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What in the COP 30 está acontecendo?

  • 25 de novembro de 2025
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  • Theillyson Lima
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Enquanto jornais internacionais discutem crises e polêmicas, o clima real continua em segundo plano.

Vefiola Shaka

A COP 30 chegou ao fim, pelo menos no cronograma oficial. Na imprensa internacional, porém, o evento continua vivo, transformado em narrativa, manchete e disputa de interpretações. É justamente no pós-conferência que a cobertura midiática revela seus padrões. 

Seria previsível começar este texto explicando a cobertura internacional da COP 30 e quais pautas dominaram as duas semanas de discussões globais. Mas algo polêmico não permitiu essa introdução neutra. Bastou uma declaração atravessada do chanceler alemão Friedrich Merz para que jornais europeus e norte-americanos deslocassem o eixo do debate e tratassem a conferência como um palco de tensões diplomáticas, e não de decisões climáticas.

A maneira como a mídia internacional escolheu narrar o evento evidencia esse movimento. Veículos influentes enfatizaram o tom pessimista das Nações Unidas, com manchetes como “ONU alerta que o mundo está perdendo a batalha climática, mas o acordo frágil da COP 30 mantém a luta”. Outras publicações foram ainda mais contundentes e classificaram o encontro como uma promessa não cumprida.

Um presente ou um discurso desrespeitoso?  

Na Alemanha, a Deutsche Welle registrou o episódio que desencadeou a polêmica. Durante um discurso no Congresso Alemão de Comércio, o chanceler federal Friedrich Merz decidiu exaltar as belezas do próprio país, mas o fez por meio de uma comparação depreciativa com Belém, cidade que sedia a COP 30. Ele relatou a seguinte cena:

“Senhoras e senhores, vivemos em um dos países mais belos do mundo. Na semana passada, perguntei a alguns jornalistas que estavam comigo no Brasil: Quem de vocês gostaria de ficar aqui? Ninguém levantou a mão. Todos ficaram contentes por termos retornado à Alemanha, na noite de sexta para sábado, especialmente daquele lugar onde estávamos.”

Ele é assim mesmo

A matéria da Deutsche Welle destacou que esse tipo de declaração não é novidade. Merz já havia sido criticado semanas antes por frases consideradas ofensivas sobre migrantes, e muitos alemães se perguntaram se ele age de forma calculada ou simplesmente não percebe o peso de certas comparações.

Ainda assim, a reação no país foi discreta. A maior parte da imprensa tratou o episódio de forma superficial ou preferiu ignorá-lo. A cobertura concentrou-se mais nas tentativas do governo de minimizar a repercussão do que no teor da fala em si. Um porta-voz buscou reduzir as críticas afirmando que Merz considerou a visita ao Brasil produtiva e que lamentava não ter tido tempo para conhecer a Amazônia, deslocando o debate para a falta de paisagens visitadas, e não para o caráter depreciativo do comentário. Após uma busca, é possível perceber que quase não há matérias ou reportagens sobre esse episódio em veículos.

Falando em sites brasileiros, o movimento foi o oposto do europeu. A fala dominou o noticiário por dias. Portais como G1, CNN Brasil, Gazeta do Povo classificaram a declaração como desrespeitosa e reforçaram o impacto negativo de reduzir Belém a uma comparação pejorativa. Autoridades, especialistas e moradores apontaram o tom preconceituoso e a falta de compreensão cultural presentes no comentário do chanceler.

O depois

Depois da polêmica inicial, parece que as tensões entre o chanceler alemão Friedrich Merz e o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva começaram a se acalmar. Segundo reportagem da Deutsche Welle, após conversarem no sábado à margem da cúpula do G20 na África do Sul, Merz escreveu no X que “na próxima vez em Belém, vou explorar mais, desde passos de dança até a comida local e a floresta tropical”.

Lula compartilhou uma foto dos dois apertando as mãos, informando que Merz o havia convidado para Hanover em abril para a abertura da maior feira mundial de tecnologia industrial e reforçou que “o Brasil será país parceiro da feira”.

O presidente brasileiro comentou que, se Merz tivesse ido a um bar, comido e dançado no Pará, perceberia que Berlim não oferece nem 10% da qualidade de vida que o estado e a cidade proporcionam. Isso mostra claramente que a narrativa internacional sobre o Brasil e o clima ainda é moldada mais por estereótipos do que por fatos.

A opinião do pai ausente 

Apesar de a COP 30 ter sido retratada em geral por veículos como o The Guardian como um momento em que “o mundo não está ganhando a luta climática, mas ainda está na luta”, e analisada pela The Conversation como um encontro que prometia ser a “COP dos povos” mas acabou refletindo os mesmos impasses estruturais de sempre, a mídia norte-americana abordou o evento com uma distância que moldou todo o enquadramento internacional. 

