Divulgação do filme Extraordinário

O filme “Extraordinário” é tão extraordinário quanto o livro?

A história promove reflexão sobre como as pessoas tratam os outros ao seu redor.

Gabrielle Ramos 

A resposta é “sim”! O filme e livro tem suas particularidades e utilizam diferentes recursos para contar, de uma forma extraordinária (permita-me o trocadilho), a importância de tratar as pessoas de maneira gentil. Mas antes de explicar o porquê, vamos entender um pouco da temática desse enredo fictício. 

Sobre o enredo

As produções contam a história de August Pullman, mais conhecido como Auggie, um menino de 10 anos que nasceu com uma deformidade genética no rosto. Ao longo de sua infância, ele passou por mais de 25 cirurgias, a fim de facilitar a sua fala e alimentação. Por causa disso, o garoto nunca havia frequentado a escola, apenas recebido aulas de uma professora particular, a sua mãe, que não tinha formação. 

No 5º ano do ensino fundamental, os pais de Auggie decidem mudar essa realidade. Assim, o protagonista ingressa na escola e passa a sofrer preconceito devido à sua aparência. Mesmo tendo dificuldades em se relacionar com as outras crianças, ele não desiste. 

O livro é dividido de acordo com a perspectiva de cada personagem, ou seja, a mesma história é contada de formas diferentes, mostrando como eles lidam com as mais diversas situações. Já no filme, o principal ponto de vista mostrado é o de Auggie, o que faz os telespectadores se projetarem em seu lugar. 

Diferenças entre as produções

Apesar do destaque dado ao personagem principal, os outros também conseguem apontar suas perspectivas, semelhante ao livro. Com exceção do ponto de vista de um: Justin. Contrário a ele, Auggie, Via, Jack Will e Miranda são retratados. 

A aparência da maioria dos personagens é semelhante à descrição da obra escrita. Contudo, mais uma vez, Justin tem parte da sua história alterada. Suas características no filme mostram a tentativa de representatividade da produção, já que esse personagem é negro na produção audiovisual.

Algumas partes da história são omitidas ou contadas em ordem diferente na adaptação. Apesar dessas mudanças, o enredo da história não sofre mudanças bruscas, sendo assim não interferindo na mensagem principal. Dentre alguma dessas mudanças estão:

FILME LIVRO
Durante o 5º ano Auggie está usando o acessório principal do filme: o capacete de astronauta; Auggie deixou de usar seu capacete de astronauta dois anos antes de começar o 5º ano;
Jack Will e Auggie sentam na frente da sala de aula; Jack Will e Auggie sentam no fundo da sala de aula;
Auggie corta a sua trança de padawan na frente da irmã; Auggie corta a sua trança de padawan sem ninguém ver;
Jack Will é o primeiro a sentar com Auggie na hora do almoço; Summer é a primeira a sentar com Auggie na hora do almoço;
Auggie sorri para foto da turma; Auggie não sorri para foto da turma;
Auggie muda a fantasia para o Halloween por causa que a cadela vomitou nela; Auggie muda a fantasia para o Halloween por causa que não tem tempo para vesti-la;
Jack Will vai para a casa de Auggie antes de brigarem; Jack Will só vai para a casa de Auggie depois que eles fazem as pazes;
Auggie vê o pai chorando e fala com ele; Auggie vê o pai chorando e não fala com ele;
Auggie não usa aparelho auditivo; Auggie passa a usar aparelho auditivo a partir de determinado momento da história;

Por último, alguns detalhes acrescentados pelo filme que não estão presentes no livro são: arrependimento de Julian em relação ao bullying que ele cometeu, mudança na construção da história para a briga entre os garotos mais velhos e Auggie, término da tese da mãe Isabel Pulllman.

Livro X Filme: qual é melhor?

No geral, as duas produções são muito parecidas. Apesar do filme usar de recursos como a omissão ou a alteração de partes do enredo, a trama principal não perde a sua essência. Assim, a história de um menino que sofre bullying por causa da sua aparência é mantida. 

Contudo, ao ler o livro é possível imergir no universo dessa narrativa de forma mais completa, pois algumas informações são descritas mais precisamente ou intensamente. No filme ‘Extraordinário”, Auggie não começa a utilizar aparelhos auditivos após começar a estudar na escola. Essa omissão não interfere no foco principal da história, mas deixa de abranger aspectos da vida do personagem principal em lidar com essa situação.

Em contrapartida, é compreensível que, principalmente, por causa do tempo do filme, seja impossível abordar tudo o que está descrito no livro com os mínimos detalhes. Afinal, a duração da tela é muito menor em comparação com a quantidade de páginas escritas. É por isso que a produção audiovisual utiliza da imagem para deixar alguns fatos implícitos, por meio de expressões na face ou ações, sem necessariamente precisar de falas.

O filme aborda lados da história pouco explorados no livro, como a visão dos pais de Auggie sobre a situação. As características dos pais são apresentadas pelos outros narradores do livro, uma vez que o livro não apresenta capítulos dedicados exclusivamente à fala deles. Dessa forma, ao assistir o filme é possível ver diálogos entre os pais que acontecem sem a presença de um telespectador.

Outro ponto positivo da adaptação é o acréscimo de algumas informações, como o término da tese da mãe de Auggie. Isso exemplifica como a mãe deixou de lado seus anseios pessoais para dar a atenção necessária ao filho. Além disso, a mudança do período em que o personagem principal usa o capacete de astronauta também ajuda na trama, pois fica mais evidente a superação do personagem em meio às dificuldades.

 A construção da narrativa da briga no acampamento da escola é diferente entre as duas produções. No livro, essa parte da trama acontece no período da noite e entre alunos mais velhos que estavam fazendo coisas proibidas para aquela idade. No filme, o clímax da história ocorre durante o dia e essas informações sobre os “valentões” não são expostas, o que deixa a aparição deles sem sentido. Possivelmente isso foi feito para manter a classificação do filme para 10 anos, contudo, a adaptação poderia ter acrescentado outra explicação para melhor continuidade da narrativa.

 Por último, o principal ponto de mudança na história é o arrependimento de Julian. No livro “Extraordinário”, este personagem é o principal agressor de Auggie. Já na adaptação, o aspecto vilão do personagem é amenizado ao mostrar o arrependimento dele em uma das cenas. Na escrita, esse lado da história só é mostrado em um livro complementar da trama, “Auggie e eu”. 

 Ensinamento independente do formato 

A mesma história é contada de forma simples e compreensível independente do meio. Isso é positivo pois a mensagem central do enredo, que é “ quando tiver que escolher entre estar certo e ser gentil, escolha ser gentil”, foi passada de forma simples e compreensível tanto no livro quanto no filme. 

Dessa forma, os dois formatos mostraram que as pessoas precisam ser gentis e humanas umas com as outras a todo momento. Mesmo que elas sejam “diferentes”, assim como Auggie era devido a sua aparência, ninguém merece ser tratado com maldade ou crueldade. Ou seja, a obra enfatiza que todos devem se relacionar com respeito e amor. 

Na adaptação, a história termina com o pensamento de Auggie que toda pessoa deveria ser aplaudida de pé pelo menos uma vez na vida. Afinal, todos nós vencemos o mundo. Leia o Extraordinário e assista ao filme tendo a certeza de que as duas experiências valerão muito a pena.

Post Views: 3.450

Related Posts

About author

Related Posts

Tags

Comments

Copyright © 2019 Unasp Engenheiro Coelho