Afinal, como funciona a inflação
- 20 de outubro de 2021
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Muito se fala das quedas e aumentos da inflação, mas é preciso entender esse conceito para buscar soluções.
Isabela Vitória
“Meu Deus! Antigamente eu comprava tudo isso com 100 reais”, é o que mais se ouve entre os corredores e os caixas de mercados. Na fila do açougue então… vish! Queixas de todos os lados. “Como é possível? Não se pode nem mais fazer um churrasco!” diz um dos coitados (no momento, como os mais de 90% de brasileiros que vivem na classe média ou baixa). Mas, o que de fato aconteceu? Por que os preços alavancaram? Quanto valem meus 100 reais? Calma! (ou não), isso são apenas mais alguns reflexos da inflação.
Talvez você tenha escutado pelo rádio, enquanto dirigia, ou pela TV durante seu horário de almoço, algo como: “Bolsonaro diz que inflação vai cair, enquanto o mercado ainda projeta alta” ou talvez “com inflação acelerada o mercado afirma que…”, ou até mesmo, quem sabe, você tenha percebido sozinho que os produtos têm subido de preço nos últimos meses. A inflação realmente não está em seus melhores dias.
De acordo com o site do IBGE, o IPCA (Índice Nacional de Preços do Consumidor Amplo) analisou um aumento de 1,16% na inflação, apenas do mês de setembro deste ano (2021). A meta do ano inteiro, por sua vez, era de 3,75%, com limite máximo de 5,25%, porém as estimativas para até o final de dezembro já estão em 8,5% de alta, de acordo com o relatório de inflação do Banco Central.
“Ok! Estou entendendo que a inflação aumentou, mas porque?”
A resposta é mais simples do que parece! O Brasil passa, no momento, por uma situação de crise, não apenas financeira, mas geral! A falta de água (decorrente da falta de chuvas) causa a falta de energia (por causa do desfalque nas hidrelétricas), que, além dos prejuízos óbvios, também leva ao aumento de taxas nas contas de luz. Essas interferem diretamente na produção em massa dos alimentos, os deixando ainda mais caros. Aliás, nem é preciso ir tão longe. A falta de chuva afeta diretamente o ramo alimentício, já que este depende dela para que possua boa colheita e alimento suficiente para a pecuária.
É um ciclo onde tudo age em torno de tudo. Uma mudança influencia todos os outros aspectos e cada aspecto influencia em uma nova mudança. Se não chove, não tem pasto e precisa-se comprar ração, logo, a produção fica mais cara e a venda também.
Mas esses não são os únicos motivos da alta inflacionária. A pandemia da Covid-19, que deixou instável a vida financeira de muita gente, as dívidas públicas, a desvalorização da moeda, importação e exportação em excesso e até mesmo a comunicação falha do próprio governo, são fatores que influenciam a economia.
Mesmo que assuste olhar o preço da gasolina quando se passa em frente ao posto, já foi pior, acredite! O momento de inflação que vivemos hoje não chega nem perto dos vividos pelos nossos pais e avós nas décadas de 60, 70 e 80, antes do plano real, adotado no ano de 1994.
“A inflação, que finalizou 1994 com 916%, atingiu 22% em 1995. Desde então, mesmo com as várias crises internacionais e internas que prejudicaram a estabilização econômica, o IPCA acumulado em 12 meses passou de 9% em poucas ocasiões”, explica o site do Banco Central.
Como afirma o economista e coordenador do Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Getúlio Vargas, André Braz, em entrevista ao podcast “Isso é Fantástico”, a inflação normalmente tem seus momentos de desvelamento. Mas, quando ele se espalha abrangendo diversos produtos, devemos sim nos preocupar.
Pobres ficam mais pobres
Podemos não estar vivendo em tempos como os que se passaram, mas isso não significa que estamos isentos de grandes males. A população que mais sofre com a alta acelerada do preço dos alimentos é justamente a que menos tem condição de obtê-los em situação favorável. Só em 2020, de acordo com Braz, os produtos alimentícios tiveram em média 20% de aumento no preço. As famílias que já não se davam ao luxo de gastar com momentos de lazer, agora precisam evitar se dar ao luxo de comprar alimentos de cesta básica.
No Brasil a grande desigualdade social influencia em momentos como esse, em que a população de baixa renda têm seus direitos ainda mais prejudicados do que já são. Sendo constantemente desfavorecida com qualquer pequena falha econômica. Imagina então com a inflação transbordando as estatísticas.
Há esperança de melhora
De acordo com o Relatório de inflação, divulgado no site do Banco Central, as metas para os próximos anos são positivas. Para o ano de 2022 a meta de inflação é 3,7%, em 2023 3,2% e em 2024 2,8%. O site também afirma que “as projeções de inflação dependem não apenas dos condicionamentos feitos para as taxas de juros e de câmbio, mas também de um conjunto de pressupostos sobre o comportamento de outras variáveis”, apontando possível divergência nos resultados.
Não é momento de se desesperar, mas também não se deve “jogar as toalhas”. O momento é de conscientização e empatia com aqueles que são mais afetados.