Clarissa Ward e o trunfo da CNN na cobertura do Afeganistão
- 15 de setembro de 2021
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“No lugar certo, na hora certa”, diriam alguns para a jornalista da CNN que cobriu a volta do Talibã”
Ana Clara Silveira
Apesar da Cable News Networking, a CNN, ser conhecida internacionalmente pela cobertura jornalística, ela ainda está conquistando seu poder de influência entre a população brasileira. Sua chegada recente ao Brasil na TV paga criou uma série de expectativas por conta dos nomes escolhidos para compor o time de apresentadores, como William Waack e Monalisa Perrone. Segundo o Kantar Ibope Media e UOL, os números de audiência têm crescido após um ano de lançamento da emissora no país; em alguns casos, o canal fica atrás apenas da GloboNews.
Diferencial da CNN
O conteúdo da CNN atrai pela apuração das notícias. Sendo uma emissora conhecida pelo “ao vivo”, costuma garantir ao público um acompanhamento próximo dos fatos com riqueza de detalhes e aprofundamento na história dos personagens. Quanto mais desdobramentos a pauta tiver, maior será o tempo de dedicação exclusiva do canal para abordar o tema.
Além disso, os diversos programas trazidos pela CNN conversam com leveza entre si e conseguem se aproximar de muitos gostos do público. Essa identidade da CNN diminui as distâncias entre pessoas que consomem seu conteúdo, mesmo que em formatos diferentes.
Por isso, o diálogo sobre a tomada do Talibã se tornou tão extenso. A possibilidade de debater o tema em diversos programas se tornou uma ferramenta poderosa da emissora. Mais do que isso, o controle exercido pelos Estados Unidos por um longo período acrescido dos conflitos políticos, sociais e econômicos relacionados ao Oriente Médio tornam o tema de grande relevância, e não apenas aos países diretamente envolvidos. Para a CNN, pautas que envolvam os norte-americanos soam ainda mais importantes devido a força que tem no país.
Clarissa ao vivo
Mas o verdadeiro trunfo da CNN da cobertura das trocas de poder no Afeganistão foi a presença da correspondente internacional, Clarissa Ward. A jornalista já desempenhava um trabalho sem possibilidades de retoques para seu alto nível de performance. Tranquila, segura e competente deu depoimentos de impacto sobre seu papel enquanto jornalista em meio ao caos em Cabul. Um trecho de seu depoimento sobre a permissão para que jornalistas fizessem as coberturas em território afegão evidencia o porquê do seu sucesso enquanto profissional e coloca a emissora em grande destaque frente as outras. “Não espero que me convidem para tomar um chá”, assegura.
A frase foi dita logo após a jornalista afirmar que os líderes do Talibã já pediram para que ela cobrisse o rosto ou fosse para o outro lado, e ela reforça que isso não a ofende, pois só espera desempenhar seu trabalho. Fato é que, a presença de Clarissa deu a CNN oportunidades de uma cobertura de impacto e isso se explica em alguns fatores: a proximidade dos fatos – como fuga desesperada dos afegãos no aeroporto de Cabul –, acompanhamento das histórias por meio de entrevistas irretocáveis, voz ativa de Clarissa em meio ao conflito e novo regime político.
A atuação da jornalista se tornou viral. Estampou capas, posts, ganhou visibilidade nas redes sociais e a transformou em um símbolo de coragem. Os veículos de comunicação lidam com personagens, e ainda que não se possa dizer que são como artistas ou famosos, podem garantir algo que para a televisão representa sobrevivência: a audiência. Por isso que a CNN ganhou pontos por essa cobertura sobre o Afeganistão. Competência e oportunidade são a chave para o alcance ao público.