Amazônia, território do mundo
- 30 de setembro de 2019
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- Thamires Mattos
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O país deve sim cuidar de sua fauna e sua flora, mas isso não é um favor a outros países. É uma obrigação
Giancarllo Batistoti
Não fosse suficiente a atenção ganhada por comentários vergonhosos do nosso maior representante ao trocar farpas com o presidente da França, Emmanuel Macron, os líderes mundiais estão preocupados com as atitudes tomadas pelo Governo Federal sobre queimadas na Floresta Amazônica. Com essas atitudes da liderança brasileira, o debate sobre a Amazônia ser um território mundial tem ganhado espaço. É interessante observar a publicação de diversas desinformações sobre as queimadas, não só de artistas como Leonardo DiCaprio ou Gisele Bündchen, mas, até mesmo do recentemente citado presidente da França. No Twitter, Macron disse: “Nossa casa está queimando. Literalmente. A Amazônia, o pulmão do nosso planeta, que produz 20% do nosso oxigênio, está em chamas. É uma crise internacional. Integrantes do G7, vamos nos encontrar em dois dias para falar dessa emergência”. Nessa fala, encontramos duas incoerências. A primeira foi a foto publicada, que, de acordo com a National Geographic, foi tirada pelo americano Loren McIntyre, falecido em 2003. O segundo erro é a afirmação da Floresta Amazônica ser o pulmão do mundo, e também responsável pela produção de 20% do oxigênio do planeta. Afinal, a maior floresta tropical do mundo também abriga a maior biodiversidade do planeta. Ela produz muito oxigênio, mas o consome na mesma intensidade.
Então, qual seria a importância dessa grande potência natural para o mundo? Mesmo com comentários errados de líderes e personalidades, a Amazônia não perde seu valor. Ela não é o pulmão, mas, sim, o nosso umidificador. Aproximadamente 20 bilhões de toneladas de vapor de água são geradas por dia e fornecidas para a atmosfera. Esse vapor é transformado em nuvens, que produzem chuvas em várias regiões da América do Sul. Outro fator a ser levado em conta é à respeito das regiões áridas no mundo. Todos os desertos são formados em latitude média. Latitudes médias são áreas da terra localizadas entre os trópicos e as regiões polares. O clima nelas é, normalmente, diferente dos trópicos e polos. Nessa lógica, a América do Sul em um quadrado territorial entre Cuiabá, São Paulo, Buenos Aires e os Andes – e, ali, deveria existir um deserto. A região escapa de ser árida e inóspita pois a Amazônia se encarrega de levar umidade. Esse é um benefício recebido não só pelo Brasil, mas também se mostra importante para biomas do Chile e Argentina.
As escolhas feitas pelo Brasil sobre a Amazônia afetam o mundo todo. Por abrigar a maior biodiversidade mundial, a responsabilidade de cuidado aumenta. À partir do momento em que leis e códigos do país passam a não ter mais eficácia no que diz respeito à fauna ou flora, a interferência do mundo é imprescindível, ainda mais quando se trata da Amazônia, que interfere diretamente em muitos. A soberania nacional deveria ser repensada em alguns pontos. O país deve sim cuidar de sua fauna e sua flora, mas isso não é um favor ao mundo, é uma obrigação! Quando não existe mais esse cuidado, outras nações deveriam se encarregar, tirando a soberania do território em questão. A Floresta Amazônica é uma só. Não deve existir a possibilidade de uma biodiversidade tão rica morrer por arrogância de líderes. Devemos ser patriotas, mas, acima de tudo, não podemos esquecer que somos todos humanos, e o planeta é nossa casa. Cuidemos dele juntos.