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A “militância” enfraqueceu a Marvel ou só escancarou os medos do público?

  • 15 de outubro de 2025
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  • Theillyson Lima
  • Posted in Análises
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Os heróis mudam, mas a resistência em acompanhar pode estar anunciando o fim de uma era.

Vefiola Shaka

“Os heróis são inspirados.
Emergindo apenas quando necessário,
Revelando-se ao mundo em um instante
Marcados pela compreensão de seu destino final.
Com as costas contra a parede,
Eles ascendem pelo caminho sinuoso de seu próprio destino,
Mal conhecendo a borda,
Apesar de lidarem com a vida inteira com duas mãos.”
– Metro Boomin, Around Me

Os heróis sempre surgem quando o mundo precisa deles, mas e quando o público não está mais disposto a acreditar neles? Entre 2012 e 2019, a Marvel dominou as telas com a força imbatível de suas histórias, culminando em Vingadores: Ultimato, um marco histórico com US$ 2,7 bilhões em bilheteria. 

Hoje, porém, o universo que parecia invencível vive uma crise inédita. Produções como The Marvels (2023) mal alcançam a casa dos US$ 200 milhões, um dos piores resultados da história do estúdio. O que está por trás desse desgaste? Seria o cansaço do público, a saturação de histórias ou, talvez, a sombra da chamada “militância” que ronda o debate?

A maior parte das críticas que acusam a Marvel de “militância” não tem como alvo um discurso explícito, mas sim a presença de corpos e vozes historicamente marginalizadas. É o que podemos chamar de militância percebida que é uma reação emocional à simples existência de personagens que fogem do padrão branco, masculino e heterossexual. Mesmo quando não há discurso político evidente, a narrativa é atacada como se fosse panfletária. 

A Marvel raramente faz militância real porque seus filmes seguem majoritariamente fórmulas seguras e pouco confrontadoras. Mas basta uma protagonista mulher ou um herói negro para parte do público gritar por “lacração”. 

Capitão América negro

“É tão doloroso ver o ódio e a acrimônia que são direcionados a nós (os fãs) só porque há um personagem negro, mulher ou outra minoria em qualquer projeto… Eu vejo pessoas dizendo ‘esse não é o meu Capitão’, quando ele literalmente tem sido o Capitão por anos nos quadrinhos.” – comentário de um fã no Reddit

A fala, publicada por um fã afro-americano, resume o absurdo da reação que parte do público tem diante do novo Capitão América em pleno 2025.  O Capitão América “mudou” principalmente porque Steve Rogers passou o manto para Sam Wilson após se aposentar em Vingadores: Ultimato. Nos quadrinhos há quase uma década que aconteceu essa mudança, e ainda assim, cada aparição sua gera revolta.

O que muitos chamam de “politicamente correto” é, na verdade, coerência narrativa. 

O que assusta não é do personagem ser negro, mas o símbolo da América ser empunhado por alguém que a própria história real tentou calar por tanto tempo. 

Os números 

O “Capitão América: Admirável Mundo Novo”, primeiro com Anthony Mackie no papel principal, simboliza esse novo momento. A produção já ultrapassou a bilheteria total de Capitão América: O Primeiro Vingador (2011), somando US$370,7 milhões mundialmente, contra os US$370,5 milhões do original com Chris Evans. Mesmo assim, ainda enfrenta um desafio maior que é a aprovação do público.

As avaliações revelam o contraste. Enquanto O Primeiro Vingador tem 80% no Rotten Tomatoes e 82% de aprovação no Google, Admirável Mundo Novo registra 55% de aprovação dos usuários do Google, 46% no Rotten Tomatoes. Parte das críticas surgem antes mesmo da estreia, que representa uma onda de rejeição movida menos pelo conteúdo do filme e mais por uma reação emocional à ideia de representatividade.

Nos fóruns e redes sociais, é comum ver ataques direcionados a produções lideradas por mulheres ou minorias. “Eles nem assistem”, comentou um usuário no Reddit, sobre críticos que negativam séries no IMDb antes do lançamento. “São fazendeiros de indignação que perceberam que podem conseguir cliques (e dinheiro) dizendo essas coisas. Eles estão sendo provocativamente ofensivos.” Querendo ou não, isso acaba afastando parte do público que opta por não assistir simplesmente para não se envolver em controvérsias ou ser alvo desses comentários.

