“The control of guns”
- 18 de abril de 2019
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- Thamires Mattos
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A CNN sabe a influência que possui nos Estados Unidos e utiliza seu poder para destacar fatos que outras emissoras não priorizam
Gabriel Buss
Por estar sempre na pauta de governos e de protestos em diversas regiões dos Estados Unidos, o (des)armamento está na mira da imprensa americana. Seja por críticas ou aplausos, as armas estão sempre presentes nas agendas das TVs, rádios, sites e impressos do país. Um fato interessante nos últimos anos na América é o crescimento de dois sentimentos distintos: repulsa e orgulho. Isso explica o porquê de falar sobre armas, algo que gera tanto audiência quanto críticas dentro de um país que se torna cada vez mais dividido.
A imprensa americana é conhecida internacionalmente por sempre demonstrar muito claramente sua linha editorial e defendê-la em todos os cenários. A CNN, o primeiro canal 24 horas de notícias, é um exemplo clássico de posicionamento e produção de conteúdo que justifiquem suas posições. A emissora é tão forte nesse quesito que despertou críticas em 2016 ao ser chamada de Clinton News pelo então candidato à presidência Donald Trump.
Quando se trata de armamento, não é diferente. A CNN sabe a influência que possui nos Estados Unidos e utiliza seu poder para destacar fatos que outras emissoras não priorizam. Assim, eles constroem uma narrativa pró-desarmamento. Uma das pautas mais usadas durante os últimos anos foi o fácil acesso à compra de armas; Em 2013, a TV fez uma reportagem especial demonstrando que, no estado da Geórgia, era possível comprar armas sem identidade e sem preencher qualquer formulário.
Ao contrário de algumas emissoras de TV americanas que não vão atrás de pautas divisórias demais, a CNN sempre traz a polêmica para o centro de seus programas. A emissora foi conhecer a história de escolas no Texas em que professores se mantém armados para cuidar da segurança. A reportagem foi ar em fevereiro desse ano, justamente na época em que Donald Trump estava proposto a oferecer bônus a professores treinados para estarem armados. Entre o relato de como isso funcionava, a reportagem colocava declarações de professores contrários em um debate, assim como as opiniões do xerife Scott Israel, que, na época, “não acreditava que professores precisavam estar armados, acreditava que professores poderiam ensinar”. Isso foi uma mensagem clara contra a declaração do presidente Donald Trump de que, “se professores fossem armados, ataques poderiam ter fim”. Além disso, a CNN transmitiu o depoimento de uma vítima do Massacre na Stoneman Douglas High School que ocorreu em Parkland, na Flórida, onde morreram 17 pessoas. Ele declara que professores armados naquela situação resultariam em ainda mais mortes. Ainda dentro do assunto, o âncora conversou com a Diretora Executiva de Segurança e seguro das escolas públicas de Atlanta, ou seja, tudo durou 7 minutos, apenas para deixar a crítica ao posicionamento de Trump sobre professores armados nas escolas.
As críticas ao modo que Trump fala sobre armas não param por aí. Em abril de 2018, a emissora produziu um micro documentário sobre como o presidente dos EUA planeja armar o mundo com produções americanas. A produção trouxe dados e narrou situações que acontecem no Oriente Médio, mas também informou quanto o governo americano lucra ao introduzir objetos militares em locais de conflitos constantes.
Em suma: fica claro que a CNN é a favor do desarmamento. O que chama atenção é que a emissora sabe que a proibição restrita não vingará tão cedo nos Estados Unidos. Então, o principal assunto que gere as pautas de armamento na redação acaba sendo a discussão sobre o controle das armas de fogo. Resta saber se insistir nessa “tecla” vai, algum dia, alcançar resultados empíricos. Na verdade, um já foi: a insatisfação dos americanos sobre a facilidade de ter uma arma cresce no país a cada ano.