A fuga das Galinhas e o papel de liderança
- 7 de outubro de 2021
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O retrato de uma liderança conjunta em um plano de fuga ensina a não trabalhar sozinho
Franciele Borges
Em território inglês, em 1950, um galinheiro era administrado pela senhora Tweedy, malvada e gananciosa. A meta diária era que todas as galinhas colocassem ovos. As que não conseguiam, eram degoladas e assadas, viravam tortas de frango.
O grupo de galinhas vivia aprisionado por conta que a sua única função era procriar e gerar lucros para a fazenda. Praticamente todas elas estavam conformadas com o seu destino ao chegar no galinheiro. Não tinham perspectiva de que um dia poderiam ser livres. Pensar isso era romantizar a ilusão da liberdade.
Porém, no meio de todas havia uma destemida galinha, a Ginger. Ela entrou no grupo já crescida e não aceitava o fato de estar ali apenas para colocar ovos. E queria a liberdade que idealizou e incentivou suas amigas a pensarem o mesmo através da fuga.
Ser refém de um sistema opressor que visava apenas lucros e não o bem estar de seus empregatícios, não condizia com a forma que Ginger queria trabalhar. Sua reprodução era explorada sem direito a descanso. A produção de ovos deveria ser em massa, pois era apenas no ganho que a chefona pensava.
A esperança de Ginger cresce mais quando um galo voador, o Rocky, cai no celeiro e quebra a asa esquerda. Ele trabalhava em circo animando os espectadores. Era o que ela precisava: aprender a voar para sair do cercado, uma vez que, pelo chão, havia cachorros ferozes na proteção do galinheiro. O fato é: essas galinhas não voam. Mas, finalmente, após inúmeros tentativas fracassadas, as aves conseguem criar um avião usando as habilidades que cada uma possuía e fugir do campo de concentração.
Aplicando para a realidade
O filme pode ser inocente para o público infantil, como o é, porém, tem uma lição a passar para os observadores. É como uma história de duplo sentido, favorecendo a reflexão para uma possível aplicação à vida.
Ginger entende que a vida que ela e suas colegas vivem não é justa. Decide de uma vez por todas liderar o plano de fuga. Embora determinada, ela fracassa em pontos importantes da liderança como ser carismática e emotiva com o grupo. Ser líder não basta ter voz ativa e objetividade. É necessário fazer a fusão entre a técnica e o diálogo. O Rocky, todo galã e seguro do seu papel coach, ensina que todo plano envolvendo uma quantidade de pessoas, precisa de interação entre si. O grupo, a equipe, qualquer setor, necessita de ambientalização e saber quem é quem na parte ativa do projeto. Precisam se conhecer.
Veja, Ginger estava determinada a terminar com a exploração dela e de suas amigas, mas não fez que elas se conhecessem. Tinha vontade, mas não sabia planejar e nem mesmo explicar o plano para as demais. É aí que alguns líderes se perdem, pois sem interação, planejamento e clareza, o grupo se dispersa. Rocky tinha uma bagagem e ensinou os primeiros passos para então chegar na fuga.
A ideia do avião é a junção de dois elementos importantes na liderança: motivação e planejamento. Ginger não tinha isso. E como ela entendeu a necessidade de uma ajuda? Quando Rocky iniciou alguns exercícios “bobos” para as galinhas. Elas jamais conseguiriam pedalar aquele avião se não fosse a sincronia feita no pátio entre prática e entrosamento.
Bons líderes absorvem a opinião de outros líderes, prestam atenção nas deficiências que possuem. Além disso, aceitam a correção e trabalham em conjunto, deixando de lado a autossuficiência que é destrutiva para adicionar virtudes que não possuem. É possível, sim, que visões opostas caminhem juntas de forma paralela ou até sobreposta.