O Show da Luna!: progressivo e brasileiro
- 25 de novembro de 2019
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- Thamires Mattos
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O Show da Luna apresenta a mulher em um contexto diferente ao que normalmente é passado nas programações infantis
Hellen Piris
A série de animação infantil brasileira “O Show da Luna!” possui temática educativa. Ela estreou em outubro de 2014. Com quatro temporadas e episódios de 12 minutos em média, a personagem principal, Luna, é uma menina cientista de seis anos, que, junto a seu irmão mais novo Júpiter e o mascote – um furão chamado Claudio –, vivencia experiências cotidianas muito divertidas. Elas despertam questionamentos nos primeiros minutos dos episódios. Ali, ela faz a pergunta de sempre: “o que está acontecendo aqui?”. A fim de encontrar respostas, os protagonistas utilizam a imaginação e se convertem em diferentes elementos, sejam eles naturais, objetos ou pessoas.
Essa série revela ideias totalmente opostas ao que estamos acostumados a ver em programações infantis. O fato da personagem ser uma menina com uma inclinação à ciência, com capacidade de resolver enigmas até um pouco complexos para sua idade, e não uma mera criança que brinca com a suas bonecas, indica um posicionamento progressista quanto aos papéis atribuídos aos diferentes gêneros. Geralmente, nas programações para crianças, o papel do cientista é protagonizado por uma figura masculina, e a mulher – se é que se contra entre as personagens principais e não é apenas uma figurante – é limitada a ajudar nas descobertas, e não a protagonizá-las. Além de protagonista, Luna é a mente que resolve os questionamentos e encontra as respostas as perguntas que surgem. Outro ponto interessante são cenas de um episódio da primeira temporada no qual o pai de Luna cozinha, enquanto a mãe lê o jornal no sofá da sala. Em outras programações para crianças, a mãe sempre está na cozinha preparando a comida, enquanto o pai realiza qualquer outra atividade. A série quebra estereótipos sexistas, e ensina que todos/as podem e devem fazer parte da preparação dos alimentos.
No entanto, a falta de inclusão racial é um fator negativo e facilmente notado no show. A família da Luna é tipicamente brancos, composta pelo pai, a mãe, o irmãozinho, e a presença esporádica dos avos. As personagens de cor negra quase não aparecem nos episódios, fato que deveria ser revertido, já que, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 53,6% da população brasileira é preta ou parda. Implementar uma política de representatividade aumentaria a identificação de crianças de outras etnias com a série, além de ajudar as brancas a notarem a beleza da pluralidade.