Audiência na Copa do Mundo Feminina
- 30 de agosto de 2023
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- Theillyson Lima
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Um passo em direção à igualdade no esporte.
Sâmilla Oliveira
Não precisamos de esforço para admitir que a Copa do Mundo Feminina em 2023 foi um marco na história. Nesta edição, os estádios vibraram com o recorde de presença de torcedores, enquanto as telas capturavam a bola em campo para uma audiência nunca alcançada antes no futebol feminino. Na TV e na internet, o talento das 736 jogadoras inscritas na competição envolveu o mundo em um torneio que ficará gravado na história como um passo largo rumo ao reconhecimento das mulheres no futebol.
Além da TV
De acordo com a apuração do Estadão, a Copa do Mundo de 2023 foi o Mundial feminino mais visto da história. Somente na fase de grupos, 1.222 milhão de espectadores foram aos estádios, com uma média de mais de 25 mil pessoas por jogo. Esses números representam um aumento de 29% em relação à Copa do Mundo de 2019.
No Brasil, a CazéTV e a Rede Globo registraram níveis de audiência sem precedentes em suas exibições. No YouTube, o canal do apresentador e streamer Casimiro Miguel estabeleceu um novo recorde para as transmissões de futebol feminino no digital, com mais de 1 milhão de dispositivos conectados durante a partida contra o Panamá.
Uma pesquisa apontada pelo grupo Trivela, mostrou que a copa teve quase 50 milhões de telespectadores na fase de grupos, em contraste com 1,5 bilhão de telespectadores globais da copa masculina.
Recordes
Fora da internet, a Globo também quebrou recordes de audiência na TV aberta. A pesquisa da emissora apontou que com a estreia da seleção feminina na Copa, a emissora teve a maior audiência na faixa desde agosto de 2008, com cerca de 16 pontos no PNT – painel nacional de televisão (1 ponto equivale a 266.083 domicílios ou 717.088 pessoas).
O último jogo da Seleção nesta edição da Copa registrou a maior audiência de uma partida de futebol feminino na TV Globo desde a final da Copa Feminina de 2019, com 17 pontos no PNT. O Sportv também teve seu melhor desempenho do ano, com uma participação de 57% entre os canais de TV por assinatura durante a partida da eliminação do Brasil.
Nas outras partidas, mesmo sem a seleção brasileira em campo, o Sportv atraiu 6,1 milhões de telespectadores, com uma média de 600 mil por jogo. Além disso, a faixa da madrugada (0h às 6h) teve um crescimento impressionante de 200% em comparação com o período anterior ao início da Copa. O mesmo aconteceu na Austrália e Nova Zelândia, que também conquistaram índices altos de telespectadores. O mesmo se aplica à Colômbia, China e EUA, países que atingiram recordes nas transmissões ao vivo.
A Fifa divulgou que seu site recebeu visitas de 22 milhões de usuários únicos nos primeiros 15 dias do torneio, resultando em uma média de 2,4 milhões de visitantes por dia. Esse tráfego já ultrapassou os números registrados durante todo o torneio de 2019.
De acordo com a OptusSport, o torneio também estabeleceu um novo recorde como a Copa do Mundo feminina com a maior presença de público total. Depois do confronto entre EUA e Suécia, 1.367.000 fãs estiveram presentes nos estádios para acompanhar os jogos. O recorde anterior, que era de 1.353.000 espectadores, pertencia à edição de 2015, realizada no Canadá. Essa quantidade é equivalente a lotar o estádio do Maracanã 20 vezes.
O campo é palco
Muito mais do que um torneio esportivo, o campo é o palco onde atletas mostram sua destreza, paixão e determinação. Apesar dos recordes, é inegável que desde sempre a disparidade na audiência entre a Copa do Mundo Masculina e a Feminina é reflexo da desigualdade de gênero presente no mundo do esporte e além. Hoje os números de audiência na Copa do Mundo Feminina sugerem que o progresso em direção à igualdade está em curso.
Grandes redes de televisão, plataformas de streaming e outros meios de comunicação estão investindo mais recursos na cobertura do futebol feminino. Além de atrair espectadores, o investimento dos peixes grandes ajuda a normalizar a ideia de que o esporte de elite não é uma prerrogativa exclusivamente masculina.
No entanto, este é apenas o começo na luta por quebrar barreiras e criar um campo de jogo nivelado para todas as atletas, independentemente do gênero. A responsabilidade da mídia de promover a equidade e o respeito é mais crucial do que nunca.
Entre 50 milhões de telespectadores na copa feminina e 1 bilhão da copa masculina está pautado o drama da desigualdade de gênero. Em 2023, foi dado um passo largo. Toda a movimentação midiática em prol de mostrar o futebol feminino não só aumentou a visibilidade do esporte, mas inspirou uma nova geração de atletas ávidas pela competição. Antes tarde do que mais tarde. É só o começo!