A tragédia que eu nunca tinha visto
- 5 de junho de 2024
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- Theillyson Lima
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Theillyson Lima
Uma tragédia sem precedentes, requer uma cobertura sem precedentes. Essa premissa parece bastante óbvia quando falamos das enchentes que assolaram o Rio Grande do Sul, entretanto, essa não foi a percepção inicial de grande parte dos veículos jornalísticos brasileiros.
O Rio Grande do Sul vive uma calamidade muito diferente das demais. Talvez não seja o maior número de mortos ou outras estatísticas absolutas não sejam tão impactantes, entretanto, a demora para baixar o nível dos rios, as crescentes elevações do nível e a volta das chuvas faz com que a tragédia permaneça viva a cada dia que passa.
Apesar de todos esses aspectos alarmantes, a mídia nacional demorou para entender a gravidade do caso e, sendo ainda mais direto, talvez não tenha entendido até agora. As repercussões e sequelas dessas chuvas serão sentidas por anos e anos, nos mais diversos setores.
Escrevo este texto de Engenheiro Coelho, mais de 1000 quilômetros distante do epicentro do desastre e a cada relato diferente, percebo que não consigo entender o que de fato está acontecendo. A mídia tenta, de suas formas, alertar o país sobre os problemas das famílias enlutadas, da reconstrução do estado, das indústrias afetadas, das plantações perdidas, entre outros aspectos.
São tantos setores e pessoas afetadas, que acredito que o jornalismo não seja capaz de demonstrar a completa realidade da tragédia. Infelizmente, o povo gaúcho terá as cenas dessas enchentes vivas e claras, de modo que uma tela, um rádio, um jornal e um site não são capazes de retratar.
Ainda assim, é fundamental entender o papel do jornalismo no meio desse cenário. Como foram os alertas da tragédia? E a cobertura local? Será que as fake news estão atrapalhando os resgates e as doações? Por que a demora em levar o noticiário nacional até o estado?
Estas e outras perguntas procuram ser respondidas nesta edição do Canal da Imprensa, que será histórica, não pela qualidade dos textos ou pela importância do tema, mas por falar de uma tragédia que, se não for a maior, está entre as maiores da história do Brasil.
Pode ser que ao ler os textos você se depare com aspectos que ainda não tinha parado pra pensar, o que pode trazer mais pesar e reflexão sobre o que acontece no Rio Grande do Sul. Que o jornalismo seja uma ferramenta que ajude a evitar, alertar, conscientizar e confortar o povo em momentos delicados. Afinal, essa é uma profissão que tem o dever de estar presente e ser ferramenta de transformação.