Senta! O espetáculo já começou
- 16 de outubro de 2024
- comments
- Theillyson Lima
- Posted in Debate
- 0
Será que realmente a imprensa deve cobrir tudo das eleições, mesmo que isso envolva pessoas se pagando de maluco?
Yasmim Larissa
Em meio à turbulência das eleições brasileiras de 2024, um questionamento surge no cenário midiático: até que ponto a imprensa deve dar voz aos candidatos? O velho ditado “falem bem ou falem mal, mas falem de mim” parece ter se tornado a estratégia de campanha preferida de certos concorrentes.
Quando falamos de mídia, não devemos pensar somente nos veículos jornalísticos, mas em algo que a cada eleição que avança, tem ganhado mais força no meio eleitoral: as redes sociais Neste ano, foi notável que aqueles que utilizam estrategicamente os meios digitais, dominam as manchetes, memes e alcançam “trending topics”.
Figuras como Pablo Marçal, candidato a prefeito de São Paulo, frequentemente apresentava-se nos debates, mais parecido com um espetáculo de circo, e fazia comentários infundados e, constantemente, buscava ser notado. Não importava se o momento em que ele aparecia era negativo ou positivo, apenas qual trecho ele iria usar em suas redes sociais. Não foi atoa que o mesmo recebeu votos suficientes para ficar em 3° lugar pela cadeira de prefeito.
Circo midiático
É como se estivéssemos em um circo midiático, onde o mais extravagante ganha mais espaço, independentemente da substância de suas ideias. Então, é de se questionar: qual é o papel da mídia em uma democracia? Certamente, não é o de ser um mero megafone para qualquer voz que grite mais alto. A responsabilidade primordial dos meios de comunicação é informar o público, fornecendo um contexto que permite aos cidadãos fazerem escolhas informadas.
A situação se complica ainda mais quando consideramos a teoria da espiral do silêncio, proposta pela cientista política alemã Elisabeth Noelle-Neumann. Esta teoria sugere que indivíduos omitem suas opiniões quando conflitantes com a opinião dominante devido ao medo da crítica, como o caso de alguém racista que, por entender que a opinião dominante é de que isso é errado, opta por silenciar-se. Ao dar voz excessiva a posições extremistas -como vimos nas eleições brasileiras de 2018- , corremos o risco de encorajar tais grupos e aumentar o número de preconceitos gerados por discursos malucos.
O que é “maluco” na política?
Não é fácil definir um maluco. O que sua mãe pode considerar como alguém ou uma fala maluca, pode ser que não seja para você. A verdade é que não deveríamos nos questionar sobre “o que é um maluco”, mas sim sobre como o comportamento de quem apoio, suas falas e sua maturidade para lidar com as situações políticas. Se eu voto em alguém que possui discursos extremistas, está a todo tempo levando a política como brincadeira, e essa pessoa é eleita, no momento em que ele cometer uma “mancada”, não terei como me surpreender. Afinal, ele sempre demonstrou ser assim.
As eleições de 2018 servem como um ótimo exemplo de maluco eleito que ganhou palco, mas no momento que algo sério, como uma pandemia, aconteceu, seu discurso se baseava em “não ser um coveiro” para cuidar da saúde pública do país que o havia escolhido.
A mídia deve aspirar a ser mais do que um palco para o espetáculo político. Ela deve ser um farol de clareza em meio à confusão e um guia que ajuda os cidadãos a não caírem em gargalhadas com os palhaços.