ONU: tentativas frágeis ou compromisso firme?
- 15 de maio de 2024
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- Theillyson Lima
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A Organização das Nações Unidas é um importante combatente em relação às guerras internacionais. No entanto, surge a questão: será que ela tem desempenhado seu papel?
Julia Viana
Um novo capítulo foi iniciado na história que narra a longa trajetória de Israel e Palestina, um conflito entrelaçado por questões políticas e religiosas, que vem se estendendo por mais de sete décadas e cobrando um pesado tributo em vidas de ambos os lados. Em 7 de outubro de 2023, o grupo extremista islâmico Hamas surpreendeu Israel com um bombardeio, resultando em centenas de vítimas e feridos, marcando o ataque como o início de uma campanha pela conquista territorial.
O conflito se estende quando as forças armadas israelenses responderam ao ataque, desencadeando uma ofensiva em Gaza que resultou em mais perdas humanas. Logo após isso, Israel suspendeu todo abastecimento de água, energia, combustível e comida ao território palestino.
Entender qual o estopim e as motivações para o início desse conflito não são um problema para aqueles que se consideram atualizados sobre a história e os acontecimentos globais. Agências de notícias, jornais e portais de notícias dão destaque para esse grande conflito e suas abordagens são diversas para transmitir essa mensagem. Ao decorrer do conflito, frentes de paz internacionais que estão ajudando na guerra entre Israel e Hamas incluem esforços de organizações e países para mediar o conflito e buscar soluções diplomáticas, um desses exemplos é a ONU. Mas será que todos sabem qual o papel da ONU dentre todo esse conflito?
A Organização das Nações Unidas (ONU), estabelecida durante a Conferência de São Francisco em 1945, é amplamente reconhecida como um órgão internacional de importância crucial. Oficialmente inaugurada em 24 de outubro de 1945, após a ratificação da Carta das Nações Unidas por seus membros fundadores, a ONU atualmente abrange 193 países-membros, além de dois Estados observadores não membros.
Apesar de sua missão declarada de promover a paz internacional e proteger os direitos das populações, a eficácia da ONU tem sido questionada em diversas ocasiões. Embora se envolva na mediação de conflitos geopolíticos e na promoção da ajuda humanitária, críticos apontam para sua burocracia excessiva e sua incapacidade de agir rapidamente diante de crises urgentes.
Para melhorar sua atuação, a ONU depende de representantes em territórios de países-membros, como o Brasil, que desempenham um papel crucial na comunicação e coordenação de esforços. No entanto, a organização enfrenta desafios significativos em seu compromisso de alcançar seus objetivos nobres em um mundo marcado por interesses políticos e agendas nacionais conflitantes.
Apelo por um cessar-fogo imediato
A comunidade internacional tem acompanhado de perto os desdobramentos do conflito entre Israel e Palestina, com a ONU desempenhando um papel central ao chamar a atenção para a urgência de um cessar-fogo imediato. A pressão internacional e os apelos por uma trégua visam não apenas interromper a violência atual, mas também criar as condições para a saída e a busca por uma paz tensão na região, destacando a importância de respeitar o direito humanitário internacional e proteger a vida e os direitos da população afetada pelo conflito.
A organização fez um apelo para um cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza, interrompendo o aumento da violência e protegendo a população civil afetada pelo conflito. Esses apelos foram reforçados pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, que enfatizou a necessidade urgente de um cessar-fogo humanitário para permitir a libertação de reféns e o acesso à ajuda humanitária.
A abstenção dos Estados Unidos em uma resolução do Conselho de Segurança da ONU foi um ponto de virada, permitindo a aprovação do apelo por um cessar-fogo imediato. No entanto, Israel expressou resistência em aderir a essa determinação, destacando a complexidade e as divergências profundas entre as partes envolvidas no conflito. Essas divergências políticas e estratégicas tornam a implementação eficaz das resoluções da ONU um desafio, dificultando a busca por uma solução sustentável que garanta a paz e a segurança duradouras na região.