Segundo a reportagem do The Guardian, embora um acordo tenha sido fechado, ele foi classificado como uma decepção, deixando de avançar em pontos centrais como a eliminação de combustíveis fósseis e o combate ao desmatamento. Como observa Jasper Inventor, do Greenpeace Internacional, “a COP 30 começou com grande ambição, mas terminou com um suspiro de decepção. Este era o momento de passar das negociações para a implementação, e isso escapou”.

A matéria ressalta que, mesmo diante de uma década de desafios globais e de um contexto marcado por nacionalismo, guerras e desconfiança, a conferência conseguiu evitar o colapso completo. O chefe climático da ONU, Simon Stiell, afirmou: “O mundo não está vencendo a luta contra a crise climática, mas ainda está nessa luta.” Apesar disso, decisões importantes foram adiadas para processos externos à ONU e prazos para o financiamento da adaptação foram empurrados para 2035, evidenciando a lentidão e a insuficiência das medidas acordadas.

A reportagem também critica a limitada participação de povos indígenas, destacando que, mesmo sendo chamada de “COP Indígena”, a conferência ainda excluiu grande parte dessas vozes essenciais. James Dyke, cientista climático da Universidade de Exeter, comentou: “Apesar dos melhores esforços do anfitrião, a COP30 não conseguiu nem mesmo fazer com que os países concordassem com a eliminação dos combustíveis fósseis. Este resultado vergonhoso é fruto de interesses próprios estreitos e de uma política cínica.”

Enquanto na cobertura do New York Times, a COP 30 aparece menos como um esforço climático global e mais como um palco de crises políticas, ausências estratégicas e cenas paralelas que desviam a atenção das negociações, observa-se também um claro foco nas potências internacionais. Os textos sobre a ausência dos Estados Unidos, o vácuo de liderança global e o avanço calculado da China formam a espinha dorsal da cobertura: de 16 matérias analisadas, quatro abordam a China, destacando seu papel como líder em energia limpa, enquanto seis tratam dos EUA e de seu poder geopolítico.

Ao mesmo tempo, reportagens sobre o incêndio em um pavilhão, turistas substituindo ratos em um mercado reformado às pressas e confrontos com povos indígenas transformam Belém em um cenário instável e exótico, frequentemente mais protagonista que o próprio clima.

Essa escolha editorial evidencia um enquadramento em que a urgência climática global é secundarizada, e a conferência é retratada principalmente como espetáculo geopolítico, reforçando a narrativa de que o clima funciona como ferramenta de poder internacional e não como prioridade ambiental concreta.

Isso é a abordagem típica da imprensa dos Estados Unidos, que tratou a ausência completa da delegação norte-americana como dado burocrático e não como o gesto político que reconfigurou a dinâmica das negociações, abriu espaço para manobras de Arábia Saudita e Índia e contribuiu para o esvaziamento das metas sobre combustíveis fósseis. 

O que os europeus pensam sobre

A imprensa europeia, representada por jornais como Rai News, Euronews, TRT World e até a Klan TV (jornal albanes), mostra uma cobertura da COP 30 que segue o mesmo padrão informativo que privilegia o olhar de fora. As matérias descrevem com precisão os anúncios europeus, os relatórios de risco climático e as promessas de financiamento, enquanto Belém aparece principalmente como o cenário de ocorrências extraordinárias, incêndio no pavilhão, tensões com povos da floresta, evacuações e polêmicas políticas que acabam ofuscando o debate ambiental. 

A Europa é apresentada como ator racional e organizado, discutindo metas, fundos e liderança, enquanto o Brasil surge como espaço onde o imprevisível acontece, do suposto corte de milhares de árvores ao desconforto diplomático provocado por declarações estrangeiras.

Neste enquadramento, a Dinamarca aparece como exemplo de ambição. Publicado em uma matéria da Euronews, o ministro Lars Aagaard anunciou que o país pretende cortar entre 82% e 85% das emissões até 2035, afirmando que “a Dinamarca deve permanecer entre os mais ambiciosos do mundo” e que é possível conciliar metas rigorosas com competitividade econômica e coesão social. 

A posição do Parlamento Europeu, divulgada em nota oficial, reforça essa narrativa europeia de protagonismo e liderança. Segundo Lídia Pereira, presidente da delegação, “embora o ritmo global para a ação climática seja mais lento do que deveria, o multilateralismo se manteve, e permanecemos determinados a pressionar por uma ambição compatível com o que a ciência exige”. O vice-presidente Mohammed Chahim acrescenta que “o resultado da COP 30 garante uma base mínima, mas a resistência de países produtores de petróleo e os equilíbrios geopolíticos limitaram medidas mais significativas”. 

No fim, a COP 30 terminou, mas a maneira como foi narrada diz mais do que qualquer acordo assinado. A conferência que deveria unir o mundo revelou, mais uma vez, que cada imprensa continua falando sobretudo para si mesma. E que, quando o assunto é clima, a maior parte das narrativas internacionais ainda aquece muito a retórica, mas esfria exatamente onde importa.

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