Conforto x Perfeccionismo
- 1 de dezembro de 2021
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Buscar o melhor não significa que deve-se fazer perfeitamente.
Gabriel Dias
No dia a dia o ser humano tem a incrível capacidade de se conformar. Sendo que nossos pais e um ditado popular de sucesso nos dizem que sempre devemos fazer o nosso melhor. Mas o que é fazer o melhor? Para responder esse questionamento é necessário entender primeiramente o significado de conformidade. De acordo com o dicionário, é uma situação ou ocorrência de suprir uma determinada norma ou preceitos.
Em outras palavras, é chegar em um limite aceitável de uma atividade ou tarefa que fazemos. Caindo assim numa zona de conforto, sem a busca do crescimento. É aquele tradicional exemplo de um aluno que sem esforço consegue tirar sete. Mas se tivesse focado mais, teria alcançado o dez. Mas ao analisarmos esse exemplo de escola fica fácil identificar o que é a “perfeição”, é simplesmente a nota máxima. Será? Essa nota máxima pode apenas ser a conformidade do padrão do professor ou do colégio. Até o dez vira um conforto. A questão é que na vida não temos uma nota para identificar se atingimos o nosso máximo ou se caímos na conformidade.
Por outro lado, nós mesmo nos identificamos quando fazemos uma tarefa que está “mal feita”. Quando ela está abaixo do comum, do padrão pressuposto. É mais fácil detectar quando algo é feito abaixo da média do que quando atingimos o topo, o melhor. Se é que ele existe.
Uma pesquisa realizada em 2018 pela Universidade de West Virginia, nos Estados Unidos, aponta que 40% dos adolescentes são perfeccionistas. De acordo com os resultados da mesma, isso tem causado cada vez mais transtornos e doenças psicológicas até em crianças, como ansiedade, depressão, anorexia bulimia, entre outros.
A busca pelo máximo é uma utopia. Porém necessária. Assim como um jornalista, por exemplo, precisa ser imparcial numa reportagem – coisa que jamais conseguirá – precisamos alcançar o nosso melhor. E como fazemos isso? Não é fácil, é um estilo de vida. Quando um terceiro avalia seu trabalho como ótimo, mas lá no íntimo você sabe que poderia ter caprichado mais. Esse sentimento significa que não caiu na conformidade, caso na próxima oportunidade evolua.
O que não pode ser feito é cair num paradoxo. Quando ficamos tão fissurados pela perfeição que procrastinamos ou não terminamos uma tarefa por achar que o topo não foi alcançado. Um bom exemplo disso, é o caso do Windows. Quando foi lançado, na primeira versão, constantemente apareciam mensagens de erro e os computadores travavam. A cada atualização, Bill Gates e sua equipe mudaram – e ainda mudam – um aspecto que ficou ruim ou apenas bom. Até hoje ele não alcançou a perfeição, porém você já deve ter notado uma “pequena” diferença entre o XP e o Windows 10.
A perfeição nunca será alcançada por nós. Mas não podemos nos conformar com o que alcançamos. Sempre há o que evoluir. A repetição pode ser usada tanto para nos ajudar a crescer quanto estacionar onde estamos. Depende de cada pessoa, de cada mente. O segredo não é segurar algo, e lançar quando for perfeito. Mas prosperar a cada tentativa. Assim como fez a Microsoft.