Repúdio, sempre
- 30 de outubro de 2019
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- Thamires Mattos
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A Folha utiliza um discurso democrático e condenador a respeito de qualquer situação em que algum ato ou discurso racista possa prevalecer e ser visto como positivo
Giancarllo Batistoti
A Folha de São Paulo é veículo de comunicação de ponta com sua versão para a internet. O jornal é a favor da democracia e também apoia as liberdades de cada indivíduo. É esperado de veículos modernos e com avanços tecnológicos um avanço no pensamento social, que lute e apoie causas humanitárias ao ir contra a xenofobia, homofobia, racismo, sexismo, entre outros. Para entender melhor como a Folha aborda um desses temas – o racismo -, é importante observar como ele tem sido tratado na atualidade. Por se tratar de eventos recentes, podemos dizer que algumas das últimas notícias do jornal descrevem sua posição.
Em uma de suas matérias, a Folha aborda casos de racismo na Eurocopa. Para mostrar a gravidade do assunto, o texto descreve as atitudes tomadas pelos líderes, punindo os responsáveis por disseminar preconceito. Em apenas um parágrafo, o redator utilizou quatro vezes a palavra “grave”, apresentando um exagero planejado a fim de repudiar o acontecido. Ao ler textos sobre “casos de racismo”, é espera-se encontrar como aconteceu o episódio. Na notícia em questão, isso não é visto.
Outra reportagem interessante é sobre as eleições no Canadá. Ela descreve como o primeiro-ministro Justin Trudeau utilizou um discurso racista para a ascensão de um partido populista de extrema direita. Em um vídeo vazado da década de 1990, vemos que Trudeau pintou o rosto de preto e discursou a favor do chamou de “valores canadenses”. A Folha trata do assunto como algo repudiável e deixou claro que discorda, ao separar o discurso com aspas e afirmar que os “valores canadenses” não são os ideais. A matéria descreve como defender políticas específicas destinadas a limitar a liberdade de expressão de algumas culturas é um atentado à democracia. O jornal também utiliza dados que corroboram com um discurso antirracista.
A Folha utiliza um discurso democrático e condenador a respeito de qualquer situação em que algum ato ou discurso racista possa prevalecer e ser visto como positivo. A utilização de dados e pesquisas nas reportagens buscam desconstruir o racismo como algo normal. Mesmo após deixar clara sua posição, o veículo não descarta a fala dos indivíduos “acusados de racismo”, e lhes oferece oportunidade de fala e explicação de ideias, mesmo que elas sejam antidemocráticas e/ou contra os princípios do jornal.