• Home
  • Sobre o Site
  • Quem Somos
  • Edições Anteriores
Log In

  • Home
  • Sobre o Site
  • Quem Somos
  • Edições Anteriores

HomeAnálisesAdultização, Felca e a mídia

Adultização, Felca e a mídia

  • 3 de setembro de 2025
  • comments
  • Theillyson Lima
  • Posted in Análises
  • 0

O papel da mídia na discussão de pautas relevantes para a sociedade.  

Príscilla Melo

De acordo com o Google Trends, o termo ‘‘adultização’’ e o nome Felca tiveram excessivas buscas e estavam entre os assuntos mais comentados nas redes sociais, durante a segunda semana de agosto. Segundo o Infopédia, o termo adultização significa: ‘‘Ato ou efeito de adultizar, de tornar adulto ou de tratar como adulto’’. 

O termo ganhou destaque após o influencer Felipe Bressanim Pereira, conhecido como Felca, publicar um vídeo-denúncia intitulado ‘‘adultização’’ em seu canal do YouTube. Apesar de seus quase 50 minutos, o vídeo atingiu 36 milhões de visualizações em menos de uma semana. Até o dia de hoje (01/09), o vídeo conta com 49 milhões de views e mais 280 mil comentários. 

Após a grande disseminação do vídeo, o Senado aprovou projeto de lei que cria normas para a proteção de crianças e adolescentes no meio digital. O PL 2.628/2022 aguarda agora a sanção presidencial.

Para entender o que é destacado como relevante no cenário jornalístico atual, foram analisados os conteúdos publicados pelos principais portais de notícias do Brasil, sobre o caso. Mas, antes de chegar a uma conclusão sobre como a mídia reagiu ao vídeo, precisamos primeiro entender do que ele trata.

O conteúdo do vídeo-denúncia

Logo no início do vídeo, fruto de pesquisas de aproximadamente um ano, o influenciador explicou que os assuntos presentes iriam ser abordados como um ‘‘funil’’ começando de maneira mais leve até chegar de fato às denúncias de crimes. Ao longo do vídeo, Felca, mostrou casos de exposição de menores nas redes sociais, citando primeiramente o caso de Bel Peres, conhecida pelo canal ‘‘Bel para Meninas’’, que era composto por vídeos protagonizados por ela e sua mãe.

O canal tinha milhões de inscritos e era popular entre as crianças em 2014. Os vídeos começaram a repercutir negativamente em 2020, quando denúncias de exploração infantil foram feitas e a hashtag #SaveBelParaMeninas foi levantada, devido a ‘brincadeiras’ consideradas inadequadas, que a mãe de Bel a sujeitava a participar. Na época, o caso foi investigado pelo Ministério Público e pelo Conselho Tutelar. Após a viralização do vídeo do Felca, o canal ‘‘Bel para Meninas’’ foi banido do YouTube, no dia 20 de agosto.

Outros nomes citados por Felca foram os de Hytalo Santos e Kamylinha de 17 anos, a menor de idade era a ‘protagonista’ da chamada ‘‘turma do Hytalo’’. O influenciador contava com milhões de seguidores no Instagram e no TikTok, seu público alvo variava entre crianças, adolescentes e adultos. Kamylinha estava sempre na frente das câmeras com pouca roupa, fazendo danças sensuais, rodeada por bebidas alcoólicas e em ambientes de festas que eram proporcionadas por Hytalo, que registrava tudo e publicava nas redes. 

A menor fazia parte do ciclo de Hytalo desde os 12 anos, durante esse período ela também fazia ‘shows’, que curiosamente tinham como público, homens adultos. Além disso, mesmo ainda sendo menor de idade, ela passou por um procedimento cirúrgico para a implantação de próteses mamárias, processo esse que também foi registrado. Após o vídeo-denúncia, a conta de Hytalo Santos no Instagram foi suspensa, assim como a de Kamylinha. 

Atualmente, Hytalo Santos e o marido estão detidos em João Pessoa, investigados pelo Ministério Público da Paraíba por exploração sexual de menores, trabalho infantil e tráfico humano.

Outro retrato foi Caroliny Dreher, que aos 11 anos começou a postar vídeos de dança, até então inocentes. Suas contas eram administradas pela mãe, que ao notar comentários masculinos nos vídeos da filha, começou a atender os pedidos feitos por eles, gravando vídeos cada vez mais ‘‘sugestivos’’ da menina. Como se a situação não fosse ruim o bastante, a mãe de Caroliny criou uma conta no Telegram para vender conteúdo explícito da garota, que até então tinha apenas 14 anos.

Primeiros passos da mídia

O portal de notícias O GLOBO, assim como o G1 e outros portais, demorou quase uma semana para começar a citar o tema da adultização em suas matérias. A notícia objetiva citando o Felca e explicando os assuntos tratados no vídeo, só foi publicada no dia 11/08. Na semana seguinte começaram a ser postados mais conteúdos acerca do caso, chegando a ter duas notícias por dia. A mídia recuou em primeira instância e apenas observou de longe, a fim de ver através da reação do público, se valeria a pena falar sobre. 

