não vocês deles”.

A atitude levou Maria do Rosário a entrar com uma ação, e em abril deste ano, Gentili foi condenado a seis meses em regime semiaberto por injúria. Na decisão, a juíza ressalta o direito à liberdade de expressão, mas pontua que, quando alguém ultrapassa a linha da ética, o Estado intervém. Muitos comediantes, artistas, e até mesmo o Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, se pronunciaram nas redes sociais defendendo o humorista. Surgiu, então, o debate sobre a censura e o direito à honra.

De acordo com os Direitos Humanos, todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expressão sem interferência ou censura por parte do governo ou de outro membro da sociedade. O humor é protegido pela Lei. Pode ser ácido ou desagradável, mas ainda assim é humor, ao cumprir seu papel de entreter e criticar. Entretanto, o Supremo Tribunal Federal (STF) penaliza crimes de injúria, calúnia e difamação contra a honra quando cometidos em nome da liberdade de expressão.

Humor não precisa ofender, mas o alvo do discurso humorístico será sempre o oprimido. A arte do insulto virou categoria cômica, a qual Gentili bem defende. Um dos quadros de seu programa The Noite, “Fight de Piadas” – ou “FDP” –, consiste em dois comediantes se ofendendo em um ringue. As ofensas são de ordem física, psicológica e moral. De acordo com Gentili, nesse ringue vale de tudo; a única regra é não interromper a piada do outro, porque é uma competição de piadas e o que vale é o riso. “Quanto mais baixo o nível, mais alto ficamos”, declarou o humorista Murilo Couto, ao fim de um dos episódios. No mesmo capítulo, o também humorista Léo Lins é jurado e comenta sobre a participação de uma convidada com a seguinte frase: “Ela defende negros, gays e homossexuais; é igual a Marielle, só que se morrer não faz diferença”. O episódio tem 200 mil visualizações no Youtube, e a audiência do The Noite é a maior de São Paulo.

Todos os dias mais humoristas revelam preconceitos em suas piadas e se escondem atrás do véu da liberdade de expressão. A filósofa Djamila Ribeiro propõe que o humor só faz sentido quando é uma arma para evidenciar opressões, e não naturalizar e enfatizar as práticas preconceituosas. “O verdadeiro humor é aquele que dá um soco no fígado de quem oprime”, enfatiza. Djamila enfatiza o fato de alguns humoristas, quando criticados, se sentirem censurados. “Há que se explicar para esses humoristas o que é censura. Primeiro, eles dizem e fazem coisas preconceituosas. Quem se sentiu ofendido, reclama. Onde está a censura nisso? É como se dissessem ‘nem se pode mais ser racista, machista em paz’”, critica.

A discussão acerca do que seria o “limite” do humor é grande. O ex-parlamentar Jean Willys discutiu a questão no documentário O Riso dos Outros: “Acho que os humoristas e comediantes têm que ter liberdade mesmo de fazer piadas. Agora, eles não podem achar que não têm que ser contestados, porque esse é o problema (…). Não pode ser uma via de mão única”.

O objetivo de um discurso humorístico é fazer rir, e, se a plateia está em silêncio, o comediante não fará novamente a mesma piada. A qualidade do humor só pode ser medida por quem ouve. Cabe ao Poder Judiciário conferir se há violação de direitos, mas nunca limitar a liberdade de expressão que é defendida por Lei. Aos comediantes, cabe o discurso humorístico com objetivo certo, até porque ofensa não é categoria de humor.

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