Burnout: tirar um cochilo não é pecado
- 1 de dezembro de 2021
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75% produtividade é bem melhor do que 0%.
Adalie Pritchard
É aquele sentimento de desespero: de que não existe saída das responsabilidades do cotidiano que colocam alimento no seu prato. Acabou a paixão pelo que você faz. O primeiro pensamento ao acordar, é o desejo de que chegue mais rápido uma oportunidade para dormir de novo. O caminho para o trabalho faz você sentir como se estivesse vagando pela terra por séculos. Você não aguenta mais, e ainda é segunda-feira!
Não é que você não tenha energias para nada, é que você não tem mais energias para trabalhar. A OMS define burnout como uma síndrome de “estresse crônico no local de trabalho que não foi administrado com sucesso”. Ele é caracterizado como uma sensação de esgotamento de energia, sentimentos de negativismo ou cinismo relacionados ao trabalho e redução da eficácia profissional.
Desde que o home office se tornou comum, muitas pessoas estão trabalhando mais do que costumavam, ironicamente. A divisão entre horas laborais e pessoais tornou-se um borrão e sem perceber começamos a trabalhar o tempo todo. Nossos notebooks estão ligados o tempo todo, e nossos cérebros também. Uma pesquisa da ISMA (International Stress Management Association) revelou que 30% dos trabalhadores brasileiros sofrem de burnout.
A depressão não deve ser confundida com burnout. As pessoas que sofrem de depressão geralmente sentem uma perda de entusiasmo pela vida, enquanto o burnout se deve principalmente ao trabalho excessivo. A depressão é uma doença, o burnout não. Assim como os bebês choram de cansaço, os sintomas iniciais de burnout podem se apresentar como tristeza ou sentimentos similares. Sendo assim, esses sentimentos deveriam ser apenas um aviso para arrumar um pequeno problema, antes que ele se torne um problemão, como fadiga crônica.
Ser trabalhador é uma virtude admirável, porém, trabalhar horas extras de forma desnecessária e imprudente, pois sofrer de burnout irá afetar seu rendimento drasticamente a longo prazo. Para muitos, o descanso é um tabu, embora trabalhar como escravo é menos produtivo do que seguir uma agenda com equilíbrio entre ofício e repouso. Mesmo assim, a mídia está cheia de dicas para otimizar cada minuto do dia.
Esta abordagem de hiper produtividade é uma receita para o burnout. Sofrer privação de sono não faz ninguém melhor do que o outro, e nem se quer mais produtivo. É importante prestar atenção aos sentimentos e ao corpo para evitar um burnout antes que seja tarde demais. A régua para medir produtividade precisa ser reconstruída, e personalizada para cada indivíduo. Nossos horários, corpos e necessidades são diferentes, então de nada serve criticar a outros por organizar seu tempo de forma diferente, o importante é organizar.