VEJA – O Brasil precisa de reforma urgente na saúde (política)
- 8 de junho de 2015
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- Thamires Mattos
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Sandra Maciel
A saúde no Brasil tem sido fonte de grande preocupação. Segundo o Datafolha, 93% da população está descontente. Se o serviço público não atende bem, o melhor é optar pelo serviço privado, porém os planos de saúde cobram valores elevados dos conveniados e não oferecem grandes diferenciais com relação ao velho Sistema Único de Saúde (SUS). Logo, os problemas são gerais, tanto na área pública quanto na privada.
O SUS existe há mais de 32 anos. E, ainda hoje, se encontra em fase de implantação. Possui estrutura inadequada, médicos desvalorizados que não recebem o que merecem por seu trabalho, profissionais que são obrigados a atender um número expressivo de pacientes por plantão, longas filas de atendimento, falta de medicamentos e itens básicos, entre outros aspectos. Quando o sistema estiver consolidado e fazendo jus as abusivas taxas de impostos pagos pelos cidadãos brasileiros, mortes poderão ser evitadas e enfermidades serão solucionadas.
O governo estuda possibilidades de criar novos impostos que ajudem a financiar o SUS. No entanto, do que adianta ter dinheiro acumulados nos cofres públicos se o mesmo é mal gerido? A grande questão está na política partidária que muda a cada 4 anos e não atende a demanda dos brasileiros, ou seja, o interesses próprio de cada gestão é colocado como prioridade ao invés dos projetos e programas de saúde.
A revista Veja da Editora Abril, ao retratar a questão da saúde, aponta os graves erros ocorridos no país. Leslie Leitão escreveu uma matéria no dia 11 de fevereiro deste ano que aponta a falta de estrutura do hospital Souza Aguiar no Rio de Janeiro, maior hospital público do Estado. A semanária teve acesso a dois vídeos que foram filmados por parentes de pessoas internadas. A situação hospitalar foi caracterizada como “infernal” já que a temperatura marcada pelos termômetros das ruas atingia os 40 graus e a infraestrutura do hospital não contemplava ar-condicionado.
A revista, na maior parte das vezes, aponta as dificuldades do sistema de saúde como atual. Usa de todos os seus recursos para mostrar unicamente os erros da gestão petista, dando a entender que antigamente não havia dificuldades sanitárias. A mídia deve ser usada como meio de fiscalização para o povo. Mas meio de fiscalização não é sinônimo de meio de manipulação. É difícil encontrarmos um veículo no Brasil que não seja político partidário. Contudo há de se esperar um pouco mais de jornalismo puro nos grandes veículos.
Mais uma vez, a mídia tem como prerrogativa servir de fiscal para a população. Veja, no entanto, perdeu sua identidade jornalística. Levanta claramente sua bandeira partidária que é essencialmente de direita. Porém a bandeira oscila de um lado para o outro, conforme seus interesses.
A matéria intitulada O almoço indigesto de Padilha trata das vaias recebidas pelo ex-ministro da Saúde, Alexandre Padilha, em restaurante no Itaim em São Paulo. A matéria recebeu grande destaque. Um cliente do restaurante se levantou e disse que o ex-ministro brindou a sociedade com o programa ‘Mais Médicos’, “da presidente Dilma Rousseff, responsável pelo gasto de um bilhão de reais que nós, otários, pagamos até hoje”. Veja disponibilizou o vídeo da situação em sua página na internet.
A revista é enfática em suas publicações ao se posicionar contra a atual gestão do governo. Ao longo do texto intitulado Ministro da Saúde nega epidemia de dengue no país isso fica claro. Há duas maneiras de se trabalhar com o conceito de epidemia, ou avalia-se a série histórica ou adota-se os parâmetros da Organização Mundial da Saúde (OMS). Veja opta pelos dados da OMS, os quais afirmam que 300 casos da doença para cada 100 mil habitantes já é sinal de epidemia. Dessa forma, a semanária nitidamente desmente o ministro Artur Chioro com um argumento advindo de um órgão oficial da saúde pois, no Brasil, são 367,8 casos para cada 100 mil habitantes. Mas ignora o fato de que a série histórica aponta para resultados positivos. Assim, define sua linha editorial.
Outra matéria na sequência mostra a preocupação de outros países com relação ao contágio de dengue no Brasil. A gravidade do fato é indiscutível, mas o viés da notícia é tendencioso. O leitor não sabe qual o foco da informação, se a dengue ou o descrédito da atual gestão. E isso ocorre em diversas reportagens do veículo. A tendência é esta, defender políticas e políticos de direita.
Os problemas de saúde no Brasil não são recentes. Eles foram aumentando com o passar do tempo devido aos erros políticos administrativos. A saúde nunca teve tanto destaque em Veja como no governo vigente. Os problemas da saúde no Brasil apontam para a necessidade de uma reforma política e do próprio jornalismo. Este porque é partidarista e aquele porque gere mal os recursos públicos.