No dia 09/08, a CNN BRASIL usou pela primeira vez o termo adultização em seus textos, com três manchetes diferentes sobre as denúncias do Felca no mesmo dia. Desde então, o site foi diariamente recheado com conteúdos sobre o caso. No dia 11/08 houve nove textos noticiosos sobre temas tratados no vídeo e os dias posteriores não foram muito diferentes. O que mostrou uma maior agilidade da CNN se comparado com O GLOBO, que ainda estava publicando seu primeiro texto sobre o assunto neste dia. 

Apesar de tardio, o G1 também marcou presença ao longo dos dias com uma constante atualização do desenrolar do caso, mostrando seu avanço rumo ao Congresso, a prisão de Hytalo e seu marido e também de Cayo Lucas, homem que fez graves ameaças contra Felca. O influenciador afirmou ao podcast PodDelas, estar andando com seguranças e carro blindado por conta de ameaças que vem recebendo após o vídeo.

O que a mídia considerou relevante                                    

Em cada portal de notícia, tópicos específicos foram ressaltados para falar sobre o caso da adultização. O UOL teve em várias de suas notícias o foco nas redes sociais, observando as cobranças feitas sobre as plataformas, após a popularização do vídeo em que o algoritmo das redes foi colocado contra a parede. Suas notícias contaram com títulos como: A cara de pau do Instagram no caso Felca e Após vídeo de Felca, Rui pede regulamentação das redes: ‘Estimulam crimes’.

A Folha de São Paulo destacou com maior ênfase, às discussões geradas pelo tema da adultização no Congresso. Os títulos de suas publicações sobre o assunto citam frequentemente as palavras senado, câmara, congresso e projeto de lei. ‘Tsunami Felca’ mobiliza Congresso, ONGs e empresas por lei de proteção a crianças nas redes e Câmara aprova urgência de projeto para proteger crianças nas redes, sob protestos de bolsonaristas, são exemplos de manchetes.

O portal de notícias O GLOBO, buscou enfatizar em cada título de suas matérias, a pessoa Felca. Isso ficou perceptível ao notar que vários de seus textos sobre a adultização começam com o nome dele. ‘‘Felca parabeniza autoridades…’’, ‘‘Felca diz que…’’, ‘‘Felca recebe ameaça…’’, ‘‘Felca participa do ‘Altas horas’…’’, etc. Além disso, em outras matérias que não contém o nome dele de maneira explícita, no título ou nos primeiros parágrafos, contém um tópico específico intitulado ‘Quem é Felca’, mostrando o interesse em destacar a pessoa que trouxe esse assunto à tona.

O G1 ressaltou em várias de suas manchetes a palavra adultização, fazendo dessa a primeira palavra dos títulos, deixando claro que queria explorar todos os pontos derivados desse assunto, destacando o termo. ‘‘Adultização: o debate público e político’’, ‘‘Adultização: Senado aprova…’’, ‘‘Adultização reacende debate…’’, ‘‘Adultização: Porque pular etapas…’’, foram algumas das frases que deram nome aos textos do portal.

Veredito

A cobertura desse caso demonstrou de maneira clara o poder da mídia, no levantamento de pautas relevantes que devem ser discutidas. Muitos assuntos são falados diariamente na internet, mas pouquíssimos têm o boom que o tema da adultização teve. 

Essa grande atenção se deu por um conjunto de três fatores, começando pelo Felca, um grande influencer que decidiu influenciar de maneira relevante as milhões de pessoas que o acompanham. Seguido pelo público, que assistiu e compartilhou o vídeo para parentes e amigos nos grupos de WhatsApp e por fim a mídia, que pegou assunto já hypado nas redes e o expandiu para todo país através dos portais de notícia.

Acredito que a mídia em geral foi extremamente eficiente nesse caso, ao ver que os resultados estão sendo positivos. Contas foram banidas nas redes, canais deletados no YouTube, culpados foram presos, investigações estão sendo feitas e o assunto chegou até o Senado e virou projeto de lei, que se sancionada irá proteger milhares de adolescentes e crianças.

No entanto, apesar desse aspecto positivo, é válido lembrar que se não houvesse um vídeo-denúncia, nem o apoio do público, os portais de notícia jamais iriam falar a respeito desse assunto. Tudo o que fizeram foi pegar um tema que já estava em alta e intensificá-lo ainda mais. Sendo assim, a pergunta que fica é: como estaria nossa sociedade hoje se a mídia desse a mesma importância para outros temas relevantes que ainda estão no esquecimento?

Post Views: 360

Related Posts

comments
Análises

Os amigos da vizinhança cinematográfica

comments
Análises

Como salvar quem salva todo mundo?

comments
Análises

A exaustão dos filmes de super-heróis

E o que se passa na cabeça dela?

  • 3 de setembro de 2025
  • comments

Pequenos gigantes

  • 3 de setembro de 2025
  • comments

Share this

0
SHARES
ShareTweet

About author

Theillyson Lima

Related Posts

comments
Análises

Os amigos da vizinhança cinematográfica

comments
Análises

Como salvar quem salva todo mundo?

comments
Análises

A exaustão dos filmes de super-heróis

comments
Análises

A “militância” enfraqueceu a Marvel ou só escancarou os medos do público?

Tags

  • #edição233
  • adultização
  • felca
  • influenciador
  • Redes sociais

Comments

Copyright © 2019 Unasp Engenheiro Coelho