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Bacurau: se for, vá na paz

  • 12 de maio de 2021
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A valorização irracional do gringo, exposta e dissecada em uma obra do cinema nacional

Bruna Moledo

Que atire a primeira pedra aquele que nunca desvalorizou o cinema brasileiro de alguma forma. Entre filmes e séries de televisão, Hollywood sempre detém os holofotes de maneira pontual. A tendência de escolha entre algo produzido no Brasil e algo produzido no exterior, costuma pender para o lado internacional. Essa é uma das importantes temáticas abordadas na produção cinematográfica, Bacurau. Mas não só isso, o filme produz diversas críticas englobadas por ângulos diferentes, e todas elas afetam o povo brasileiro de modo profundo.

Xenofobia, estereotipação do povo nordestino, facismo e corrupção, são somente alguns dos assuntos tocados de forma sutil e maestral por esse filme vencedor de diversos prêmios. Com uma história intrincada e repleta de analogias, Bacurau é um retrato do povo brasileiro. De suas mazelas, suas origens e sua força. Mostra não só a verdadeira qualidade de uma produção nacional, como também foge de um gênero específico e entrega diversos sentimentos diferentes ao telespectador.

Um por todos e todos por um

Intrigante desde o princípio da trama, o filme traz um ritmo crescente de acontecimentos no mínimo estranhos em uma mistura de ficção científica, mistério e drama. No começo somos apresentados à Teresa (Bárbara Colen), uma antiga moradora da cidade que está de volta para o enterro de sua avó. A ambientação retrata um típico interior nordestino, expondo problemas como a falta de água e um prefeito corrupto. No entanto, quando forasteiros chegam em Bacurau e algumas mortes acontecem, a história toma um caminho completamente diferente do usual.

Um dos pontos mais interessantes é o fato de que o protagonismo da trama não recai sobre um personagem apenas, e sim sobre a comunidade como um todo. De forma genial, os diretores não se preocupam em apresentar cada morador especificamente, mas passamos a conhecê-los conforme os eventos se desenrolam. Bem diferente do povo brasileiro Bacurau é o lar de pessoas que têm orgulho de suas raízes e que não abaixam a cabeça devido à tirania de seus governantes. O modo de contar a história contribui para o sentimento de que a cidade é um organismo conectado, que pensa e age de forma conjunta.

O relacionamento de cooperação dos personagens, demonstra a força que teria um Brasil unido e consciente do valor de suas origens. Enquanto na vida real, o louvor está sempre naquilo que vem do exterior, em Bacurau os moradores estão bem cientes da importância de sua própria história. Essa noção é exemplificada nos diversos momentos em que o museu da cidade é citado com orgulho, quando o simples fato de existir um museu em uma comunidade tão pequena já é incomum.

Quem são os selvagens?

Situada em um futuro não tão distante, a narrativa explora assuntos mais atuais do que nunca. Um dos papéis fundamentais de expor tais aspectos, recai sobre um grupo de americanos inseridos na história. Em determinado momento, dois personagens que representam moradores do sul do Brasil, afirmam serem semelhantes aos estrangeiros, causando risadas no grupo. O desprezo dos sulistas para com os nordestinos, é refletido nos estadunidenses e em seu menosprezo pelos brasileiros.

A cena, além de evidenciar a sensação de superioridade encontrada em certas regiões brasileiras, também demonstra o olhar de muitos estrangeiros em relação ao Brasil. Bacurau deixa claro o preconceito existente entre as próprias regiões, e como isso é refletido de forma aumentada no âmbito internacional. Mas não só isso, o filme também retrata a ânsia de muitos brasileiros em serem como os gringos.

Com inúmeras analogias de tirar o fôlego, Bacurau expressa toda a irracionalidade no pensamento de superioridade de culturas. A obra enaltece o Brasil, e principalmente o nordeste. O objetivo que fica claro a primeiro momento, é relembrar ao povo brasileiro a beleza de suas raízes, a importância da união frente à corrupção e a necessidade da valorização daquilo que é nosso.

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