Proteção dos civis
A organização tem enfatizado repetidamente a importância de respeitar o direito humanitário internacional e garantir que a população civil, incluindo mulheres, crianças e idosos, não seja alvo de ataques ou sofra danos colaterais. O secretário-geral da ONU, António Guterres, tem condenado veementemente qualquer ataque dirigido a alvos civis, considerando-os uma violação grave do direito internacional.
Assim, a ONU tem feito apelos urgentes para que todas as partes envolvidas no conflito respeitem a vida e a dignidade dos cidadãos e tomem todas as medidas possíveis para evitar baixas entre uma população não combatente. Isso inclui a adoção de precauções durante os ataques, a fim de minimizar os danos ao cidadão e as infraestruturas civis, bem como a garantia de acesso seguro e irrestrito à ajuda humanitária para atender às necessidades básicas da população afetada.
Além disso, ela tem trabalhado em estreita colaboração com agências humanitárias e organizações de direitos humanos para monitorar a situação no terreno, documentar publicamente os abusos e fornecer assistência às vítimas. Esforços têm sido feitos para garantir que os cidadãos tenham acesso a serviços essenciais, como água, saneamento, saúde e educação, mesmo em meio aos confrontos.
A proteção da população civil é um princípio fundamental do direito humanitário internacional e uma obrigação moral inegociável. A ONU continua a pressionar todas as partes envolvidas no conflito para que respeitem suas obrigações legais e éticas de proteger a população civil e evitar o aumento da violência. Somente com o respeito aos direitos humanos e a priorização da segurança e do bem-estar dos civis será possível criar as condições de permissão para uma paz e rigor na região.
Apelo por negociações de paz significativas
A ONU tem sido uma voz constante, incentivando as partes envolvidas a voltarem à mesa de negociações e a buscarem soluções concretas para o conflito em curso. No entanto, esses apelos, embora bem-intencionados, parecem muitas vezes desconsiderar a realidade complexa e as profundas disparidades de poder entre Israel e Palestina. Além disso, a insistência da ONU em cumprir estritamente as resoluções do Conselho de Segurança da ONU ignora as nuances do conflito e pode alienar as partes envolvidas, dificultando ainda mais o progresso em direção a uma paz sustentável.
Embora a organização argumente pela necessidade de um compromisso genuíno de ambas as partes, sua abordagem parece negligenciar as assimetrias de poder e as históricas injustiças que permeiam o conflito. A insistência em uma abordagem de “coexistência” e “segurança para todos” ignora as realidades de ocupação, bloqueio e discriminação enfrentadas pelo povo palestino, minando a credibilidade da ONU como um mediador imparcial.
Enquanto a ONU continua a apelar por negociações construtivas e inclusivas, é necessário questionar se sua abordagem está verdadeiramente abordando as raízes profundas do conflito e se está levando em consideração as necessidades e aspirações legítimas de todas as partes envolvidas. Em vez de simplesmente seguir os procedimentos formais e pedir compromissos vazios, a ONU precisa adotar uma abordagem mais crítica e contextualizada que reconheça e confronte as injustiças estruturais ao conflito entre Israel e Palestina.
Diante do conflito entre Israel e Palestina, a atuação da ONU tem sido objeto de análise. A organização tem desempenhado um papel central ao chamar a atenção para a urgência de um cessar-fogo imediato, reforçando a importância do respeito ao direito humanitário internacional e à proteção da população civil. No entanto, apesar dos apelos e das resoluções emitidas, a implementação eficaz dessas medidas tem sido desafiada pela resistência e divergências entre as partes envolvidas.
Em outra instância, a abordagem da ONU em buscar negociações de paz significativas tem sido criticada por alguns, que alegam que a organização negligencia as profundas disparidades de poder e injustiças históricas subjacentes ao conflito. Em última análise, enquanto a ONU continua a desempenhar um papel crucial na busca por soluções pacíficas, há um debate contínuo sobre a eficácia de sua abordagem e sua capacidade de enfrentar os desafios complexos que envolvem o conflito entre Israel e Palestina.