O problema é ambiental ou político?
- 30 de setembro de 2019
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- Thamires Mattos
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O New York Times não hesita em expressar o seu posicionamento em relação à política brasileira e sua gerência da Floresta Amazônica
Adalie Pritchard e Hellen Piris
O The New York Times se encontra em desacordo com o modo que Bolsonaro lida com as queimadas na Amazônia. O impasse é discutido com grande frequência, enquanto o fogo avança mais e mais na floresta.
“A virgem que tudo pervertido quer”. Foi assim como o presidente do Brasil descreveu o tesouro ambiental da Amazônia. As queimadas na floresta tornaram-se rapidamente uma preocupação mundial, já que, cada vez que é noticiada uma tragédia de grande escala, começamos a refletir sobre as consequências que ela trará a nossa realidade, e, consequentemente, ao nosso futuro.
O New York Times (NYT) é um jornal diário que funciona desde 1851. Ele tem grande influência não só nos Estados Unidos, mas a nível mundial. Quando as queimadas no Brasil começaram, o jornal americano não hesitou em expressar o seu posicionamento em relação à política brasileira e sua gerência. Foram várias as matérias publicadas sobre as queimadas. Na maioria, a pessoa de Bolsonaro era citada, e não necessariamente para noticiar ações realizadas por ele a favor da Amazônia. Fortes críticas foram emitidas pelo jornal, catalogando o chefe de estado como “não ambientalista”. Podemos considerar isso até algo extremista por parte do jornal, mas, após declarações de Bolsonaro, em que ele afirma seu desejo de tornar a Amazônia a “alma econômica” do Brasil, e que “as vastas terras protegidas do Brasil são um obstáculo ao crescimento econômico”, começa a ficar evidente que o meio ambiente não é prioridade para seu governo, e, sim, um impedimento para conseguir “ordem e progresso”.
Além do mais, em meio a este cenário ambiental e político, o New York Times destaca o caso do ex-diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Ricardo Galvão, que foi acusado de “anti-patriótico” pelo presidente, e, mais tarde, exonerado do seu cargo. Isso ocorreu após a divulgação de dados que indicavam, em comparação ao ano passado, um salto de 278% de desmatamento na Floresta Amazônica em julho. Segundo o presidente, os dados eram duvidosos, e “essa não é a postura de um brasileiro, alguém que quer servir a o seu país e está preocupado com os seus negócios”. Mais uma vez, o jornal demonstra a importância da aparência de “tudo sob controle” que Bolsonaro insiste em transmitir aos outros países.
Um texto de opinião do NYT chama atenção por tratar do dilema ambiental com muito respeito ao Brasil, sem “açucarar” a realidade. Explicou que a ajuda do exterior pode ser condescendente ao país ao ser feita de uma forma muito invasiva, e que o Brasil precisa de auxílio não só para extinguir o fogo, mas também para os 30 milhões de brasileiros que moram nessa região. Para eles, é melhor que a floresta esteja em pé. A ajuda deve ser oferecida, portanto, a longo prazo, para que a maior floresta tropical do mundo possa ser corretamente restaurada.
Em outro artigo de opinião publicado pela brasileira Vanessa Barbara, a opinião de muitos brasileiros e da maior parte da sociedade mundial em relação ao Presidente Bolsonaro – que chega a ser chamado de “Donald Trump Brasileiro” – é evidenciada. Por quê será que multidões acreditam que existe uma similitude entre ambos? Os dois carecem de um filtro. Nestes momentos, precisamos de segurança, líderes com visões parecidas às nossas para o bem-estar de todo indivíduo e do planeta. Quando Bolsonaro afirmou que “só os veganos que comem vegetais” se preocupam com o meio ambiente, a sensação provocada ao público é de desconfiança frente às ideologias de nossos líderes políticos. Esse e outros artigos revelam a falta de fé do NYT e seus leitores na capacidade de resolução de problemas do governo brasileiro.