Além de Sam Wilson, heroínas como Capitã Marvel e She-Hulk também enfrentaram resistência. Parte do público acusa a Marvel de “forçar diversidade” e “priorizar discursos ideológicos em vez de boas histórias”. Mas o que muitos chamam de militância é, na verdade, a tentativa de atualizar o universo heroico para um mundo que já mudou.

Os heróis sempre foram espelhos de seu tempo. Se antes representavam a América ideal, hoje refletem uma sociedade que questiona privilégios e busca espaço para novas vozes. A crise aparentemente não está nos heróis, mas em quem não suporta vê-los mudarem. É claro que isso leva ao fim de uma era. 

Marketing e política

O problema, porém, não é a militância, é a forma como ela é feita. Quando a representatividade vira um produto de marketing, o público se desconecta. The Boys, da Amazon, é a prova contrária. A série ironiza o racismo, o machismo e o moralismo, mas faz isso com narrativa e sátira, sem deixar o entretenimento de lado.

Vale lembrar aqui também que a Marvel sempre foi política. O Capitão América nasceu em 1941 como propaganda antifascista, e o Pantera Negra foi o primeiro super-herói negro dos quadrinhos, em plena década de 1960. 

E personagens como Miles Morales, o Homem-Aranha negro e latino, criado em 2011, mostram que diversidade e profundidade podem caminhar juntas. A personagem do Miles não foi “inventada” pela militância moderna, mas construída com humanidade, humor e conflito real e é isso que o público reconhece.

A falta de qualidade 

Após anos de sucesso, o estúdio parece ter se perdido em meio à quantidade de lançamentos e à pressa em se manter relevante. A queda na qualidade técnica e narrativa se deve à sobrecarga de produções, ao uso excessivo de efeitos visuais e à falta de tempo para desenvolver roteiros sólidos.

O resultado é um universo com histórias apressadas e personagens mal explorados, no qual pautas sociais são introduzidas sem profundidade, como se bastasse mencionar elas para gerar impacto. Para alguns fãs, a diversidade deixou de ser parte orgânica da narrativa e passou a soar como um recurso publicitário.

Segundo um fã da Marvel, o problema é querer militar em cima de algo sem lógica. “Na série Coração de Ferro, por exemplo, eles já usam a carta dela para ser negra, o que não tem absolutamente nada a ver com a capacidade dela em desenvolver armaduras”, explica. Para o internauta, com uma boa produção e um bom roteiro, não importa muito quem é o personagem, o público vai gostar se for bem feito. 

A representatividade LGBTQIA+

Outro ponto que para algumas pessoas ainda é considerado polêmico é a presença de heróis LGBTQIA+.Talvez o que mais irrite não seja a sexualidade ou identidade desses personagens, mas o espelho que eles devolvem a um público acostumado a só se reconhecer no mesmo rosto, na mesma cor, no mesmo amor. Há quem chame de “militância” o simples ato de existir fora da norma, como se a pluralidade fosse uma ameaça à fantasia.

A Marvel, entre acertos e tropeços, ensaia uma nova mitologia: Loki, bissexual, Valquíria que é bissexual e soberana sem par, Phastos, um homem gay que constrói o futuro com o marido e o filho; America Chavez, lésbica e imigrante interdimensional.

E se isso causa incômodo, talvez o problema não esteja neles, mas em quem insiste em querer heróis imutáveis. Porque, no fim, o propósito dos heróis nunca foi repetir o mesmo molde, mas inspirar o seu público. 

A representatividade é essencial, mas não basta mudar a cor do uniforme, é preciso contar boas histórias. O que afastou parte da audiência não foi a inclusão, mas a falta de emoção e identidade que tornavam os heróis inspiradores.

No fim das contas, a militância não destrói heróis, roteiros fracos sim. Como diz a letra da música no começo do texto, os heróis emergem apenas quando necessários, se revelando em um instante, marcados pelo destino final. Mas hoje, com as costas contra a parede, eles enfrentam um caminho sinuoso, e talvez o público, cansado ou resistente, simplesmente não esteja mais disposto em acompanhar eles nessa jornada.

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