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E viu Deus que todo mundo se corrompe

  • 15 de maio de 2018
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  • Thamires Mattos
  • Posted in Debate
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Todas estruturas de poder apresentam falhas porque são homens que as constroem e mantêm. Todos estão sujeitos às paixões e ao egoísmo. Todo sistema tende à corrupção e se distancia da aplicabilidade justa e íntegra de seus propósitos

Emanuely Miranda

De acordo com o criacionismo, a Bíblia responde ao maior questionamento da humanidade. Séculos após séculos e gerações após gerações, as pessoas se perguntam de onde viemos. A resposta bíblica aponta para um Criador que, com sua voz e mãos no barro, fez tudo acontecer. Criou o homem a Sua imagem e semelhança, dividiu as águas, fez a vegetação se alastrar pela porção seca, entre outros fenômenos que teriam ocorrido a partir de Sua vontade.

E, no final de cada dia, o Criador classificava tudo que havia feito como algo bom. Classificar dessa forma talvez tenha sido um gesto muito modesto, visto que o Jardim do Éden era um paraíso e paraísos são perfeitos.

Os animais não atacavam. As folhas das árvores não desciam ao chão. O homem, mesmo após trabalhar, não se cansava. Não existia dor. Toda natureza estava em incrível harmonia e o sistema de hierarquia fora determinado pelo próprio Criador. “Dominem sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se movem pela terra”, disse a Adão e Eva.

Surgiu então a primeira estrutura de poder sob a face da Terra. Era nosso Gênesis, o princípio de tudo que conhecemos hoje, inclusive daquilo que não é perfeito pois logo os primeiros habitantes da Terra decepcionariam o Criador. Enquanto alguns dizem que, aqui no Brasil, todo mundo rouba desde Cabral, em escala mundial o problema da corrupção vem desde Adão e Eva.

Em uma sociedade composta por apenas dois humanos, a estrutura de poder era simplória se comparada às complexas organizações que temos hoje. Foi determinado que Adão dominaria os animais. Era simples. Fácil de entender e fácil de cumprir. Sua autoridade estava acima de todos os bichos. Em um paraíso recém-nascido, não havia necessidade de algo além disso.

A lei era única.  Adão e Eva não poderiam comer o fruto da árvore proibida. E, mais uma vez, era simples. Fácil de entender e fácil de cumprir. Afinal, em um cenário com pomares intermináveis, essa determinação estava longe de ser um sacrifício.

Todavia, Eva se arriscou a beirar os limites e atrevidamente se aproximou da proibição. Não satisfeita com o grande poder de dominadora a ela conferido, desejou ter e ser mais. E então se corrompeu, pois tomou algo que não era para ser dela. Comeu o fruto e protagonizou a primeira corrupção.

Em seguida vieram outras. A Bíblia ainda relata um caso posterior ao Éden ocorrido no Império Romano. O personagem da vez se chamava Zaqueu e figurava na posição de cobrador de impostos. Entretanto, em seu ofício, angariava mais dinheiro do que devia e desviava o excedente para seu próprio bolso.

Em suntuosos impérios ou em primorosos jardins, houve corrupção. Essa desvirtuosidade assolou repúblicas e monarquias, em todas as eras desde o gênesis contado pela Bíblia.  Constatar esse fato nos encaminha para a conclusão de que as práticas imorais não existem ou deixam de existir de acordo com a estrutura de poder vigente na sociedade em questão.

Trata-se de um desvio de comportamento inerente ao homem. O problema não está na organização na qual ele está inserido, mas sim no que se insere dentro dele. A ambição de Eva foi transmitida aos seus descendentes.

O pior do homem se evidencia quando ele ostenta algum tipo de poder em relação aos demais. A elite dominante sempre se aproveitará da posição ocupada e isso ocorre em todas as estruturas de poder. Até mesmo as organizações que surgem a partir de ideais nobres se corrompem mais cedo ou mais tarde.

O Partido dos Trabalhadores (PT) nasceu em tempos férreos de ditadura militar no Brasil e foi resistência ativa a favor da redemocratização. Com um discurso venerável que zelava por igualdade e liberdade, se tornou a legenda de esquerda mais forte do país. A despeito de sua origem, o PT se corrompeu e se envolveu em escândalos. Isso ocorreu porque ter interesses, privilégios e vantagens faz parte dos mais terríveis desejos humanos.

Alcançar os tais privilégios e vantagens se torna mais exequível quando, em uma posição hierárquica, é possível estar no topo. No caso do Éden, Adão e Eva estavam acima dos animais. Zaqueu, por sua vez, estava acima daqueles a quem cobrava. Finalmente, o PT esteve em posição privilegiada perante o país inteiro.

No Brasil, existem alguns acima da maioria, mas partimos do pressuposto de que há representatividade. Isso significa que foram eleitos para que pudessem representar a população e zelar por nossos direitos. Mais especificamente, vivemos em um sistema de República Presidencialista, ou seja, há um presidente eleito pelos brasileiros que, após iniciar seu mandato, exerce o poder executivo e escolhe seus ministros.

Apesar de chegarem ao poder democraticamente, alguns representantes – de todas as orientações partidárias – tiveram seus nomes ligados a esquemas de corrupção. Mesmo na democracia, tipo de governo considerado ideal, existe desvirtuosidade e os mesmos que são escolhidos pelo povo são aqueles que o apunhalam pelas costas.

Imagine a amplitude dessa situação em governos autoritários que não galgaram ao poder de forma democrática. Nessa situação, o abuso de poder é ainda maior. Esse abuso não é monetariamente calculado. Pode haver roubo de dinheiro, mas acima de tudo a liberdade é roubada.

Todas estruturas de poder apresentam falhas porque são homens que as constroem e mantêm. Estamos todos sujeitos às paixões e aos egoísmos. Mesmo no Jardim do Éden, a maior das perfeições, ocorreu algo imprevisível. Nenhuma organização funciona corretamente. Todo sistema tende à corrupção e se distancia da aplicabilidade justa e íntegra.

Entretanto, o anarquismo não se consagra como solução. A sociedade se concentra e se organiza ao redor de estruturas feito movimento natural e inevitável. Não existiríamos sem governo pois consequentemente nos descentralizaríamos.

Precisamos das estruturas de poder que fomentam a organização e, para isso, determinam uma hierarquia. Reconhecendo a natural corruptibilidade do ser humano, é necessário pensar em formas viáveis de, pelo menos, minorá-la. O monitoramento dos nossos representantes é um artifício conveniente à realidade. Além disso, a seletividade de punições deve dar lugar a uma justiça tão imparcial quanto for possível. Adão e Eva foram expulsos do Éden e Zaqueu devolveu em dobro aquilo que fora roubado. O que desejar então para os corrompidos da contemporaneidade? Lembrando que os corrompidos, dentro de suas respectivas esferas, podemos ser nós mesmos.

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